Travel Shaming, a nova tendência no turismo em 2020

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O que é e como o travel shaming se relaciona com a gestão de riscos e crises no setor.

por Otávio Novo*


Foto da praia de Ipanema, 07 de Setembro de 2020. Em plena pandemia, milhares de banhistas se aglomeram na famosa faixa de areia em um dia quente e muito convidativo para aproveitar a praia.

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A imagem foi publicada e bastante compartilhada nas redes sociais,  causando diferentes tipos de reação no público, algumas positivas e muitas outras nem tanto.

E você, como vê essa publicação? Ou melhor, como você reagiria se recebesse na sua timeline uma postagem de alguém conhecido “curtindo” aquele belo dia em Ipanema,  qual seria sua reação  ou pelo menos seu primeiro impulso? :

A – você curtiria o post;

B – você faria, ou ficaria com vontade, de fazer um textão sobre a irresponsabilidade da tal pessoa;

C – nenhuma das alternativas e você continuaria “rolando” a tela;

Se você respondeu, ou pensou em responder B, aí está o princípio do Travel Shaming.

Numa tradução livre,  Travel Shaming  seria o ato de criticar publicamente (especialmente na internet) algum viajante de forma pessoal em razão das suas postagens/irresponsabilidades, sendo potencializado atualmente pela COVID 19.

O caso do feriado em Ipanema é um exemplo extremo do que costuma ser tema para a prática do Travel shaming, entretanto as ações e postagens individuais, onde se é possível identificar quem está, eventualmente, agindo de forma irresponsável e/ou egoísta, são focos mais frequentes.

O objetivo do travel shaming é identificar, criticar e expor as ações que estejam fora do que se estabelece como a forma mais apropriada de agir em determinadas situações.

O objetivo do travel shaming é identificar, criticar e expor as ações que estejam fora do que se estabelece como a forma mais apropriada de agir em determinadas situações.

E essa tendência no turismo mundial pode impactos de níveis distintos e que podem ir desde frustrações e constrangimentos pessoais até mesmo impactos de imagem e nos negócios, atingindo personalidades, marcas ou mesmo destinos.

Ou seja, podemos dizer que se trata de uma crise de imagem do viajante mas que pode ter seus impactos expandidos para as outras esferas e negócios do setor de turismo.

Obviamente o intuito de se buscar ações mais responsáveis de todos durante um momento de alta sensibilidade como na atual pandemia é importante e essa consciência coletiva deve ser reforçada sempre que possível, começando por nós mesmos e pelos núcleos mais próximos dos nossos convívios.

Por outro lado, o apontamento e crítica com foco no comportamento alheio, feitos de forma pública podem significar erros de avaliação quanto aos cuidados e ações preventivas tomadas por aqueles que são alvos do travel shaming.

Afinal, ao mesmo tempo que há a necessidade de se agir de forma responsável também existe a permissão oficial para a realização de atividades socias e viagens dentro dos padrões de segurança previstos .

De toda forma, o fato é que o comportamento verificado no travel shaming evidencia um importante problema latente nessa crise global e em outras situações sensíveis que costumamos passar: é clara a falta de confiança nas determinações e controles públicos e privados de modo geral.

Mais uma vez a deficiência se destaca com relação a capacidade de se estabelecer, informar e controlar as formas adequadas de se conviver com os riscos, afinal em época nenhuma houve, ou haverá, a possibilidade de se realizar viagens com risco zero, muito pelo contrário.

Os riscos fazem parte do turismo em toda sua cadeia produtiva, portanto o que precisamos desenvolver, com cada vez mais urgência, é a capacidade de responder de forma efetiva para a manutenção das respectivas operações de forma confiável e de criar uma comunicação eficiente para a divulgação de ações preventivas e de contingência na velocidade e clareza coerentes com o mundo atual.

Em época nenhuma houve, ou haverá, a possibilidade de se realizar viagens com risco zero, muito pelo contrário.

As novas demandas da sociedade super informada, mas nem sempre bem informada,  requerem a assertividade e clareza no discurso e na prática, para que não restem dúvidas sobre todas as providências em todos os níveis de atuação e responsabilidade.

E caso a indústria brasileira do turismo almeje atingir, ou ao menos caminhar no sentido desse grau de maturidade quanto a gestão e resposta às adversidades, não há outra possibilidade além do desenvolvimento dessas competências para as pessoas que fazem esse setor acontecer.

Desde os gestores até colaboradores de todos os entes da cadeia produtiva do turismo, devem ter acesso a esse novo tipo de olhar e absorver o conhecimento disponível e necessário para agir efetivamente e evitar as visões e interpretações que impedem o setor de turismo de atingir todo o seu conhecido e enorme potencial.

Enfim, a ideia é sempre evoluir diante das adversidades e se orgulhar disso. Essa sim é a nova tendência!


#Travelpriding

Sigam a página do projeto Novo8 no Instagram : @riscos­_crises_novo8 , e conheçam todas as possibilidades de se prepararem melhor para as adversidades nos negócios e atividades.


Otávio é advogado, profissional de Gestão de Riscos e Crises, atuando, desde o ano 2000, em empresas líderes nos setores de serviços, educação e hospitalidade. Durante 6 anos foi responsável pelo Departamento de Segurança e Riscos da Accor Hotels na América Latina. Atualmente é consultor, membro da comissão de Direito do Turismo e Hospitalidade da OAB/SP 17/18, professor e desenvolvedor de materiais acadêmicos e facilitador na formação de profissionais e na organização de empresas do setor do turismo e hospitalidade.  Coautor do livro “Gestão de Qualidade e de crises em negócios do turismo” – Ed. Senac.  É criador e responsável pelo projeto Novo8 – www.novo8.com.br 

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