O setor aéreo brasileiro registrou 776 denúncias de falhas ou irregularidades operacionais em 2024, conforme relatório da ouvidoria da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O número equivale a uma média de mais de duas ocorrências diárias ao longo do ano e representa apenas os casos que se converteram em processos oficiais. Com informações da Folhapress
As falhas relacionadas à manutenção de aeronaves lideram o levantamento, com 217 registros, seguidas por problemas em pousos ou decolagens, que somaram 140 ocorrências. Situações como voos rasantes e manobras arriscadas também chamam a atenção, acumulando 90 denúncias. Outras irregularidades incluem operações em aeródromos, transporte clandestino de passageiros e voos considerados irregulares.
Vale destacar que as denúncias registradas pela Anac não se confundem com as reclamações usuais de passageiros, como atrasos ou cancelamentos. As ocorrências envolvem questões operacionais, reportadas por pilotos, comissários, equipes de manutenção, pessoal de oficinas aeronáuticas, ex-funcionários e, em alguns casos, até mesmo por passageiros.
Das 1.545 denúncias recebidas pela ouvidoria da Anac em 2024, cerca de 50% foram consideradas pertinentes e convertidas em processos oficiais para investigação de causas e responsabilidades.
Acidentes e fatalidades
De acordo com o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão vinculado ao Ministério da Aeronáutica, o ano de 2024 registrou 175 acidentes com aeronaves, dos quais 44 resultaram em mortes, totalizando 152 vítimas fatais. O acidente mais trágico aconteceu em 9 de agosto, em Vinhedo (SP), quando o voo 2283 da Voepass, que operava a rota entre Cascavel (PR) e Guarulhos (SP), caiu, provocando a morte de 62 pessoas.
Em comparação com anos anteriores, houve um aumento significativo de acidentes e fatalidades. Em 2023, foram registrados 155 acidentes, com 30 vítimas fatais. Já em 2022, o número de acidentes foi de 138, com 36 mortes.
A Anac suspendeu as operações da Voepass em 11 de março de 2024, até que a empresa comprove a correção de problemas relacionados aos sistemas de gestão previstos em regulamentos. O órgão afirmou que o relatório ainda está em fase de minuta e será levado ao Congresso e ao Tribunal de Contas da União (TCU).
LEIA TAMBÉM:
CEO da Azul pede desculpas por falhas e reafirma compromisso com clientes