por Eduardo Mielke*
A crescente e irreversível cultura do consumo de produtos artesanais temperados de experiências. A pauta hoje é o Turismo de Base Comunitária (TBC).
Mais do que Segmento, TBC é tendência. Fruto da interrupta competitividade, a agregação de valor com aquele toque local motiva e fideliza. A tecnologia oportuniza a mudança de gostos e preferências rumo a valorização da essência e do real, em detrimento dosuperficial e do efêmero. Comunidades tradicionais em metrópoles ou no litoral/meio rural, têm a grande chance ver a inclusão através da presença de pessoas de fora, que além do ganho mensurável, possibilitam trazer algo imensurável: A autoestima e o valor de pertencimento dos membros da comunidade com ela mesma. Nada mais justo, nada mais correto. Isto é TBC.
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Considerando a diversidade e riqueza do TBC, pesquisas sugerem que ao final do uso do recurso, menos de 2% dos projetos na América Latina conseguem chegar com algo vendável ao mercado, apresentando ainda, sérios problemas na operação. Ainda que as mídias sociais sejam um importante canal de distribuição, não são suficientes neste ambiente e contexto.
Um dos indícios está na ínfima observância da importância do envolvimento do mercado no desenho de iniciativas de TBC, como estratégia de Política de Turismo. Agências e Operadoras jogam um papel vital neste processo, mas estão chegando atrasadas. Na maioria das vezes, não por conta delas, mas estão sendo contatadas pelos projetos depois que estes terminam, e alguém se dá conta que os turistas não apareceram! Oh, puxa! E agora o que fazer? Empresas do trade de referência conhecem muito bem sobre os conceitos de responsabilidade, sustentabilidade, impactos e público consumidor. Sim, elas existem!
Esta política é necessária por dois motivos. Primeiro, que entre sonho, potencial e realidade, há uma distância enorme. Envolver o trade para verificar com as comunidades o real potencial, vem antes mesmo de escrever o projeto. É vital. Mesmo porque, é através deste debate que ambos poderão melhor decidir se avançam ou não. É deste processo que se identificam também os gargalos e necessidades como os de capacitação, por exemplo. E segundo, se elas se envolvem com o projeto poderão melhor orientar a formatação e organização da oferta ao longo da execução, e principalmente no pós-projeto. É a oportunidade do ambiente ganha-ganha, fazer seu papel trazendo viabilidade.
A construção destas relações deve fazer parte das políticas de execução do projeto propriamente dito. A comunidade aprende fazendo e adquire, além da autonomia, o conhecimento necessário frente aos desafios do mercado. A falta destas é no mínimo irresponsável. Mais do que começar a escrever um projeto, é pensar como ele irá se manter no longo prazo. Tenha em mente que turismo é uma atividade comercial e a realização dos acordos comerciais (bons ou ruins), é de responsabilidade da comunidade. Ainda que estes necessitem de mediação e monitoramento, a decisão final será dela sempre. Isso faz parte do amadurecimento e do aprendizado contínuo. Pense nisso.
Dica de livro: Desenvolvimento Turístico de Base Comunitária: Uma Abordagem Prática e Sustentável.
Eduardo Mielke, Dr.
Desenvolvimento Turístico Responsável
Uerj/Dtur
Sistema Municipal Turístico -SIMTUR
Gestão Pública Inteligente.