Turismo no pós-Olimpíadas: ao DIÁRIO, especialista compara Rio-16 e Paris-24

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Acompanhada e celebrada no mundo todo, as Olimpíadas de 2024, realizadas em Paris, capital da França, foram encerradas neste domingo (11). O grandioso evento evidenciou toda a classe já conhecida do destino, mas por outro lado, deixou claro que se trata de uma cidade cheia de defeitos, assim como qualquer outra. A partir de agora, a Cidade Luz deve aproveitar o legado do evento para manter seu lugar inigualável no pódio turístico mundial.

Em entrevista ao DIÁRIO, João Figueiredo, coordenador do Mestrado Profissional em Economia Criativa, Estratégia e Inovação da ESPM-Rio, avaliou a experiência do Rio de Janeiro nos Jogos de 2016 e destacou como Paris pode aproveitar ainda mais o fato de ter sediado uma Olimpíada. 

*Por Clara Ribeiro

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Rio 2016: a realização dos Jogos Olímpicos deu certo

“Eles [os Jogos] foram muito bem realizados aqui no Rio de Janeiro. As coisas funcionaram bem, o público chegou aos eventos e foi uma época muito desafiadora para gente, pois estávamos no meio de um processo de impeachment e ficou mais exacerbado naquele momento a polarização política do país”, ressaltou João Figueiredo.

Segundo o especialista, o fator político afetou um pouco a experiência dos Jogos Olímpicos, além da epidemia de Zica, que provocou medo na sociedade. Ele afirma que no contexto da Rio-2016, houve alguns componentes externos que afetaram um pouco a experiência dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, mas que ainda assim funcionaram muito bem.

Figueiredo atribui o sucesso das Olimpíadas em si ao COI (Comitê Olímpico Internacional), que cuida da gestão do conhecimento e existem grupos das cidades sede que fazem transferência de conhecimento. A instituição tende a analisar tudo: “o que foi aprendido, quais são as melhores práticas… o COI cuida muito disso, dessa gestão da realização dos Jogos Olímpicos”, reforça.

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Rio de Janeiro (divulgação-Pixabay)

Pós-Olimpíadas problemático

Enquanto o Rio deu um show de organização nas Olimpíadas, fazendo até com que atletas presentes nos Jogos de Paris relembrassem a recepção da Cidade Maravilhosa, o legado deixado pelo evento não foi bem aproveitado.

“Eu acho que o problema que tivemos aqui no Rio de Janeiro, não foi durante os Jogos e sim no pós-Olimpíadas. Tivemos um descaso colossal com o legado olímpico. As áreas onde os jogos foram realizados ficaram completamente abandonadas e não tem outra forma de definir isso a partir 2017, 2018 e 2019. Houve um completo abandono dos equipamentos e de qualquer reflexão sobre um eventual legado Olímpico”, opina o orientador da ESPM-Rio.

João Figueiredo, coordenador do Mestrado Profissional em Economia Criativa, Estratégia e Inovação da ESPM-Rio (Foto: Divulgação)
João Figueiredo, coordenador do Mestrado Profissional em Economia Criativa, Estratégia e Inovação da ESPM-Rio (Foto: Divulgação)

O que Paris pode ganhar daqui para a frente

João Figueiredo acredita ser pouco provável que o abandono ocorrido no Rio de Janeiro aconteça em Paris após as Olimpíadas. “Isso me surpreenderia se acontecesse em Paris, porque no fundo a realização dos Jogos Olímpicos significa um evento de posicionamento da cidade no mundo. Talvez o maior benefício que existe pra cidade é o legado, é a gestão do legado, é aproveitar que a sua cidade foi comunicada para o mundo”, analisa.

“A gente já vem falando de Paris há dois anos por conta dos eventos testes e das obras.  Você liga a TV no canal de esportes está se falando de Paris, você liga num canal de turismo está se falando de Paris, você vai ler uma reportagem, até mesmo do ponto de vista econômico fala-se da realização das Olimpíadas em Paris. Então a cidade vem sendo comunicada há dois anos e o ápice da comunicação é agora”, continua o professor.

Anéis Olímpicos em Paris (Foto Benoit Tessier Reuters)
Anéis Olímpicos em Paris (Foto Benoit Tessier Reuters)

Segundo ele, o mais importante para Paris é o que virá agora, no pós-Olimpíadas. “Como manter isso. Como garantir um fluxo turístico importante. Afinal, o turismo é uma atividade econômica cada vez mais importante no mundo. Como que você vai fazer com que uma cultura esportiva floresça na cidade? Com que daqui pra frente a própria França seja mais competitiva esportivamente no mundo?”, indaga.

Atenção ao legado

Em conclusão, João Figueiredo comparou a postura do Rio de Janeiro com o possível comportamento de Paris de agora em diante. “Eu acho que o Rio, nos anos imediatos à realização das Olimpíadas, fracassou de maneira retumbante, assim na gestão do legado Olímpico, tanto do ponto de vista esportivo, quanto do ponto de vista da reputação da cidade, quanto do ponto de vista de atração turística. E agora a gente voltou a se preocupar com o legado Olímpico. Acredito que isso não vai acontecer na cidade de Paris. Acho que eles estão atentos ao legado”, finaliza.

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