Por ser a semana do meu aniversário, e porque, aos pouquinhos vamos saindo do confinamento, viajamos para o norte. Fui conhecer melhor o Minho, onde estive antes uma única vez em viagem ligeira. Estou encantando. Porém hoje não falo da viagem, deixo para uma outra oportunidade. Falarei dos meus presentes. Nunca ganhei tantos. Quanto carinho, quanta consideração comigo. Explico:
Porque vou lançar um livro, Santos e Sardinhas, Lisboa em crônicas, meu primeiro livro, a Benita, amiga nossa, contadora de histórias, disse que leria uma no dia do lançamento. A Iêda, você já conhece, gosta de fazer saraus – tertúlias –, está sempre propondo formas, provocando os amigos, inventando motivos. Algumas vezes acontecem. Pensamos em reunir algumas pessoas em casa para o lançamento; faríamos uma tertúlia. Mas o Novo Coronavírus exige cuidados. Em Lisboa os agrupamentos estão restritos ao máximo de 10 pessoas, e muita gente ainda não se sente confortável para estar num tipo assim de encontro. O lançamento terá que ser virtual.
Escrevo sobre o dia a dia, sobre coisas sem importância, minhas experiências mais comezinhas, pensamentos soltos. Fotografias. Compartilho no blog e aqui. Dou e recebo nessa troca. As plataformas digitais permitem uma relação direta e instantânea com quem lê; que é efêmera. No livro, pretendo, é diferente. O conjunto de recortes, antes soltos, agora conta uma história; a minha história em Lisboa e a história desse dias em confinamento que nos habituaram à vida virtual.
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A oferta da Benita, o gosto por tertúlias da Iêda e a repentina familiaridade com as conexões on-line, tudo junto e misturado durante o banho, geraram frutos. Pensei num canal no YouTube onde as pessoas pudessem gravar vídeos lendo as crônicas que escrevi, uma tertúlia virtual para comemorar o lançamento do livro. E já não há a restrição de lugar, participa quem quer, esteja onde estiver.
Vários amigos corresponderam. Primeiro a Iêda, ela, a maior responsável por tudo isso, criou o canal, projetou o livro, criticou as crônicas, leu uma que escrevi por ela, depois foi a vez da Júlia mandar o vídeo, então o Zeluiz, o Vizinho, a Andréa, a Marcinha, a Juliana, a Déa, o Bob, a Bethânia, o Pasquale, a Ayla, a Isabella, o Gilmar, a Nilma, o Thadeu e o Ângelo. Muitos mais disseram que vão gravar. A lista vai crescer. Quero mesmo que seja imensa.
Sem perceber, o canal no YouTube vai ganhando vida própria e um sentido que extrapola o livro. A cada vídeo, uma nova obra, maior na voz de quem lê a crônica. Até o texto, às vezes, parece outro, não o meu. Ouço a melodia, é diferente daquela que ouvi quando escrevi. As palavras são as mesmas, mas descubro novos sabores e sentimentos outros. Os períodos longos, marcados por tantas orações, ganham inflexões diferentes das minhas, ampliam o que foi escrito. Parece tão óbvio que seja assim e eu não sabia. Epifania. Estou maravilhado, encantado com as interpretações; são presentes que ganho, jóias únicas. Puro arrebatamento.
Quero compartilhar essa descoberta com toda a gente. O canal está aberto. Vai lá quem quer. E, para o caso de você querer, deixo aqui o link, é só clicar. Nalgum momento, lá adiante, algumas crônicas serão repetidas, lidas mais de uma vez por pessoas diferentes. Não tem problema. O mesmo texto pode contar histórias diferentes, varia conforme quem lê e quem ouve. Quanto mais vozes melhor. Mais possibilidades. E a cada novo vídeo que chega, mais feliz eu fico. Só posso agradecer aos amigos por tanto carinho e por tamanha consideração comigo.
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A foto é da Ponte Romana, que tem dois mil anos. O rio é o Lima. O Sol? O Sol não sei quantos anos tem. São bastantes mais. E todos os dias ele se encontra com a ponte e com o rio em Ponte de Lima.
*Osvaldo reside em Lisboa e escreve para os blogs: Flerte, sobre lugares e pessoas e Se conselho fosse bom…, sobre vida corporativa e carreira. Atuou por 25 anos no mercado de informações para marketing e risco de crédito, tendo sido presidente, diretor comercial e diretor de operações da Equifax do Brasil. Foi empresário, sócio das empresas mapaBRASIL, Braspop Corretora e Motirô e co-realizador do DMC Latam – Data Management Conference. Foi diretor da DAMA do Brasil e do Instituto Brasileiro de Database Marketing – IDBM e conselheiro da Associação Brasileira de Marketing Direto – ABEMD, dos Doutores da Alegria e, na Fecomercio SP, membro do Conselho de Criatividade e Inovação.