Ricardo Magalhães foi moldado logo na infância ao trabalho. Natural de Bambuí (MG), terra por excelência agricultora, tinha vergonha de pedir dinheiro ao pai, então, usou a terra e seus frutos como aliados:
“Montei um tabuleiro, enganchei no pescoço e sai vendendo na rua milho, banana mandioca. Isso me dava um dinheirinho, inclusive pra namorar”, recorda o hoteleiro.
Magalhães gostava de conta e aos 17 anos começou trabalhar em um escritório de contabilidade e logo arrumou um emprego em um posto de gasolina – as margens de uma rodovia mineira (a BR 381); o nome do posto tinha algo a ver com as mudanças da vida e das voltas que o mundo dá: Girassol.
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Nesse posto passava boi, passava boiada e Ricardo foi descoberto por um fazendeiro muito rico chamado Murilo Carlos Paiva Carvalho que lhe contratou para contar o gado e os pés de café da grande fazenda mineira:
“Eram 2 mil cabeças de gado, 1,5 milhão de pés de café e 8 mil litros de leite por dia”, lembra Ricardo. De contador, de tanto fazer conta, em um ano virou gerente da fazenda onde ficou por quatro anos.
A hoteleira saga começa
Este mesmo patrão, vendo as qualidades de Magalhães, o convidou – nos idos de 1981 – a tomar conta do setor administrativo financeiro do hotel Estrada Real – na rodovia dos Inconfidentes, no quilômetro 81, em Ouro Preto (MG). “Assim comecei minha trajetória na hotelaria”, conta.
“Fiquei 12 anos nesse hotel, de 1981 a 1992, que foi comprado posteriormente pelo Sesc de Minas Gerais e hoje é conhecido como Estalagem de Minas Gerais do Sesc (ou Sesc Pousada Ouro Preto)”, informa Ricardo. Lembra o hoteleiro que nesse período ele, e sua esposa Elza, aprenderam todas os princípios da excelência hoteleira, desde etiqueta e postura a protocolo e cerimonial. “A vida foi nos moldando”, relembra.
Paixão à primeira vista
Em 1994, após trabalhar dois anos no hotel Ipê Amarelo, Magalhães conheceu Guararema, no interior de São Paulo e uma pousada com o nome Vale do Sonho. “Achei o lugar paradisíaco, ao lado do rio Paraíba. Gostei da cidade, das pessoas e fui muito bem recebido. Arrendei o local, que possuía onze chalés, um pequeno restaurante e duas piscinas. Me afeiçoei ao local e os três anos primeiros que passei me incentivaram a comprá-lo”, lembra. No entanto, ele acrescenta que o mal relacionamento que tinha com o antigo proprietário fez ele desistir do negócio.
“Era um alemão muito intransigente”, diz com aquele tom de problema superado.
“Ia comprar um hotel em Campos do Jordão, ou Penedo, já que juntaria as minhas economias com as de uma tia que tinha um dinheirinho”, confidencia Ricardo.
Um hóspede
Triste pelo fim de seu ciclo em Guararema, Ricardo resolve passear às margens do Rio Paraíba para se despedir da propriedade que tanto gostava. Um hóspede que pescava junto a um barranco o chamou para uma prosa. “Este hóspede não sei como sabia que o hotel estava a venda (menos para mim) e me fez uma pergunta inacreditável”:
“Se eu comprar o hotel no meu nome, você toca a operação?”, disse-me segurando a vara de pescar. Magalhães não acreditava no que acabara de ouvir, parecia um sonho entrando em sua realidade. “É claro que eu aceitei”!, comemora Ricardo.
Não é por acaso, que depois de 12 anos (de 1997 a 2019), o empreendimento de Guararema ficou mais moderno, foi reformado, ampliado e Ricardo imprimiu seu estilo de administrar e gerenciar. E manteve o mesmo nome acrescentando o termo “Summit” para se adaptar aos novos tempos e sonhos que virão por aí: Summit Hotel Vale dos Sonho & Eventos.