Em épocas de pânico, quem deveria assumir o leme da situação? Quem deveria estar dizendo o que os municípios deveriam fazer? MTUR?? OS C&VB? ABAV? ABEOC? ABIH? BRAZTOA? Se você sempre se fez esta pergunta, nada como uma pandemia para nos ajudar a esclarecer os fatos e quem sabe olhar para o futuro de maneira mais clara, certo? Este texto vai para aqueles inquietos …e outros mais… Então, vamos lá!
por EDUARDO MIELKE*
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Nosso objetivo é ajudar gestores públicos e técnicos para colocar sua Cidade no Mapa do Mercado Turístico e de Eventos. Se já acessou outros textos, obrigado mais uma vez pela confiança. Se gostou, compartilhe e curta. Toda semana tem um novo texto.
Mesmo gerando milhões de empregos. Mesmo gerando bilhões de reais em divisas e impostos. Mesmo o Turismo estando sempre na ponta da língua dos políticos. E mesmo com aquele blábláblá, de ter potencial e tal , o Turismo segue sendo o primo-pobre da administração Pública! E hoje, dado os resultados do impacto do Covid-19, há um clamor para que alguém assuma as rédeas da DESASTROSA-COLETIVA-DO-NINGUÉM-SABE-ONDE-VAI-PARAR crise. Então, quem deveria assumir o leme?? Quem deveria dar o norte ao Setor Turístico no Brasil??
A resposta a esta pergunta é bem PERO-NO-MUCHO simples. É preciso entender o cenário pelo qual o turismo, politicamente e institucionalmente está (des) organizado. E aqui fiz um pequeno apanhado do cenário, para que você entenda…
Do lado do Poder Público: Turismo é uma atividade comercial. E os GOVERNOS, AINDA INSISTEM EM QUERER ASSUMIR PAPEL DE MERCADO, incentivando Municípios e Estados a desenvolverem rotas, roteiros, folders, (que são ações típicas de mercado), especificamente das Operadoras Turísticas. Em outras palavras, o Poder Público desempenha funções erradas, que por falta de uma correta Política Pública de Turismo, perde o foco. E com isso têm uma visão míope do problema, até mesmo do que ele deveria realmente fazer.
Do lado das Políticas de Turismo: Devido ao notório O INSUCESSO DA DESCENTRALIZAÇÃO DA GESTÃO DO TURISMO, o MTUR não conta com uma capilaridade do processo de tomada de decisão, como a saúde tem um SUS. Como resultado, tanto o fluxo de informações no sentido CENTRO-PERIFERIA e vice-versa, simplesmente não funciona. Com isso, é difícil que as Políticas de Turismo, com elas estão, ajudem a nos dar uma boa referência dos impactos da crise.
Do lado dos Municípios: Para citar um aspecto, a vasta maioria deles NÃO CONTA COM ESTRUTURA COMERCIAL, como agências de receptivo, que são os grandes responsáveis por alavancar negócios para a hotelaria local, bem como eventos. Em outras palavras, sem a base correta, os Municípios não darão resposta imediata ao problema.
Do lado das Secretarias Municipais de Turismo: Muitos Secretários de Turismo já foram exonerados, à luz das eleições 2020. E os que irão ficar, sabem que é final de mandato. Ponto. Sem falar que em orçamento…
Do lado do 3o Setor, de nível nacional/estadual: Pressionados por suas respectivas bases, as entidades que representam as diversas partes que compõem oferta turística, irão defender seus interesses corporativos, o que é normal e esperado. E não necessariamente (e muito pouco provável) irão conseguir olhar da mesma forma ao conjunto do problema. A bandeira segmentada que defendem e as circunstâncias, não propiciam esta abordagem mais sistêmica, e sim pontual.
Diante do cenário exposto, pensar em uma liderança dentro de um contexto Nacional ou mesmo Estadual, quase que não faz nem muito sentido. Esta braquicefalia turística brasileira é resultado direto da própria construção do processo político e institucional, pelo qual as Políticas de Turismo foram pensadas e idealizadas. E não hora agora, de tentar reverter esta situação. Esta super fragmentação em todos os níveis é o atual legado político do Turismo brasileiro, e que certamente espelha na ponta, a dificuldade da cooperação e do trabalho tripartite nos Municípios.
Esta braquicefalia turística brasileira é resultado direto da própria construção do processo político e institucional, pelo qual as Políticas de Turismo foram pensadas e idealizadas.
E aí, fazer o quê?
Veja. Liderança não é imposta. Ela deve vir naturalmente, e a solução para esta crise vem do empreendedorismo das instituições locais e daquilo que a maioria das consultorias internacionais pedem neste momento: RESILIÊNCIA+COOPERAÇÃO+INFORMAÇÃO.
Portanto, seja esta liderança!! Não espere nada de alguém que não foi desenhado/organizado/preparado para te ajudar. É chover no molhado. Sabe aquela história do pense globalmente, mas haja localmente? Pois bem!!! Se você é dirigente do C&VB ou do COMTUR ou a Associação Comercial, o seu momento é agora. Não perca esta possibilidade. Se o momento é de união, seja o fator agregador. Seja a convergência. Olhe para as boas práticas de quem está tentando de forma criativa mitigar o problema, da mesma forma que deve olhar para sua comunidade e para seus pares. Pense nisso.
Para mais detalhes, dúvidas ou esclarecimentos? Escreva. Curta a fanpage @politicadeturismo ou escreva para emielke@kau.edu.sa
Obrigado pela confiança.
Para quem não me conhece, meu nome é Eduardo Mielke. Desde 2004, meu trabalho é ajudar você que é gestor Público ou representa uma associação de turismo ou COMTUR. Os textos são para auxiliar/orientar também, aqueles Governos que buscam usar de forma mais inteligente os recursos disponíveis através da cooperação. O que importa mesmo, é a geração de emprego e renda local. O resto é conversa fiada.
Palestras, Workshops e treinamentos? Escreva para emielke@kau.edu.sa
Eduardo Mielke é doutor em Turismo pela Universidade de Málaga (Esp) e especializou-se em Política e Gestão do Turismo para Municípios se tornando referência no assunto. Atualmente trabalha para o Governo Saudita na Universidade do Rei Abdulaziz onde gerencia o escritório de pesquisa aplicada e negócios turísticos. Escreve para o DIÁRIO DO TURISMO desde 2018 e em seu blog www.politicadeturismo.blog.