Por Andrea Nakane
O termo pode até ser novo, mas sua proliferação vem ganhando espaço há algum tempo e, nas últimas semanas, a Turismofobia ganhou as manchetes internacionais, recolocando o assunto no epicentro de debates e discussões.
A Espanha, no auge de seu verão escaldante, tem liderado as manifestações evocando uma verdadeira inospitalidade aos turistas, sendo içados a um perfil de invasores desprezíveis e repulsivos.
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Ibiza, Barcelona e Palma são localidades reconhecidamente como destinos turísticos de grande sucesso e que até pouco tempo conseguiam conviver de forma muito harmoniosa e até acolhedora com os visitantes.
Porém, hoje, há inúmeras revoltas com essa presença massiva, já que esse número foi extraordinariamente ampliado por consequências de facilidades de transportes e até mesmo hospedagens não convencionais, como o aluguel de temporada. Esse modelo de negócio, considerado por muitos disruptivo, tem obrigado compulsoriamente a população local a ser marginalizada e até mesmo excluída de suas moradas, já que a especulação imobiliária dos aluguéis tornou sua acessibilidade restrita a quem paga mais.
Isso, sem falar na infraestrutura de serviços das localidades, que acabam por serem insatisfatórias para o atendimento pleno de todas as demandas unificadas.
Outra situação diz respeito ao próprio perfil de turistas, que em muitas ocasiões tem comportamentos inadequados, grosseiros, agindo como se estivessem ali consumindo e alavancando a economia da região, tornam-se prepotentes, considerando-se donos do pedaço!
Em época de intolerâncias mil, essa versão focada no Turismo, nos incita a repensar a maneira de gestão turística de grandes centros urbanos e até mesmo dos pequenos oásis turísticos, que necessitam de todo o zelo e cuidado extra para seu desenvolvimento sustentável.
Caio Luiz de Carvalho, um dos mais emblemáticos executivos brasileiros e que no setor público já liderou pastas importantes para o Turismo, sempre afirmou que uma cidade boa para o visitante, antes de mais nada é boa para seus cidadãos.
Se essa equação estiver desiquilibrada, situações de impactos negativos irão aflorar e tomar rumos – que muitas vezes – serão não só retrógradas, mas insustentável a ponto de conflitos -de ordem até mesmo violentos – sejam estimulados.
É preciso a união verdadeira de toda a sociedade civil e organismos públicos para discutir, trocar ideias, experiências e buscar soluções para que a Turismofobia não se alastre ainda mais, tornando-se mais um elemento de discórdia e rupturas entre os povos. A cadeia turística precisa estar alinhada e realmente conectada, já que é um problema que afeta todos nós.
O Turismo precisa se vincular a uma cultura de paz e não ao contrário!