Com uma carreira marcada pela dedicação e compromisso com o desenvolvimento da hotelaria nacional, Orlando de Souza é uma das personalidades mais respeitadas do setor. Sua trajetória, que transita entre grandes redes internacionais, cargos estratégicos e causas sociais, revela um executivo plural, hoje à frente do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil.
Um paulistano com coração tricolor
Paulistano, Orlando é são-paulino roxo — uma paixão que se estende por gerações. “Meus quatro netos também torcem pelo São Paulo. Isso é muito importante para a manutenção dessa grande torcida da massa tricolor”, brinca.

Primeiros passos na hotelaria: o início no Hilton
A entrada de Orlando de Souza no templo da hospitalidade se deu por acaso, mas com um destino certeiro. “Na verdade, entrei na hotelaria pela área de controladoria na rede Hilton; primeiro no São Paulo Hilton, em seguida no Curaçao Hilton e depois participou da abertura de uma unidade em Contagem, Minas Gerais. Após essa fase inicial, ele decidiu experimentar outros setores — seguros, recursos humanos — antes de retornar à hotelaria com ainda mais bagagem.
Retorno triunfal: Quatro Rodas e a entrada na Accor
O retorno ao setor se deu por meio dos Hotéis Quatro Rodas, quando foi convidado a integrar a equipe no Nordeste. Em Olinda, assumiu o cargo de subgerente do hotel Quatro Rodas, que logo se tornaria um marco: “Era a primeira rede cinco estrelas da região. Tínhamos hotéis em Olinda, Salvador e São Luís”, conta.
A virada aconteceu com a aquisição da rede pela Accor, que buscava implantar a marca Sofitel no Brasil. “Foi nesse momento que a Accor transformou os hotéis Quatro Rodas em Sofitel Quatro Rodas. E eu fui convidado a voltar para São Paulo”, detalha.

Consolidação internacional: de São Paulo a Lisboa
Na Accor, Orlando assumiu a gerência geral do Novotel Morumbi e, posteriormente, foi transferido para Lisboa, onde comandou o Novotel local por cinco anos. O convite para retornar ao Brasil veio de Roland de Bonadona, então executivo da Accor. De volta ao país, ele passou a liderar as operações das marcas midscale do grupo — Mercure, Novotel e Partenon — por 15 anos.
FOHB: liderança e modernização
Em 2016, um novo desafio: Orlando foi convidado a assumir a presidência executiva do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB), entidade que ele ajudara a fundar anos antes. O objetivo era claro: reconfigurar e modernizar a organização.
“Era hora de lutar por uma causa maior: a hotelaria nacional. Não apenas por uma empresa ou rede específica”, afirma. A atuação conjunta com entidades como a Resorts Brasil e a ABIH fortaleceu a representação institucional do setor e impulsionou o desenvolvimento profissional e estrutural da hotelaria no Brasil.

Desafios e tendências para o setor hoteleiro
Orlando enxerga com clareza os desafios que o Brasil ainda enfrenta no campo da hotelaria: “Somos um país continental, mas com uma oferta hoteleira ainda modesta em comparação com mercados maduros como Estados Unidos, Europa ou Ásia”.
A dificuldade de financiamento para novos empreendimentos é um dos principais obstáculos. “O custo do capital no Brasil é alto, e muitos investidores preferem opções mais seguras, como o Tesouro Direto, ao risco de um hotel com margem de lucro baixa”, explica. O modelo dos condotéis surgiu como alternativa, mas ainda está longe de suprir a demanda nacional.


Um novo propósito: causas sociais
Após décadas dedicadas ao setor corporativo, Orlando de Souza decidiu focar em causas sociais. “Depois que deixei de ser executivo de corporação, coloquei para mim que era mais importante trabalhar por causas do que por resultados propriamente ditos.”
Além de sua atuação no FOHB, Orlando integra o conselho comunitário do Instituto da Criança e do Adolescente, ligado à Faculdade de Medicina da USP. A instituição oferece tratamento gratuito a crianças e adolescentes de todo o país com doenças graves, com apoio do SUS e de doações privadas.
“Trabalhar pela hotelaria nacional e por causas como essa me enche de alegria. É gratificante saber que, de alguma forma, posso fazer a diferença”, arremata.