Guia local apresenta os atrativos e restrições da Praia do Sancho e da Baía dos Porcos, além de explicar as taxas que mantêm Fernando de Noronha entre os destinos mais bem conservados do Brasil.
por Paulo Atzingen, de Fernando de Noronha (Texto, fotos e vídeos)*
Uma experiência estruturada na Praia do Sancho
É a segunda vez que venho a Fernando de Noronha esta esmeralda em forma de ilha que se ergue no oceano brasileiro. Há dez anos visitei a Praia do Sancho. Considerada a praia mais bonita do mundo em pesquisas de opinião, este pedaço de areia e mar puros combina natureza preservada e controle rigoroso de visitação. O acesso exige pouco preparo físico, mas um pouco de elasticidade para descer a escadinha de estrutura metálica e em fibra de vidro que levam até a faixa de areia.
Lucas Antônio Alves da Silva, o guia condutor da NoronhaTur há mais de uma década em Noronha, relata que, com o aumento do turismo, o ICMBio (Instituto Chico Mendes) implementou horários de descida e subida para evitar aglomerações na estreita fenda de acesso. “Agora está tudo organizado, sem confusão”, destaca. A presença do ICMBio na ilha é notada não pelas placas indicando o cuidado que se deve ter com a natureza, mas pelo resultado desse trabalho de conscientização. A Praia do Sancho é a mesma como há 10 anos atrás. Não há construções de qualquer tipo, não há vestígios da nossa presença ali, não há plásticos, não há latas, não há lixo. Só a natureza.
Menos peixes visíveis
Embora a paisagem permaneça praticamente intacta, ele aponta um impacto discreto na fauna marinha: “Hoje há menos peixes visíveis, talvez por conta do aumento das embarcações e da presença constante de visitantes”. Ainda assim, destaca que a vegetação e as formações geológicas seguem bem cuidadas e monitoradas.
Os cerca de 90 minutos que permanecemos na praia do Sancho foi possível fazer snorkel, caminhar, pegar jacaré e fotografar.
Baía dos Porcos: beleza vigiada
Menor e mais intimista, a Baía dos Porcos impressiona pela coloração das águas e pelo cenário rochoso, outra pérola.
Hoje, o acesso é restrito à maré baixa. Quando o mar sobe, o ICMBio interdita o local devido ao risco de queda de falésias. “É uma questão de segurança, já que você anda colado ao paredão. Com a maré baixa, há uma faixa de areia que funciona como rota de fuga, caso ocorra algum deslizamento”, explica o guia.
Além disso, o uso de capacete é obrigatório — item fornecido gratuitamente pelo ICMBio. Há também um controle de fluxo: são disponibilizados 100 capacetes, e quem chega após esse limite precisa aguardar a devolução por outros visitantes para acessar a praia.
Taxas que sustentam a preservação
Fernando de Noronha opera sob um modelo de turismo controlado, dividido em duas áreas de conservação: a Área de Proteção Ambiental (APA), que abrange 30% da ilha, e o Parque Nacional Marinho, responsável pelos 70% restantes.
A primeira taxa paga ao desembarcar é a de Preservação Ambiental (TPA), com valor diário de R$ 101,33 por pessoa. Já o acesso ao Parque Nacional Marinho — onde estão a Praia do Sancho e a Baía dos Porcos — requer ingresso específico: R$ 192 para brasileiros e R$ 384 para estrangeiros, com validade de 10 dias, conforme atualização em vigor desde 1º de novembro de 2025.
Lucas reforça que os recursos arrecadados têm impacto direto na infraestrutura: “A trilha virou deck, a escada foi modernizada, tudo com investimento dessas taxas. A diferença em dez anos é enorme”, diz.
Número de Turistas
Fernando de Noronha Registra Crescimento de 10,6% em Visitantes no Primeiro Semestre de 2025, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Pernambuco (ABIH-PE). Entre janeiro e junho, o arquipélago recebeu 62.966 turistas, um aumento significativo de 10,6% em comparação com o mesmo período de 2024, que contou com 56.948 visitantes.
A concessionária Econoronha gerencia o acesso aos atrativos do Parque e tem os números de ingressos vendidos. Dentre os visitantes, destacam-se turistas vindos principalmente de estados como São Paulo, Pernambuco, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná. A ilha também atraiu viajantes de 111 países, com predominância para a Itália, Estados Unidos, Argentina, França e Alemanha.
Ao todo, 131.503 pessoas visitaram Noronha em 2024. O número de visitantes manteve-se dentro do limite acordado com o Supremo Tribunal Federal e o Estado de Pernambuco, que estipularam 132 mil visitantes anuais.
Confira os números de visitantes do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha ao longo dos últimos cinco anos no link: parnanoronha.com.br/transparencia
Azul
Opera com regularidade a rota entre Recife (REC) e Fernando de Noronha (FEN), com dois voos diários.
GOL
Retomou a operação para Fernando de Noronha a partir de 1º de abril de 2025, com voos diretos entre Recife (REC) e Noronha, e pela primeira vez também de São Paulo/Guarulhos (GRU) para Noronha.
LATAM
Iniciou operações diretas entre São Paulo (GRU) e Fernando de Noronha, com cinco frequências semanais — segundas, quartas, quintas, sextas e domingos — com duração de aproximadamente 3h50.
*O jornalista viajou convidado pela Associação de Pousadas de Fernando de Noronha (APFN)
