Por Bayard Do Coutto Boiteux (Com Edição do DIÁRIO)
Uma das regiões mais emblemáticas do Estado do Rio de Janeiro é o Vale do Café. Além de percorrer cidades pitorescas e cheias de opções culturais e gastronômicas, apresenta um acervo de fazendas históricas que retratam a história do café e do negro escravizado. A visitação das mesmas, que com a decadência da venda do café e do leite se viram obrigadas a encontrar no turismo uma forma de sobrevivência, tem se profissionalizado muito nos últimos anos e investimentos foram realizados num modelo de gestão hoteleira.
Sem nenhum investimento efetivo do governo do Estado do Rio de Janeiro, os proprietários foram buscando de forma individual e com seus próprios recursos soluções para problemas pontuais e iniciativas pioneiras, como o recém inaugurado Museu do Café, em Vassouras e um museu da escravidão, em Rio das Flores. Fora a excelência de uma agricultura sem agrotóxicos e criação de búfalos, em Barra do Pirai. Outra preciosidade são jardins musicais presentes. Enfim, algo que nos leva a uma tomada de consciência de nossa grandiosidade turística.
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Preservale
Cabe aqui uma menção também ao Preservale. Trata-se de um instituto sem fins lucrativos que congrega as fazendas da região pelo trabalho e que colocou em prática nos últimos cinco anos a sinalização de parte das rodovias federais, o lançamento de uma revista para promover a região, cursos e seminários e a constante utilização das redes sociais, para promoção institucional do grande produto turístico. Tais atividades ajudaram a uma recolocação mercadológica do Vale, que já tem no seu festival de música um importante momento de venda. Essas atividades mercadológicas devem ser sempre priorizadas no sentido de tornar o Vale do Café um destino mais procurado.
As fazendas hoje realizam atividades educacionais voltadas não só para crianças dos municípios vizinhos mas para o público em geral , como forma de manter viva a história brasileira e fluminense, assim como descentralizar a oferta turística existente, com novas opções de comercialização de um turismo cultural, responsável e sustentável. Valorizar o patrimônio preservado é uma forma efetiva de contribuir para a manutenção da memória e de entender melhor os rumos que o Brasil tomou.
Retomada
Com a proximidade das eleições, esperamos que os próximos programas de governo sejam de fato voltados para o desenvolvimento turístico, não com as ideias mirabolantes e constantes lançamentos de programas que não acontecem, mas sobretudo com uma proposta de retomada do crescimento da região, através de um plano estadual de aperfeiçoamento do turismo, que inclua postos de informações, sinalização e estratégias de desenvolvimento e promoção, com a interação com a população anfitriã que precisa ser parte do processo de busca de sobrevivência do Turismo.
Não basta acreditar, identificar e discutir o potencial turístico, o que a região necessita já está claro e consta do programa feito por técnicos para maximizar o numero de visitantes; o momento é para que os fazendeiros e outros atores se unam e exijam (como herdeiros de uma parte importante de nosso passado) que Poder Público e Iniciativa Privada tracem caminhos para o futuro próximo…
Bayard Do Coutto Boiteux é vice-presidente da Associação dos Embaixadores de Turismo do RJ (www.embaixadoresdorio.com..br)