Resorts Brasil têm perspectiva de aumento de demanda e capacidade de gestão estratégica via associação de fatores que compõem as particularidades de cada resort filiado
Por: Cecília Fazzini (Com Edição do DIÁRIO)
As impressões sobre os rumos a serem tomados pelo segmento foram extraídas da “VI JORNADA Resorts Brasil”, evento realizado na capital paulista, nesta terça-feira (24), pela Resorts Brasil (ABR – Associação Brasileira de Resorts). O evento aconteceu no hotel Tívoli Mofarrej.
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Na oportunidade, associados da entidade – que hoje reúne em seu quadro 68 resorts, correspondente a cerca de 80% do universo dessa modalidade de hospedagem – participaram de painéis que detalharam dados do setor. Também tiveram acesso a conteúdo relacionado a temas pontuais para a condução dos negócios, como o uso adequado da Inteligência Artificial e seu papel como ferramenta comercial e a aplicação sistemática da política de ESG nas áreas de Vendas, Marketing e RM.
Marcelo Picka Van Roey, Presidente do Conselho da Resorts Brasil explica que o aumento de receita não se origina, obrigatoriamente, da elevação de tarifa, mas de se atingir o ponto de equilíbrio entre aspectos diversos como volume, questões de cada praça, grau de dependência do transporte aéreo entre outros pontos que refletem na ocupação. “A inteligência desse mix é que vai determinar a evolução dos negócios”, sintetiza.
Outro movimento a animar o conjunto de resorts no País é retomada, ainda que lenta, das chegadas de turistas internacionais aos níveis anteriores à pandemia. Nesse sentido a parceria com a Embratur na promoção do destino e produtos do Brasil é, para o dirigente, uma luz no final do túnel. Segundo ele, os voos vindos do exterior ainda não voltaram aos patamares de anos anteriores e também praticam tarifas ainda elevadas. Contudo, há o entendimento de que o Turismo é uma área transversal porque repercute, nos moldes de cadeia produtiva, para outros segmentos, e esse potencial é a base da integração de ações.
Investir em nova experiência do hóspede amplia acolhida e receita
A aposta na experiência do hóspede é a chave do novo momento, no entender de Daniel Bressan, Diretor de Rentabilidade, RM & Distribuição da Resorts Brasil e executivo do Grupo Wish. Além do fator surpresa, a soma de atividades extras ofertadas também é geradora de receita suplementar. Ele também reconhece a eficácia da troca de dados que a VI JORNADA Resorts Brasil promoveu e frisa a importância da cooperação até mesmo entre empreendimentos concorrentes, além do entendimento de como melhor utilizar os dados e tornar as informações acessíveis e úteis a cada um dos setores dos hotéis. “O que ocorre neste sentido não é uma competição e sim uma co-petição”, considera.
Daniela Rocco, da diretoria da Resort Brasil e Diretora Comercial e Marketing do Costão do Santinho, em Santa Catarina, acentua que a forma de disponibilizar cada tipo de informação para as áreas específicas do resort é o desafio. “A jornada mostra o grau de dificuldade e os pontos em comum dos resorts”, frisa. Além da riqueza de detalhes estratégicos, de acordo com o entendimento de Rocco, para a hospedagem de lazer e corporativa,
Não a mais impostos, luta em comum
Um dos pontos nevrálgicos com que se depara o setor é a Reforma Tributária, que tramita na esfera legislativa. Nesse sentido, o dirigente da entidade considera que a reivindicação para que não ocorra maior oneração fiscal sobre a atividade é uma luta conjunta do Turismo nacional e não uma bandeira isolada do segmento. Reiterou que qualquer elevação na carga tributária seria fatal para a atividade econômica, inviabilizando seguramente a operação dos resorts em solo brasileiro. “Todos os setores econômicos estão buscando se isentar de uma eventual avalanche de impostos, com o turismo e a hotelaria não é diferente”, acentua Marcelo Roey.
Qualificar interação com ajuda da Inteligência Artificial
Em que medida o bom uso da Inteligência Artificial (IA) pode ajudar a equipe interna e em mais vendas? A tese foi defendida, em conjunto, durante a VI JORNADA Resorts Brasil, por Felipe Bogéa (FGV) e Pedro Loes (Guide121), que associou o uso da tecnologia de ponta ao chat GPT.
A IA é, no entender de Felipe Bogéa, capaz de disponibilizar recursos para uma interação mais qualificada para o time do resort e fornecer filtros a respeito do perfil, hábitos e preferências do hóspede ou prospects. Além de refletir em melhor interpretação do público-alvo, também permite tornar mais transparente e persuasiva a abordagem ao cliente. A associação com o chat GPT, na opinião do especialista, gera diferencial competitivo, apesar de demandar gente minimamente capacitada para a operação.
Pedro Loes, da Guide 121, ressaltou as novas soluções que se destinam a tarefas específicas dentro do resort. Falou da necessidade de um olhar mais cuidadoso para o uso da IA, como a montagem de roteiros, de forma que se conectada com outras ferramentas impedem de se tratar o assunto com o que ele chamou de alucinações. Salientou que os dados dos clientes precisam ter origem atestada, com qualidade e integridade, para não distorcer os resultados, apesar da validação, acentuada por ele, da avançada tecnologia.
Território de responsabilidade social e ambiental.
Relevância
Com um time de apresentadores que reuniu nomes como Isis Batista (Tauá), Ana Paula (Arbache), Cassio Garkalns (GKS), Juliana Bettini (Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID) o painel ESG: como a área de Vendas, Marketing e RM está inserida neste processo, ganhou relevância no evento.
Cada um dos participantes defendeu o bem maior que a sustentabilidade e a inovação na gestão representam para o segmento. Destacaram a criação este ano do Comitê ESG no conjunto de ações da Resort Brasil e a necessidade de se buscar as boas práticas relacionadas ao tema que o mercado disponibiliza.
O entendimento de que ESG é conduta e não certificação foi igualmente salientada, além de recursos que circulam no contexto dos investimentos internacionais voltados a projetos inovadores no campo ambiental.
A repercussão do turismo regenerativo, com o hóspede identificando e valorizando os meios de hospedagem que são responsáveis socialmente e ambientalmente. E o interesse crescente do viajante em deixar a marca positiva de sua passagem pelo destino.
Pesquisa revela relevância do turismo responsável
Dados relevantes do Relatório Booking.com 2022 integraram o painel. Esse estudo dá conta de que 81% dos turistas mundiais consideram viajar de forma sustentável. E 71% dos viajantes optam por destinos sustentáveis para visitar nos próximos 12 meses e 59% querem contribuir para deixar a localidade destino melhor quando retornarem à sua origem. O universo pesquisado pela Booking é composta por 30 mil viajantes em 32 diferentes países.