Os turistas alemães nos Estados Unidos vem perdendo força, revelando uma mudança de comportamento que vai além das preferências de viagem.
A retração de visitantes reflete um cenário onde política, segurança e percepções sociais interferem diretamente nas decisões dos viajantes. Dados recentes mostram que o número de turistas vindos da Alemanha caiu de forma significativa em 2024, apontando para um esfriamento nas relações entre os dois países. As informações são da Folhapress e agências internacionais.
Turistas alemães nos EUA em queda acentuada
Em fevereiro deste ano, o número de turistas alemães nos Estados Unidos caiu 8,5% em comparação com o mesmo período de 2023, segundo dados do Departamento de Comércio americano. Embora a Alemanha ainda figure entre os principais emissores de visitantes para o país, foi ultrapassada por nações como o Brasil, que teve alta de 4,4% no período. A Alemanha, agora na oitava posição, viu seu tradicional interesse pelo destino norte-americano ser substituído por um cenário de dúvidas e precauções.
As razões para essa mudança são diversas. O Ministério das Relações Exteriores da Alemanha atualizou seus alertas de viagem aos EUA, indicando que mesmo com visto em mãos, o ingresso no país não está garantido — a decisão final cabe aos agentes de fronteira. Também foram incluídas orientações específicas para pessoas transgênero, devido às limitações nos sistemas de imigração dos EUA.
Declarações de Trump aumentaram o desconforto
Casos de detenção de cidadãos alemães nos EUA vêm ganhando espaço na imprensa, alimentando o receio entre potenciais viajantes. Um engenheiro com residência legal, por exemplo, foi hospitalizado após ser detido e interrogado em um retorno ao país. Episódios como esse têm colaborado para a percepção de insegurança e imprevisibilidade, afastando turistas.
Além disso, políticas e declarações do governo Trump aumentaram o desconforto. Algumas agências alemãs especializadas em viagens aos EUA relataram queda de demanda desde a posse do republicano. Esse movimento ocorre em paralelo a uma crescente rejeição à cultura e aos produtos americanos na Europa, refletida em boicotes e incidentes como o incêndio de veículos da Tesla na Itália.
Uma pesquisa do Instituto Allensbach reforça esse distanciamento: 82% dos alemães percebem um afastamento entre Europa e EUA, e mais da metade diz sentir medo de Donald Trump. A tensão política crescente afeta diretamente o turismo e desafia a conexão histórica entre as duas nações.