Política e economia pautam cerimônia de abertura da 47ª ABAV e 52º Braztoa

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Principal vitrine do setor de turismo latino-americano, feira de negócios ocupa o Expo Center Norte até esta sexta-feira (27) com 2 mil expositores e com mais de 26 mil pessoas inscritas

 

POR ZAQUEU RODRIGUES

 

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FEIRA – A 47ª Abav Expo Internacional de Turismo e 52º Encontro Comercial Braztoa, maior e mais importante feira de negócios do setor de Turismo e viagens da América Latina, foi inaugurada há pouco no Expo Center Norte, na zona norte da capital paulista.

Antes de apresentação das autoridades, a cerimônia de inauguração combinou dois fatores primordiais para o turismo: a tecnologia e o encanto humano. Com direito a samba de Caetano Veloso e intervenção de dança no palco, a nova diretoria da ABAV trouxe cultura e encanto à abertura do seu celebrado congresso de turismo.

A presidente da ABAV e anfitriã da feira, Magda Nassar, abriu a cerimônia destacando a importância da cadeia de turismo para a economia. “Eu tenho muito orgulho de ser agente de viagem. O turismo é responsável pela geração de 8,7 milhões de empregos no país. As 2.300 empresas associadas à ABV movimentaram 31 bilhões de reais em 2018”.

Magda informou que esta edição chega maior. “Estamos abrindo as portas da feira com a marca de 26 mil inscritos para vivenciar uma programação composta por 2 mil marcas expositoras. Para que essa grandiosa estrutura fosse possível, a ABAV contou com 1.700 profissionais trabalhando nos últimos dias”.

Feira de negócios ocupa o Expo Center Norte até esta sexta-feira (27) com 2 mil expositores e com mais de 26 mil pessoas inscritas. (créditos: divulgação)

Após ler um trecho da carta de despedida de Getúlio Vargas, Magda disse que o país vive, 50 anos depois, um novo momento. “Temos um país democrático. Estamos reconstruindo um novo Brasil, que voltará a ser tropical. O nosso crescimento aguarda a aprovação das reformas políticas, como a lei geral do turismo e de tantas outras. O Ministério do turismo tem sido um grande parceiro neste momento”, considerou a anfitriã.

À frente da ABAV há apenas 100 dias, Magda ressaltou que a feira deste ano abraça todas as formas de amor. “Ela está melhor e  mais inclusiva”. E lembrou que é a primeira mulher a ocupar o cargo. “A nossa hora chegou tarde, mas chegou. Agradeço aqui todas as mulheres que protagonizam as lideranças da ABAV nos estados do país”.

Um dos destaques desta edição do evento, prosseguiu Magda, é a ampla e diversificada programação de conteúdo oferecida pelo programa Vila do Saber, que apresenta cinco arenas de palestras, a Arena Digital, Arena Gestão, Arena Mercado, Arena Tecnologia e Arena Transformação, que abordarão diferentes temas do setor nos três dias de feira.

“A 47ª ABAV e 52º Braztoa irá capacitar mais de 5 mil pessoas nas arenas da Vila do Saber”, prevê Magda, que agradeceu o estado de São Paulo por abraçar o evento e se tornar co-anfitrião da edição deste ano.

Magda concluiu a sua fala compartilhando uma lição que disse ter aprendido nos primeiros 100 dias como presidente da ABAV. “O ego e o desejo de poder precisam ser menores do que a vontade de fazer o bem. Com esta frase, declaro aberta a ABAV de todas as formas de amor”.

A diversidade destacada nas falas da anfitriã rapidamente cedeu espaço para o tom político que inspirou a maioria dos discursos diante de uma plateia formada por autoridades, empresários e profissionais da cadeira do turismo.

“Hoje, as questões mais relevantes relacionadas ao turimo enroscam em regulamentações. Os impostos e juros atrapalham muito; precisamos ter mais liberdade para trabalhar”, considerou o secretário estadual de turismo de São Paulo Vinicius Lummertz na cerimônia inaugural.

Lummertz lembrou a importância da aprovação das reformas políticas. “Eu sempre falo: primeiro vem a política, depois a estratégia. Por isso é que eu insisto nas reformas. A reforma trabalhista, por exemplo, foi muito importante para o setor de turismo. O Brasil está atrasado. Temos muita dificuldade para tratar de temas superados há muito pelos demais países, como abrir marinas, parques nacionais e parques aquáticos. Não podemos perder tempo”.

Lummertz afirmou que o desenvolvimento do país é uma questão moral e citou como exemplo a modernização do centro histórico de São Paulo. “As discussões que travam essa modernização são absurdas. Para resolvermos os nossos problemas do século 21, precisamos desamarrar os nossos pensamentos dos séculos 19 e 20″.

Durante a sua fala, o recém-eleito presidente da Braztoa, Roberto Haro Nedelcio, declarou que o momento é ideal para se aproximar dos clientes unindo tecnologia e criatividade. “Nós, agentes de viagens, somos realizadores de sonhos. Diante desses novos ventos que sopram o turismo, precisamos nos reinventar para superar os desafios”.

O tom político que prevaleceu na cerimônia inaugural encontrou seu auge nas falas enfáticas do presidente da Embratur Gilson Machado, que abriu seu discurso afirmando que o turismo é o setor que mais leva notícias boas ao presidente Bolsonaro, numa resposta às especulações de que a pasta poderá ser extinta ou enfraquecida.

Gilson disse que governo federal, Embratur e Ministério do Turismo nunca estiveram tão próximos. “O presidente quer que vocês, do trade, ganhem muito dinheiro. Hoje temos um terreno fértil para empresários brasileiros e internacionais”, avisou ele, que elogiou o discurso feito ontem pelo presidente Bolsonaro no plenário da ONU. “Foi antológico”, considerou.

Gilson também falou sobre as medidas que estão em andamento para fomentar a entrada de turistas estrangeiros no Brasil. “Queremos que o visto Americano para os chineses valha para o Brasil também”, adiantou ele. De acordo com sua ideia, ao tirar o visto para entrar nos Estados Unidos, os chineses ficam, automaticamente, autorizados a entrar no Brasil.

Empatia, capacitação e tecnologia. A combinação desses três fatores é o motor para o desenvolvimento do turismo e a geração de empregos, disse o Presidente da Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados, o deputado federal Newton Cardoso Jr, que citou alguns projetos aguardados pelo setor para serem aprovados, como a Lei Geral do Turismo, a Legalização de Cassinos no país e a Transformação da Embratur em agência para divulgar melhor o país.

“A legalização dos jogos é algo fundamental para o Brasil, que deverá receber muito em tributos. Esse dinheiro poderia até ser investido na transformação da Embratur numa agência, com orçamento próprio”, ressaltou o deputado na cerimônia. Ele ainda adiantou que, em breve, será apresentado um projeto para ampliar as zonas francas, as chamadas Cancun brasileiras, para outras regiões. “Uma das possibilidades é Lenções Maranhenses”.

Uma das presenças mais aguardadas pela plateia que lotou o grande auditório Santana, do Expo Center Norte, o Ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio rechaçou, logo no início da sua fala, a extinção do ministério ou sua fusão junto à pasta do meio ambiente. “A informação é falaciosa. Tanto Bolsonaro quanto Paulo Guedes me garantiram, pelo whatsapp, que não há nenhum projeto nesse sentido”, disse o ministro.

“A informação é falaciosa. Tanto Bolsonaro quanto Paulo Guedes me garantiram, pelo whatsapp, que não há nenhum projeto nesse sentido”, disse o ministro. (créditos: divulgação)

Diante das cobranças das pautas que podem destravar setor, Marcelo afirmou que o trade é fundamental para nortear a atuação do ministério, lembrando que estão encaminhadas as reformas da previdência, a tributária e a da liberdade econômica. “O Brasil vive um novo momento. O presidente Bolsonaro está determinado a melhorar o ambiente de negócios e o turismo pode e deve estar no centro da agenda econômic do país”, avisou.

O Ministro anunciou que pretender melhorar a infraestrutura brasileira, principalmente seus modais de transportes, hoje entre os principais entraves para o desenvolvimento do turismo em muitas regiões do país. “Fui conhecer o Jalapão, no Tocantins. Lá, só se chega de jipe. Há um potencial, mas precisa melhorar o acesso. Outro exemplo é a Serra da Capivara, que hoje recebe 20 mil visitantes por ano mesmo com potencial para receber 5 milhões. A conta dessas regiões é assim: falta voo porque falta hotel e falta hotel porque falta voo. Estanhamos alinhando isso”.

A fala do ministro também mirou o turismo rodoviário e portuário. A ideia da pasta, disse Marcelo, é impulsionar o turismo rodoviário por meio do programa Investe Turismo e construir 30 terminais confortáveis como aeroportos, o que, segundo ele, aumentará em 40 milhões o número de viajantes por ano. “Hoje temos 60 milhões de viajantes”. Sobre a estrutura portuária, ele diss que a ideia é construir mais 7 portos ao longo da costa brasileira. “O primeiro deles, em Camboriú, já em fase de licenciamento. A hora do turismo chegou, agora vamos trabalhar”, finalizou.

Serviço

A 47ª ABAV e 52º Braztoa acontece de 25 a 27 de setembro no Expo Center Norte, das 12h às 20h

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