Desenvolvendo uma espiritualidade pascal

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por Wanderley Mattos Jr*

Ontem (12 de abril), na tradição cristã, (e desde o dia 8, indo até o 16 deste mês, na tradição judaica) comemorou-se a Páscoa. Independentemente de ter ou não uma religião, ou de qual seja,  a simbologia e os ensinamentos da Páscoa são uma maneira, no mínimo, interessantes para lidar com esse momento turbulento e estranho pelo qual o mundo passa. Passa… Passagem… Páscoa. Esse é o significado da palavra hebraica: passagem. O povo hebreu vivia debaixo de uma dura escravidão do Egito e Moisés é chamado por Deus para libertar o povo e levá-lo, rumo à liberdade, na Terra Prometida. Assim, um dos significados da páscoa é a passagem da escravidão para a liberdade. Na tradição cristã, Jesus é crucificado e morto na época dessa mesma celebração. Ao ressuscitar no domingo de Páscoa, inaugura um novo tempo. Para aqueles que o seguiam, a tristeza, a dor e a desesperança que sua morte lhes causou é superada em sua ressurreição, gerando esperança, alegria e vitória da passagem da morte, em todos os aspectos, para a vida, em toda a sua potencialidade.

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Para os cristãos em geral, crer na ressurreição de Cristo é o que dá sentido à sua fé, mostrando que a morte não é o fim de tudo, não é mais forte que a vida.

Temos sido bombardeados e cercados pela morte ultimamente. Como uma calculadora enlouquecida, os noticiários anunciam os números crescentes de contaminados e mortos em todo o mundo. Pessoas chorando a perda de seus entes queridos, pessoas chorando suas perdas financeiras, a paralisação dos mercados, em particular do mercado do turismo, que enfrenta uma situação jamais imaginada. Morte de sonhos, morte de perspectivas, morte financeira. A páscoa aponta para o fato de que a morte não pode ser detida pela vida. O Jesus ressuscitado renova a alegria e a esperança em um novo projeto de vida no coração dos discípulos amedrontados e confusos. E assim, eles passaram da desesperança, para a esperança; do desassossego para a paz; da incerteza para a confiança; da morte para a vida!

Nesses tempos confusos e incertos, proponho desenvolver uma espiritualidade pascal

Nesses tempos confusos e incertos, proponho desenvolver uma espiritualidade pascal, que se imbui de toda a possibilidade de confrontar, resistir, enfrentar, enfim, de passar de um estado de desesperança e morte para um estado de esperança e vida. A páscoa judaica e a cristã oferecem exemplos dessa passagem que podem ressignificar esse momento em sua vida, em sua empresa, em seu trabalho ou, até mesmo, na falta dele. Quer em suas dívidas ou em suas dúvidas, o melhor caminho a ser tomado é o da passagem, de mover-se em direção à renovação, de trazer para dentro de si a esperança, de abrir as janelas para a criatividade, de abrir as portas para a entrada de novas ideias, de abrir a mente para outras possibilidades. Enfim, de transcender os projetos de morte e deixar-se levar para a renovação da vida resiliente, criativa, transformada e transformadora.

Não consigo dimensionar os desafios que, como indústria do turismo enfrenta e enfrentará.  Também não posso dimensionar os desafios e reações que você como trabalhador, gestor, empreendedor ou, principalmente, como indivíduo, como pessoa, como ser humano, está enfrentando e enfrentará. Como li esta semana em um dos muitos posts que circulam pelas redes sociais, estamos em muitos barcos diferentes mas todos num mesmo mar revolto. No meio dessa tempestade, desejo que sua interioridade ouça uma voz de esperança que diz: “Paz! Apesar do medo, simplesmente prossiga porque você não está só”.

Que a espiritualidade pascal, da passagem da escravidão para a liberdade, e da morte para a vida, da desesperança para a confiança, tragam serenidade, resiliência e esperança para prosseguir e renovar-se, dia a dia.


WANDERLEY MATTOS JÚNIOR – ESPIRITUALIDADE E TURISMO
Wanderley é formado em Tradução Simultânea de Conferências pela PUC-SP, e também bacharel em Administração de Empresas/Comércio Exterior e Teologia, tendo já atuado  nas áreas de ensino e liderança, e eventualmente como fotógrafo free-lance para alguns projetos do DIÁRIO DO TURISMO. É tradutor e intérprete em diversas áreas do conhecimento.

 

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