Max Weber sugeriu que o verdadeiro ser político deveria possuir ao menos três qualidades essenciais: combinar a paixão por uma causa, o sentimento de responsabilidade e o senso de proporção
por Mário Beni*
Tendemos a julgar os outros, dizendo que estão agindo mal e que esses têm culpa de muitas situações que nos afetam e revoltam. No entanto, emitir opiniões sobre os demais pode “esconder” algumas de nossas próprias fraquezas e frustrações. O comportamento reincidente que acaba se tornando um mau hábito de julgar e criticar é, com frequência, uma reação ao sentimento de receber uma crítica. Quando tentamos agradar a todos ficamos infelizes; e, ao mesmo tempo que o sofrimento do fato seja inerente ao ser humano, existem medidas paliativas que facilitam nosso caminho. Uma delas é aprender a desvincular a crítica da nossa pessoa, compreender que quem critica uma decisão ou opinião nossa não está nos criticando como pessoa. Vivo essa realidade diuturnamente no meio acadêmico, onde tenho estimados colegas que divergem de minhas opiniões políticas, embora sempre nos respeitando mutuamente. no momento em que revelamos algo no âmbito social, profissional ou até doméstico, ou das relações interpessoais, ficamos expostos. Por isso, precisamos aprender a encarar a crítica, pois assim seremos capazes de nos expressar livremente, sem medo, inclusive diante de quem pensa diferente de nós.
Max Weber sugeriu que o verdadeiro ser político deveria possuir ao menos três qualidades essenciais: precisaria combinar a paixão por uma causa, o sentimento de responsabilidade e o senso de proporção. Poderia ter uma dessas qualidades em maior dose, mas não poderia deixar de ter as três. Com elas, entre outras coisas, haveria como controlar a vaidade, o desejo de permanecer sempre no primeiro plano, e dar devido peso a missão política propriamente dita.
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Bons políticos existem e continuarão existir sempre. O que falta é que eles se reúnam, se articulem, se imponham nos espaços do legislativo e do executivo, e em todas as instituições e dialoguem abertamente com a sociedade
A sugestão é útil para que se discuta, por exemplo, a conduta de parlamentares e governantes, seu maior, ou menor sucesso, seu estilo de liderança, as razões que os fazem mais eficientes ou dependentes na representação política e na gestão e lhes dão maior capacidade pedagógica de interagir democraticamente com as massas. Vivi intensamente essa conjuntura, quando nasci, meu pai já era parlamentar!
E o foi por nove mandatos! Muito jovem, segui seus passos e almejei permanecer nessa escola, experimentei o elixir da glória e do poder por dois mandatos e também a decepção e o sabor acerbo da derrota pela sanha dos vendilhões do voto, os tempos já eram outros e o reconhecimento dos serviços prestados ao bem comum já não eram mais valorizados…Escolhi a docência e a carreira acadêmica!
Bons políticos existem e continuarão existir sempre. O que falta é que eles se reúnam, se articulem, se imponham nos espaços do legislativo e do executivo, e em todas as instituições e dialoguem abertamente com a sociedade. Sem a paixão que promova a entrega a uma causa e sem um sentido superior de responsabilidade pública, os políticos são atraídos mais pelo brilho do que pela realidade do poder; e terminam por usufruir o poder pelo poder, sem cumprirem suas funções constitucionais. Precisamos romper com isso.
*Mario Beni, doutor em Ciências da Comunicação, livre docente em Turismo pela ECA-USP