É inevitável não nos impressionar com o Parque Estadual de Vila Velha, considerado o principal atrativo natural de Ponta Grossa
Por Paulo Atzingen (de Curitiba)*
Ponta Grossa não é destino da moda e provavelmente seus líderes, representantes públicos e classe empresarial nem queiram que se torne. Isso porque este pedaço de chão, encravado na região central do estado do Paraná teve bênçãos tão variadas e vocações tão bem resolvidas que vários segmentos da economia deram certo por aqui: agricultura, pecuária, agrobusiness, indústria, comércio, serviços e agora, o turismo retoma seu fôlego de forma organizada. Ponta Grossa e a região de Campos Gerais parecem que estão fora do mapa econômico do Brasil.
É evidente que dos ventos da recessão que sopram no Brasil inteiro bate por aqui uma ou outra brisa, mas ela é espetacularmente leve. Só o parque industrial de Ponta Grossa – a quarta maior cidade do estado – possui mais de 120 indústrias instaladas, gerando mais de 10 mil empregos diretos e 200 mil indiretos. Segundo o IPC Marketing Editora, em 2016, só Ponta Grossa contava com 40.052 empresas distribuídas em 6.683 indústrias, 18.285 no setor de serviços, 227 na área de agrobusiness e 14.807 na área de comércio. O PIB da cidade em 2016 foi de R$ 11,6 bilhões, segundo o Ipardes – Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico.
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Coração e Alma
Se Ponta Grossa é o coração, termômetro financeiro das cidades dos Campos Gerais (cerca de 27), os municípios vizinhos, Castro e Carambeí são a alma, quando lá encontramos a história tanto dos tropeiros, quando dos holandeses, personagens épicos desta região. (acompanhe reportagens das duas cidades do DT em publicação posterior).
“Nossos atrativos não são potenciais, estão além disso, pois temos hotéis, infraestrutura, vias de acesso e uma gente acolhedora”, afirma Elizabeth Schimidt, presidente da Fundação Municipal de Turismo de Ponta Grossa, a Fumtur.
Museu de esculturas
A cidade guarda em si uma contradição, positiva, diga-se de antemão. Ao mesmo tempo que preserva seu passado já que tem uma das mais conservadas áreas geológicas do país, o Parque Estadual de Vila Velha, por outro, não caiu na armadilha conhecida da zona de conforto e foi buscar outras divisas. Por mais que nos impressione a economia e a forma como o equilíbrio das finanças se dá por aqui – com a diversificada fontes de renda citadas acima – é inevitável não nos impressionar com o Parque de Vila Velha, considerado o principal atrativo natural de Ponta Grossa. É um museu de esculturas a céu aberto e seu artista principal, o tempo, sempre está lá, disposto a receber os visitantes.
Patrimônio Histórico e Artístico
Com áreas claramente recuperadas e conservadas, o parque por sua beleza paisagística e importância científica e geológica, foi tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná nos idos de 1966.
O conjunto de torres de arenito parece a interrupção de um continente que vinha se formando a milhões de anos. Cada torre nos catapulta para um enigma, cada formação geológica, com seus 30 metros de altura, nos endereça para épocas em que a terra não tinha fronteiras e uma ilha imensa – chamada Gondwana – era cercada de mares por todos os lados. “Cada vez que venho aqui me surpreendo com alguma coisa nova”, conta o guia de turismo Murici Leal.
O esculpir
A erosão e intempéries climáticas foram as espátulas usadas para esculpir o conjunto rochoso de arenitos. A passarela bem cuidada é ornamentada por grandes paredes – de rocha, de vegetais fossilizados, de tempo? – não é possível precisar.
Camelos, anjos, galinhas, cavalos alados vão se sucedendo enquanto o guia Murici conta a lenda de Itacueretaba “A cidade extinta de pedras”.
Chegamos à apoteose. A taça está ao final da trilha atrás de outras estruturas ruiniformes. Ela surge como um presente a quem caminhou até aqui.
O parque fica a 28 quilômetros do centro de Ponta Grossa, tem mais de três mil hectares e diversas atrações, entre elas os Arenitos, Furnas e a Lagoa Dourada. Recebe, em média 70 mil visitantes por ano.
Edital
O parque é bem conservado, no entanto seu gerente estadual, Juarez Baskoski, nos adianta que ele será entregue à iniciativa privada em 2018. “O parque recebe 80 mil visitantes por ano. No entanto seus custos de manutenção são altos “, afirma Baskoski.
“Está sendo feita uma chamada pública pelo governo do estado do Paraná e já estamos nos trabalhos finais de estudos finais para o processo de concessão”, afirma ao DIÁRIO.
Convênio
Por outro lado, a Prefeitura de Ponta Grossa e o Governo do Paraná estão firmando um convênio para a exploração do uso e do atendimento ao público do parque. O município irá fornecer pessoal qualificado para o atendimento ao público, como monitores e guias turísticos. “Já estou com as pessoas prontas para iniciar os trabalhos (são 13 profissionais), aguardo apenas a assinatura do convênio, afirma Elizabeth Schmidt, presidente da Fundação Municipal de Turismo de Ponta Grossa.
Talvez seja essa equação equilibrada entre passado preservado, economia diversificada e cuidado com o bem público que fará o Brasil retornar aos trilhos. O exemplo está dado.
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SERVIÇO: PARQUE ESTADUAL DE VILA VELHA
Localização: BR-376 (km 515) – Ponta Grossa – Paraná.
Abre para o público: sextas, sábados e domingos das 8h30 às 17h30, com entrada permitida até 15h30, mediante a contratação do guia de turismo. Segundas, quartas e quintas, com agendamento pelo e-mail.
Ingressos: R$ 10 para Arenitos e R$ 8 para Lagoa Dourada e Furnas.
Meia entrada para estudantes brasileiros mediante apresentação de carteirinha, funcionário público, doadores de sangue e moradores de Ponta Grossa com apresentação de comprovante de residência. Menores de 6 anos e acima de 60 não pagam.
E-mail: pevilavelha@iap.pr.gov.br
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* O jornalista Paulo Atzingen viajou ao Paraná convidado pelo município de Ponta Grossa com seguro GTA