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Rita Minami: as coletivas ficarão sem sua elegância e perguntas desconcertantes

O que posso falar da amiga Rita Minami que partiu no último sábado (15) para uma conexão estelar?

por Paulo Atzingen*

Uma amiga multifacetada, às vezes incompreendida, muitas vezes polêmica, mas sempre disposta, pronta a ajudar alguém ou alguma causa. E a criticar. Sim, a capacidade que Rita tinha em aglutinar era proporcional ao seu estilo metralhadora giratória, contestadora de tudo e de todos. Ela pecava sempre pelo excesso e por isso destacava-se.

Destacava-se por sua elegância,  sempre nos trinks nas coletivas de imprensa, e sobressaia-se por suas perguntas desconcertantes, às vezes constrangedoras a qualquer um que tivesse no pedestal. E constrangedoras também aos colegas jornalistas.

Sim, Rita não escondia suas preferências políticas o que restringia sua amplitude de análise da coisa pública, mas ao menos ela era original, talvez por sua ingenuidade, talvez por sua franqueza, talvez por sua decepções pessoais, aliás, quem não as tem? Mas Rita era a Rita. Um pouco mulher fatal,  um pouco infantil, mas a Rita.

Para mim, Rita era a nossa dom Quixote de saias. Defendia o “Turismo” sem defini-lo exatamente no contexto da macroeconomia, sem compreender a sua complexidade além das selfies e das paisagens, mas não tinha dúvidas em sua fala. Era errática, mas cria em seus moinhos até o fim. Gostava dela por isso. Por sua loucura, por suas invenções,  por me tratar pelo nome, por não se importar com suas limitações e enfrentar autoridades com seu jeito natural ao se expressar.

Fui testemunha ocular de seu lado quixotesco. Gostava tanto de bichos que adotou um camaleão como animal doméstico e criou-o por muitos anos.  Chamava-o pelo nome:  Jonny. 

Rita, para mim era o nosso dom Quixote de saias. Ela combatia os moinhos de vento sem saber ao certo se eram os moinhos os inimigos. Mas combatia, com a coragem de uma garota. 

Antes de se enveredar pelo jornalismo de viagens e turismo foi comissária de bordo, na Varig, dizia aos amigos.  As coletivas de imprensa perdem o brilho com a partida de Rita Minami. Amigos mais próximos contam que foi encontrada morta em casa pela vizinha e a causa ainda não foi divulgada. Seu velório e enterro acontecerá em Maringá, cidade de seus familiares. 

Vá em paz minha amiga.
Termino esse breve obituário com os versos de Chico, que sempre cantava ao encontrar Rita:

“A Rita levou meu sorriso
No sorriso dela
Meu assunto…”


*Paulo Atzingen é jornalista e fundador do DIÁRIO DO TURISMO

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