Via árvores à margem das rodovias e lamentava as suas condenações perenes. Brotariam, cresceriam, floririam e dariam frutos ali, em um mesmo lugar. E por estarem à beira da estrada seus frutos apodreceriam, ninguém os colheria. Pensava nas pessoas que eram assim também e passaram suas vidas plantadas em um casa, em um pensamento fixo e nunca viajaram, nem em palavras, nem em imaginação. Com o sol mais baixo olhava para as longas nuvens que o tapavam e, como um filtro, acompanhava os raios em grandes feixes que faziam brilhar os canaviais distantes, como holofotes. Era uma visão colossal em que se fundiam as planícies alaranjadas de canaviais já colhidos e um céu avermelhado pronto para receber o betume da noite. (Paulo Atzingen – Trecho da Crônica de Viagem ‘João Batista e Jack Kerouac’, no site www.atzingen.com.br)
RIO SOUL CONNECTION – 21 SETEMBRO – À margem das rodovias
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