Olimpíada 2016: cerimônia tem vaias para Temer e Vanderlei Cordeiro acendendo a pira

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JORNAL DO BRASIL

A cerimônia de abertura dos Jogos Rio 2016 nesta sexta-feira (5), no Maracanã, deixou de cumprir a programação oficial logo no início, quando o nome do presidente interino Michel Temer foi omitido no começo da cerimônia, quebrando o roteiro planejado. Apenas o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, foi apresentado ao público. No final da cerimônia, quando Temer declarou os Jogos abertos, foi fortemente vaiado pelo público. No encerramento, o fim do mistério sobre a pira olímpica: o ex-maratonista Vanderlei Cordeiro a acendeu, após a tocha ter passado pelas mãos do ex-tenista Gustavo Kurten e da ex-jogadora de basquete Hortência, já dentro do Maracanã.

Cerimônia

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A festa no estádio exaltou uma das principais características do Rio de Janeiro: a combinação entre áreas verdes e urbanas. Imagens aéreas mostraram a proximidade desses espaços em um videoclipe com a música Aquele Abraço, cantada por Luiz Melodia, que o público acompanhou nos versos mais famosos.

O cantor Paulinho da Viola emocionou o público com uma interpretação do Hino Nacional em um palco inspirado nas formas do arquiteto Oscar Niemeyer. Ao violão, o cantor foi acompanhado por uma orquestra de cordas. A bandeira do Brasil foi hasteada pelo Comando de Policiamento Ambiental do Rio de Janeiro e 60 bandeiras foram carregadas por 50 atletas iniciantes e estrelas do esporte como Virna, Robson Caetano, Maureen Maggi e Flávio Canto.

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Logo depois, a cerimônia voltou no tempo, ao nascimento das imensas florestas que cobriam o Brasil na chegada dos portugueses. Do começo da vida, a homenagem avança até a formação dos povos indígenas, cuja entrada foi representada por 72 dançarinos das duas grandes agremiações do Festival de Parintins, os Bois Caprichoso e Garantido.

A chegada dos europeus em caravelas, o desembarque forçado dos africanos escravizados e a migração de árabes e orientais ao país foi representada após, com pessoas que descendem de cada um desses grupos.

Grupos de parcour atravessaram o palco e pularam sobre telhados de prédios na parte da cerimônia que destacou a urbanização do Brasil contemporâneo, concentrada em grandes cidades. Ao som do clássico Construção, de Chico Buarque, acrobatas desafiaram as fachadas dos prédios e montaram uma parede, de trás da qual o avião 14 Bis saiu ao som de Samba do Avião, com um ator interpretando o inventor Santos Dumont.

O avião voou pelo Maracanã e a bossa nova continuou a dar o tom da festa com a exaltação das curvas do Rio de Janeiro, que inspiraram Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Oscar Niemeyer e o paisagista Roberto Burle Marx.

Gisele Bündchen interpretou a Garota de Ipanema e desfilou no Maracanã, enquanto Daniel Jobim, neto do maestro, tocava o clássico. Por onde passava, Gisele desenhava curvas que formavam obras de Niemeyer, como a Igreja da Pampulha e a Catedral de Brasília.

Depois de Ipanema, as favelas foram representadas com um show de ritmos como o samba e o funk, que reuniu as cantoras Elza Soares, que interpretou o Canto de Ossanha, e Ludmilla, com o RAP da felicidade ao lado de dançarinos de passinho. O rapper Marcelo D2 e o cantor Zeca Pagodinho simularam um duelo de ritmos, representando a diversidade da música do Rio de Janeiro.

A partir daí, a importância dos negros na cultura brasileira ganhou destaque com as rappers Karol Conka e McSofia, de apenas 12 anos. Manifestações culturais como o maracatu, os bate-bolas e o bumba-meu-boi também dividiram o espaço no palco do Maracanã e o treme-treme, do Pará, foi representado pela Gang do Eletro.

A diversidade era representada no palco em tom de disputa até que a conciliação veio com Jorge Ben Jor e a frase: “Vamos procurar as semelhanças e celebrar as diferenças”. O cantor foi a atração seguinte, com o sucesso País Tropical, dançado por mais de mil bailarinos do baile charme de Madureira, festa tradicional na zona norte do Rio de Janeiro.

Delegações

Na sequência, teve início o desfile das delegações de atletas. Países como Chile, Cuba, França, Estados Unidos, Itália, Jamaica, Japão, México, Palestina, Uruguai e Venezuela receberam muitos aplausos. A equipe de refugiados, com a bandeira olímpica, foi ovacionada.

Mas claro, o ponto forte foi a entrada da deleção brasileira, que levou o público ao delírio, aplaudindo de pé, e que tinha como porta-bandeira Yane Marques, do pentatlo moderno.

Um representante de cada delegação recebia uma semente e um tubete com substrato para semear uma árvore nativa do Brasil. Ao final da entrada das delegações os espelhos onde foram depositados os tubetes semeados se movimentaram no palco, arbustos se abriram formando os aros olímpicos.

Em seguida, o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, e o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, fizeram seus discursos. Após saudar autoridades, atletas e voluntários, Nuzman, emocionado, falou: “O melhor lugar do mundo é aqui, e agora”,numa alusão à música de Gilberto Gil, sendo fortemente aplaudido. Ele destacou que estes eram os primeiros Jogos na América Latina. “Lembrem-se, os filhos do Brasil não fogem à luta.”, “Rio está pronto para fazer história.”

Thomas Bach saudou em português o público: “Boa noite, cariocas, boa noite, Brasil.” Cumprimentou as autoridades, citando o secretário-geral na ONU, Ban Ki Moon e Nuzman, mas não citou o presidente interino Michel Temer. Falou que o momento era muito difícil na história do Brasil, mas destacou que COI confiava nos brasileiros. Bach fez uma saudação especial ao time de refugiados, sendo fortemente aplaudido.

Foi entregue a Láurea Olímpica como reconhecimento de contribuições ao Olimpismo ao atleta queniano Kip Keino, que após deixar de ser atleta criou um centro de treinamento para crianças. Ele falou da importância da educação para a transformação de uma nação. Na ocasião, 200 pipas representaram a pomba da paz.

Vaias para Temer

O presidente interino Michel Temer declarou abertos os Jogos Rio 2016, recebendo uma intensa vaia do público, rapidamente abafada por fogos de artifício.

Imediatamente a Bandeira Olímpica entrou no estádio, carregada por personalidades, atletas e não atletas, que dedicam parte de suas vidas para causas que tenham relação com valores olímpicos.

Marta (medalhista olímpica, futebol), Ellen Gracie (ex-ministro do STF), Sandra ires (medalhista olímpica, vôlei de praia), Oscar Shmidt (basquete), Joaquim Cruz (medalhista olímpico, atleismo), Rosa Celia Pimentel (Pró-Criança Cardíaca), Torben Grael (medalhista olímpico, iatismio) e Emanuel (medalhista olímpico, vôlei) levaram a bandeira. O juramento olímpico em nome dos atletas foi feito pelo iatista Robert Scheidt. Em nome dos treinadores, falou Adriana Santos.

Samba e pira

A festa continuou com 12 baterias de escolas de samba levantando o público no Maracanã. Caetano, Gilberto Gil e Anitta cantaram “Isso aqui, o que é?”, de Ary Barroso.

Ao fim da apresentação, a tocha olímpica entrou no Maracanã nas mãos do ex-tenista Gustavo Kuerten. Após desfilar sob muitos aplausos, ele repassou a tocha à jogadora de basquete Hortência Marcari. A vencedora da medalha de prata com a seleção feminina em 1996 passou a tocha ao ex-maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima, medalha de bronze em Atenas, que acendeu a pira.

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