Um sistema oficial de turismo que precisa ser repensado

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A recente nomeação do novo titular do Ministério do Turismo mostrou mais uma vez como nossa atividade é desconsiderada. A briga pela permanência da deputada que ocupou o cargo por seu marido ter ajudado o presidente Lula na campanha no Estado do Rio de Janeiro leva a inúmeras considerações e inquietações.
Bayard Do Coutto Boiteux (Com Edição do DIÁRIO)*


A primeira diz respeito, pela primeira vez nos últimos tempos, de uma briga aberta, na mídia sobre o cargo de ministro de turismo. Há um encantamento pelo glamour da atividade nos que pleiteiam o Ministério mas pouca visão de como o mesmo pode colaborar para o desenvolvimento econômico do país. Fico a me perguntar se necessitamos realmente de uma estrutura ministerial para o Turismo. Ou será que o atrativo são os inúmeros cargos em comissão disponíveis, alocados sem nenhum critério, para cabos eleitorais e a possibilidade de viagens pelo Brasil e pelo exterior?

A segunda nos remete a falta de critérios técnicos para o aumento de fluxos turísticos internacionais. Há uma carência efetiva de vôos domésticos para o mercado estrangeiro. Os poucos assentos disponíveis não permitem uma operação em grande escala dos operadores que querem vender o Brasil. O imbrólio dos aeroportos Santos Dumont e Antonio Carlos Jobim, cuja solução demanda tempo para reorganizar a malha aérea também dificulta uma possível retomada.

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Sem um plano de promoção internacional, com formas de avaliação de cada participação em eventos internacionais, o Brasil, digo a Embratur, continua atirando para todos os lados e esquece nosso grande filão, que está bem perto de nós, na América do Sul. Embora alguns importantes mercados emissores, me refiro a Argentina, que continua sendo o maior emissor para nosso país passe por problemas econômicos, pela distância e quantidade de voos disponíveis e preços atrativos merece campanhas publicitárias e melhor capacitação do mercado, para recebê-los, sobretudo no tocante a língua espanhola. Santa Catarina, por exemplo, com o Balneário de Camboriú mostra uma priorização efetiva na sinalização em espanhol.

Sem um plano de promoção internacional, com formas de avaliação de cada participação em eventos internacionais, o Brasil, digo a Embratur, continua atirando para todos os lados e esquece nosso grande filão, que está bem perto de nós, na América do Sul.

A terceira nos faz pensar que o problema da falta de rumos e ocupação dos cargos está presente nos municípios e Estados. A quantidade de políticos e protegidos que ocupam funções é vergonhoso. Utilizam  tais espaços como currais para as próximas eleições. E sem nenhum planejamento, lançam projetos e eventos que acontecem uma vez e desaparecem. Há estados que além do secretario, existem quase 10 subsecretários adjuntos. Se todos os colaboradores fossem trabalhar diariamente não haveria lugar suficiente ….

A busca de soluções para tais inquietações, usando um eufemismo, pois não é de hoje que tais questões são levantadas, passa por uma reformulação geral do sistema oficial de turismo, extinguindo  quem sabe o ministério e as secretarias e criando estruturas reduzidas de fomento ao turismo, com dotação orçamentária  real e não o que aconteceu recentemente com a Embratur. Por outro lado, um sistema real de coordenação de todas as atividades no país, com acompanhamento de projetos e dos recursos existentes. Como o poder público está ausente, os conventions bureaux assumem atividades que não lhe são pertinentes e causam maior confusão ainda.

Acho que podemos parar com tanta noticia em jornais, revistas, blogs e tvs de que temos as praias mais bonitas, o povo mais hospitaleiro, a gastronomia mais plural e juntar esforços para um brainstorming, que permita, através do benchmarketing trazer soluções. Uma delas seria uma taxa de turismo obrigatória de USD 18, que seria repassada para fundos turísticos nos diversos entes governamentais do país. Elas existem em outros destinos e desempenham papel fundamental. Não podemos sinceramente continuar com atividades pontuais e total falta de visão de futuro, mesmo que a curto prazo.


Sistema Oficial de TurismoBayard Do Coutto Boiteux é professor universitário, pesquisador, escritor, atua há mais de 40 anos no Turismo.

 

 

 

 

 

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