Turismo Ético e Sustentável na Amazônia – por Joaquim Magno de Souza*

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Falar de ética e sustentabilidade para quem opera na maior e mais complexa área de selva, a nossa Amazônia brasileira, pode até parecer fácil, mas não é.

Em uma região em que povos lutam pela sobrevivência, onde tudo tem dimensões gigantes, onde as distâncias são medidas em horas ou dias, onde o tempo tem uma velocidade diferente, e que trazem em seu povo um grande orgulho e respeito por sua cultura, seus costumes, naturalmente nasce uma empatia sincera pela região e assim inspirar-se para conseguir criar viagens, e, então, transformá-los em produtos turísticos.

Na Amazônia identifica-se facilmente diversas empresas que buscam oferecer alternativas quando o tema é turismo na região, mas é perceptível, ao primeiro contato, o feeling diferenciado entre vender “pacotes” ou “experiências”. A grande maioria dos atores do trade optam pelo trivial, ou seja, a oferta de atrativos com apelo comercial onde o que mais conta é o resultado econômico.

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Esta visão do turismo de natureza é equivocada, principalmente quando se trata do bioma de uma área tão cheia de encantamentos e riquezas naturais.

A Amazônia deve ser vista como um grande Paraíso verde, com toda a sua diversidade natural e humana, onde é possível submergir em um Universo que nem o próprio nativo ainda não conseguiu compreender totalmente. É um lugar para “Vivências Experienciais”.

Fazer turismo na Amazônia é muito mais do que estar em meio à natureza, é muito mais do que fotografar ou conhecer pessoas, é muito mais do que passar alguns momentos longe das grandes multidões. Estar na Amazônia é mergulhar um pouco no âmago da nossa ancestralidade e buscar algumas evidências da nossa existencialidade humana, e procurar entender uma parte da nossa história, enxergar um pouco do nosso futuro. Porque a Amazônia tem o nosso passado, está em nosso presente, e nos reserva o futuro.

Diante desse cenário único e maravilhoso, há que se ter um comprometimento com as atividades de turismo

Diante desse cenário único e maravilhoso, há que se ter um comprometimento com as atividades de turismo, valorizando verdadeiramente os povos que ali habitam, inserindo-os de forma real em todo o processo, como protagonistas, gerando atividades que sejam genuinamente sustentáveis, e que tragam um legado rico, duradouro e permanente para as pessoas e comunidades envolvidas.

Com isso, o povo local ganhará cada vez mais dignidade, autonomia, auto-estima e perceberá que o turismo bem realizado, de forma profissional, planejado, compartilhado, será uma importante fonte de benefícios e ganhos comunitários, sem necessidade de alterações bruscas que prejudiquem um ambiente tão rico em belezas culturais e naturais.

Com esta visão do turismo de experiência, o visitante terá um olhar especial sobre o lugar, e o desejo de contribuir para a conservação virá junto na bagagem. Assim, o respeito e o cuidado se antecede à sua chegada, e então a simbiose harmônica do visitante com os anfitriões estará selada, e todos colherão os melhores frutos ao fim de cada viagem.

Não se deve pensar em operar turismo na Amazônia, nem mesmo pensar em visitá-la, se o propósito maior não for cuidar de tudo o que ela tem ou tudo o que ela é.

A Amazônia é nossa. E somos nós que temos que cuidá-la, preservá-la, e defendê-la. E o turismo sustentável, responsável e realizado por operadores sérios e comprometidos podem contribuir muito.


Joaquim Magno de Sousa é diretor da Roraima Adventures e presidente ABAV – Roraima

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