Na Rota do Cacau, na região da Transamazônica, nossa primeira parada foi no sítio Ascurra, no município de Medicilândia, a 70 km de Altamira. O sítio fica a 4 quilômetros da rodovia.
Por Paulo Atzingen, de Medicilândia (PA)*
Fomos recebidos pela família de Belmiro Faes para um almoço especialmente preparado por sua filha, Sarah Faes. Antes caminhamos pela propriedade para conhecer a produção de cacau. É maravilhoso! Os frutos pendem dos pés prontos para a colheita do meio do ano. Parece até que nos esperavam para esse espetáculo. Segundo Belmiro, a colheita do cacau acontece duas vezes ao ano. A primeira, chamada de temporão, acontece entre os meses de maio e setembro. A outra, considerada a principal, geralmente ocorre entre outubro e dezembro.
Veja também as mais lidas do DT
Sob a sombra de uma árvore plantada por Belmiro, ele nos relata parte de sua saga em desbravar a Transamazônica no início da década de 1970. As lutas para chegar às glebas demarcadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) são semelhantes aos seus pares que saíram do Vale do Itajaí (SC) em busca de uma vida melhor no norte do Brasil. “Chegar a uma terra sem ninguém e ter apenas a força do braço e a mão de Deus a nosso favor é…” Nesse instante Belmiro engole seco as palavras, soluça, e uma lágrima mistura-se ao suor do rosto do agricultor.
Sua filha Sarah, toma a palavra e diz que as amêndoas de cacau são exploradas de forma ecologicamente correta, economicamente viável e socialmente justa.
“Nosso cacau transforma-se em um chocolate Tree-to-bar, ou em outras palavras, plantamos, colhemos, fermentamos, secamos, beneficiamos e transformamos nosso cacau em barras de chocolate fino, tudo de forma sustentável”, enumera Sarah.
Ela acrescenta que a produção de cacau em 6 anos cresceu exponencialmente. “Saímos de 32 quilos de produção de chocolate fino por mês e hoje temos a capacidade de produzir até uma tonelada neste mesmo período”, quantifica.
A propriedade possui 47 mil pés de cacau distribuídos em 92 hectares de terras plantadas onde também se cultiva o açaí e frutíferas da Amazônia, como o cupuaçu.
“Temos o cacau híbrido (blend). Cada pé dá uma média de 2kg a 2,5kg de cacau. Uma roça mais velha já chegou na casa dos 3 kg de cacau por pé, mas tem outros com uma produção média de 2 kg. Temos pés que dão até 4 kg de cacau”, enumera Belmiro com um misto de paixão e consciência do destino, por estar onde está e fazer o que faz.
Premiações da Rota do Cacau
O sítio Ascurra já ganhou vários prêmios em concursos nacionais e internacionais de cacau. Em 2019 ficou com o primeiro lugar no concurso de amostras mais bem avaliadas da edição no Festival Internacional do Chocolate e Cacau e mais recentemente em 2021 foi finalista do IV Concurso Nacional de Qualidade e Sustentabilidade do Cacau Especial do Brasil, que seleciona as melhores amêndoas produzidas no país.
Além disso, o chocolate Ascurra recebeu prêmios no Chocolat Festival Amazônia em 2023, incluindo dois ouros nas categorias “Chocolate Intenso Empresa da Amazônia” e “Chocolate Intenso Empresas de todo o Brasil”.
Após a visita aos cochos e a secagem das amêndoas, nos avisaram que o almoço estava servido na varanda da casa. Um banquete da roça feito com o capricho de quem ama receber nos aguardava e o prato principal foi galinha caipira, temperada com especiarias que só o norte e esta família têm.
Próxima parada: Lindo Dia – Sabor e Arte do Cacau
Serviço:
Ascurra Chocolate
Km 70 Sul – Vicinal 21 (4 km da rodovia) Medicilândia – Pará
(93) 991903597 / (93) 992401001
Email: ascurrachocolate23@gmail.com
Instagram: ascurrachocolate
*Paulo Atzingen viajou ao Pará convidado pela Prefeitura de Altamira
LEIA TAMBÉM:
Rota do Cacau e do Chocolate: frutos turísticos nascem em Altamira e Região