Turismo à casa de Antoine de Saint-Exupéry, autor de “O Pequeno Príncipe” é sonho possível para brasileiros

Continua depois da publicidade

Aviador, viajante, poeta e ilustrador, Saint-Exupéry, passou um período em Itaipava, no Rio de Janeiro, na casa que hoje é um museu

Texto de Hugo Okada
Reportagem de Paulo Atzingen

Quando o tema é literatura infanto-juvenil, é impossível não lembrar de o “O Pequeno Príncipe“, de Antoine de Saint-Exupéry como referência. A obra, publicada pela primeira vez em 1943, ainda hoje integra a lista dos mais vendidos em todo o mundo e inspirou, além de um longa-metragem, um desenho animado para a televisão e gerou milhares de produtos licenciados e, por que não dizer, cópias em diversos países.

O que poucos sabem sobre o autor é que Antoine Jean-Baptiste Marie Roger Foscolombe, o conde de Saint-Exupéry, nascido em Lyon, na França, em 29 de junho de 1900, terceiro filho do Conde Jean Saint Exupéry com suas esposa Marie Foscolombe, foi, além de um escritor e ilustrador talentoso, um corajoso aviador que viveu suas próprias aventuras em diversos países, inclusive no Brasil, mais precisamente em Itaipava, no Rio de Janeiro.

O DIÁRIO conversou com José Augusto Wanderley que transformou a casa que serviu de hospedagem para diversos pilotos franceses e é de propriedade de sua família, em Itaipava, no Rio de Janeiro, em um museu que homenageia Antoine de Saint-Exupéry, o mais célebre hóspede que passou por ali.

Veja também as mais lidas do DT

LePetite_interior_museu
Livros, quadros, utensílios e muita história compõem o interior do museu (Crédito: Paulo Atzingen)

Entusiasmado pela figura e pela obra de Exupéry ele conta aos turistas que chegam: “A primeira frase fundamentada de Saint-Exupéry é ‘o importante é invisível aos olhos e só se vê bem com o coração’. Essa frase tem uma importância muito grande para mostrar às crianças que o importante na vida é a relação – como você enxerga o seu colega, como você convive com suas amizades, isso tudo para as crianças é essencial. Trago isso comigo como outras histórias de valor como a fonte que meu pai (proprietário original da casa onde os aviadores franceses se hospedavam) construiu no lavabo e foi inspirada em um episódio narrado pelo próprio Exupéry, no qual ele se vê, em meio a uma de suas aventuras, perdido no deserto da Líbia após a queda de seu avião. Ali ele passa três dias sem água e sem nada, vivendo de orvalho nos lábios para sobreviver. Foi nesta ocasião que o Pequeno Príncipe lhe apareceu como uma visão, dizendo: ‘existe um poço em algum lugar do deserto, não desista, mantenha a esperança’. Queremos manter a esperança viva no coração das pessoas e das crianças, porque é uma mensagem enviada pelo próprio personagem do livro ao seu criador”, conta Wanderley.

‘Foi nesta ocasião que o Pequeno Príncipe lhe apareceu como uma visão, dizendo: ”existe um poço em algum lugar do deserto, não desista, mantenha a esperança”.

Ponto de apoio

Wanderley ressalta que Saint-Exupéry, assim como os outros pilotos franceses que por ali passaram, não fixaram residência na cidade, sendo a mesma uma espécie de “ponto de apoio” estratégico para a ação militar. “O Rio de Janeiro era a capital federal e esses pilotos tinham em Campo dos Afonsos, um avião reserva para fazer a manutenção e, se fosse necessário, substituir o avião. Você pode ver isso na rota. Eles faziam Norte-Nordeste até aqui e daqui para Pelotas com outro avião”, explica o pesquisador.

Antoine de Saint-Exupéry, por recomendação do amigo, o Abade Sudour, foi admitido em 1926 na Sociedade Latécoère de Aviação, que depois se tornaria a Aeropostale e depois, até os dias de hoje, a Air France.

De acordo com Wanderley, os pilotos, Exupéry incluso, passavam na casa períodos de duas a três noites (Crédito: Paulo Atzingen)

A relação de Saint-Exupéry com o Brasil se deu por intermédio de seu amigo Marcel Reine, que possuía à época uma fazenda em Itaipava, e gostava de reunir seus colegas aviadores ali. Após sua morte, quando foi abatido durante um voo em uma ofensiva nazista, seis meses após a aquisição da propriedade,  a fazenda foi vendida para um dos sócios do pai de José Augusto Wanderley, que adquiriu a sede após o apelo da esposa que imediatamente se afeiçoou ao local. “Aqui era uma casinha simples. De acordo com as memórias de meu irmão, andava-se a cavalo durante horas sem ver as suas fronteiras. Luz, só de candeeiro, telefone nem pensar. Os pilotos chegavam de trem e traziam consigo queijos fedorentos“. De acordo com Wanderley, os pilotos, Exupéry incluso, passavam ali períodos de duas a três noites.

Turistas em visita ao museu (Crédito: Paulo Atzingen)

Cultura francesa

O Campo dos Afonsos naquela época (década de 40), era a primeira base aérea do Brasil que teve treinamento para a formação de pilotos, com técnicos franceses. O Brasil nesta época era extremamente ligado à cultura francesa. E este momento que estamos colocando – histórico – mostra que o italiano, o francês, o inglês, o alemão e o norte-americano, todos buscavam avanços para levar a sua cultura, as suas tradições e a sua língua”, observa Wanderley.

Toda a história sobre Antoine de Saint-Exupéry no Brasil pode ser conferida no museu organizado por Wanderley em Itaipava, na mesma propriedade onde os aviadores franceses passavam temporadas. A ideia do espaço é convidar o visitante a uma viagem no tempo, um mergulho imersivo na história do autor de “O Pequeno Príncipe” e outras obras, além de conhecer a rotina dos pilotos e sua técnica de treinamento no Brasil.

Caído, porém jamais esquecido

Antoine de Saint-Exupéry partiu no dia 31 de julho de 1944 de uma base na Córsega em uma missão para recolher informações sobre o movimento das tropas alemãs em torno do Vale do Ródano antes da invasão aliada no Sul da França. Somente em 2004 os destroços do avião que pilotava foram encontrados a poucos quilômetros da costa da Marselha. O corpo, no entanto, jamais foi encontrado.

José Augusto Wanderley
A fonte com a imagem do pequeno príncipe decora a parte externa da propriedade (Crédito: Paulo Atzingen

Serviço:

La Grande Vallée – A Casa em que esteve Saint-Exupéry

Estrada do Ribeirão Grande, 102 – Itaipava – Petrópolis – RJ – CEP 25.740-240

Tel. (24) 2222-1388 – Cel. whatsapp (24) 99354-3179 

Email: zewanderley@gmail.com

www.lagrandevallee.com – Facebook: la grande vallée e o pequeno príncipe

* A reportagem do DIÁRIO agradece à Secretaria de Turismo de Petrópolis e ao Conventions Visitors Bureau da cidade de Petrópolis pela indicação do atrativo

Publicidade

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Recentes

Publicidade

Mais do DT

Publicidade