No primeiro dia da Expo Turismo Goiás 2025, realizada em Goiânia, o jornalista e palestrante Ariel Figueroa deu início à sua apresentação com uma reflexão instigante: “A melhor idade acontece aos 30 anos, sem sombra de dúvidas. No entanto, é preciso ter o espírito da melhor idade, seja ela qual for.”
Ele destacou que vivemos uma era em que as pessoas estão envelhecendo mais — e melhor. Os avanços da medicina, a alimentação equilibrada e a transformação de hábitos de vida vêm promovendo longevidade aliada à qualidade de vida.
De “60+” a Turismo Sênior
Figueroa ressaltou que o termo “60+” já não descreve adequadamente esse público. “A melhor denominação é Turismo Senior (turismo sênior)”, explicou, justificando que o novo termo destaca não apenas a idade, mas o estilo, a autonomia e o poder aquisitivo desses viajantes.
Público exigente: qualidade sem calendário
O palestrante sublinhou que, diferentemente de gerações anteriores, a maioria do público sênior está aposentada e pode viajar a qualquer momento. Isso elimina a necessidade de “calendário fixo” para planejar férias. Além disso, são viajantes experientes, que exigem excelência nas experiências — em acomodação, gastronomia e roteiros.
Demografia e longevidade no Brasil
Segundo dados do IBGE, em 2022 o Brasil tinha aproximadamente 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, representando cerca de 15,6 % da população, um aumento de mais de 50 % desde 2010.
Essa mudança demográfica configura uma população que envelhece mais e melhor, com expectativa de vida crescente e menos nascimentos — uma tendência importante para o setor de turismo.
Segmentação por sub-nichos no Turismo Senior
Ariel identificou três perfis dentro do universo sênior: Empty nesters – casais que já não têm filhos em casa e buscam redescobrir a vida a dois; Young Active Seniors (Jovens ativos sênior) – pessoas com espírito jovem e disposição para viajar e explorar e Seniors (Sêniors) – aqueles que buscam conforto, segurança e experiências culturalmente ricas. “Esses perfis não querem conhecer a Europa em 10 dias, visitando 15 países”, brincou.
Figueroa também apresentou as motivações em quatro grandes pilares que interessam aos turistas seniores: Turismo cultural – visitas a museus, centros históricos e experiências educativas; Gastronomia – degustação de iguarias locais e alta culinária; Aventura – passeios leves, trilhas suaves e contato com a natureza e Turismo religioso – peregrinações e viagens de fé.
Saudosismo
Para os sênior, o “saudosismo” — nostalgia e reconexão com memórias — é uma forte motivação. Ariel citou sua prática pessoal: ao participar do Festival de Turismo de Gramado (Festuris), ele aproveita para visitar Montevidéu e reencontrar familiares, afirmando: “Saudosismo me faz bem, porque me reconecta”.
Skip‑gen travel e slow travel
Outro aspecto destacado por Ariel foi a tendência de skip‑gen travel (viagens pulando gerações) — quando os avós viajam diretamente com os netos, sem os pais. Há também o slow travel (viajar devagar e profundamente), que privilegia a imersão cultural e o tempo de qualidade no destino. “Essas são características das viagens de pessoas amadurecidas que querem aproveitar o tempo e aprofundar relacionamentos”, disse.
Dica final para agentes de viagem
Para encerrar, Ariel deixou um recado incisivo aos agentes de turismo presentes: “Não venda pacotes para idosos, venda para pessoas que querem viajar. Conheça seu cliente, venda memórias felizes.” (Paulo Atzingen)