Iniciativa é resultado de parceria com universidades. Paraíso ecológico, o Arquipélago Alcatrazes terá monitoramento da fauna marinha e de parâmetros oceanográficos.
EDIÇÃO DO DT com agências
Localizado aproximadamente 35 km ao sul de São Sebastião (SP), o arquipélago Alcatrazes tem, a partir de agora, o ambiente marinho, a fauna marinha e parâmetros oceanográficos monitorados. O projeto Mar de Alcatrazes é uma iniciativa da Petrobras em convênio com a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e a Fundação de Apoio à Universidade Federal de São Paulo (FapUNIFESP), o Centro de Biologia Marinha da Universidade de São Paulo (CEBIMar/USP) e o Núcleo de Gestão Integrada ICMBio.
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A companhia irá investir, nos próximos três anos, cerca de R$ 3 milhões no projeto. Como explica o gerente setorial da Petrobras, Fernando Almeida, o objetivo é ampliar o conhecimento sobre a biodiversidade marinha local para subsidiar a adoção de medidas para minimizar os impactos das ações humanas sobre os ecossistemas existentes neste conjunto de ilhas.
O arquipélago é protegido por duas unidades de conservação marinhas de proteção integral, a Estação Ecológica (Esec) Tupinambás e o Refúgio de Vida Silvestre (ReVis) do Arquipélago de Alcatrazes. A região é abrigo para diversas espécies, incluindo algumas ameaçadas de extinção. De acordo com o engenheiro de meio ambiente da Petrobras, Thiago Otto, diante da relevância ambiental do local, os estudos científicos são fundamentais para ampliar o conhecimento sobre biodiversidade marinha do arquipélago e para compreender a estrutura e a dinâmica das comunidades biológicas e dos ecossistemas destas unidades.
Projeto Mar de Alcatrazes
O Mar de Alcatrazes iniciou as atividades este ano e deve implementar um programa de monitoramento e detecção precoce de espécies exóticas, assim como avaliar as mudanças espaciais e temporais, quantitativas e qualitativas das comunidades bentônicas – que vivem associadas aos costões rochosos, recifes de corais e fundos arenosos -, e do conjunto de peixes que vivem na região, além de monitorar dados como a temperatura da água, salinidade e alcance da luz solar.
O monitoramento dos peixes é realizado por meio de censos visuais, técnica em que os pesquisadores mergulham com equipamento Scuba e fazem a identificação, contagem e estimativa do tamanho das espécies em uma área pré-estabelecida. Adicionalmente, duas espécies serão estudadas a fundo: a raia-manteiga (Dasyatis hypostigma) e a garoupa-verdadeira (Epinephelus marginatus). Para essa pesquisa, deve ser utilizada a tecnologia de telemetria acústica. Inicialmente, 30 animais de cada espécie serão marcados com os transmissores, que possuem sensores de pressão e temperatura, e que permitem o rastreamento de posições dos indivíduos ao longo do tempo.
Tecnologia de ponta
Segundo o pesquisador Fabio Motta, do Laboratório de Ecologia e Conservação Marinha da UNIFESP, o raio de detecção dos receptores varia de acordo com as condições físicas da água, mas normalmente fica em torno de 700 metros. “O emprego de tecnologia de ponta poderá complementar os dados obtidos através dos estudos subaquáticos”. Assim, torna-se possível avaliar o uso dos habitats por essas espécies, os períodos de atividade e a influência de variáveis ambientais, aprofundando o conhecimento sobre o papel das unidades de conservação na proteção dessas espécies, contribuindo com o mapeamento de áreas e períodos de maior vulnerabilidade dessas espécies.
A iniciativa conta ainda com a participação do Centro de Biologia Marinha da Universidade de São Paulo (CEBIMar/USP), da Universidade Estadual Paulista (UNESP, Campus de Registro e São Vicente) e do Núcleo de Gestão Integrada ICMBio-Alcatrazes. O projeto pode ser acompanhado no Instagram, pelo perfil @mardealcatrazes.