V Fórum Nacional da Hotelaria: veja temas que agitaram a manhã

Continua depois da publicidade

No V Fórum Nacional da Hotelaria, o Panorama sobre a hotelaria brasileira, cenário econômico, cashflow e mão de obra qualificada foram os destaques da programação de palestras do período da manhã

POR ZAQUEU RODRIGUES

O V Fórum Nacional da Hotelaria foi inaugurado há pouco no Sheraton São Paulo WTC Hotel, na zona sul paulistana. Inspirado pelo tema Artistas da Transformação, o evento realizado pelo Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB) ilumina o mercado de viagem e hospitalidade sob múltiplas perspectivas.

Veja também as mais lidas do DT

Na cerimônia de abertura, o presidente executivo do FOHB, Orlando de Souza, ressaltou que o evento é um dos maiores encontros de conteúdo hoteleiro da América do Sul.  “Esta edição tem como tema Artistas da Transformação, pois é isso que os hoteleiros são”, disse Orlando, lembrando que a semana é toda da hotelaria, já que amanhã começa, também em São Paulo, a feira Equipotel.

V Fórum Nacional de Hotelaria: Orlando de Souza, presidente executivo do FOHB, discursa na abertura do evento
Profissionais da hotelaria são verdadeiros artistas, disse o presidente executivo do FOHB, Orlando de Souza [ Foto – Paulo Atzingen]
Eduardo Giestas, presidente do conselho administrativo do FOHB, destacou que o setor vivencia um novo período após enfrentar a pandemia de Covi-19. “Há três anos estávamos no meio da maior crise que a gente já enfrentou, com muitas incertezas e cercados de profetas que falavam sobre o fim da hotelaria. É uma grande honra estarmos aqui em um dos eventos mais relevantes do nosso setor”.

Giestas lembrou que o turismo saiu fortalecido da pandemia com a criação de agenda comum entre as entidades representativas. “A pandemia não nos abateu. Ela nos fortaleceu. Voltamos a investir em tecnologia, inovação, mostrando a relevância do nosso setor para a economia do nosso país. Sob a organização do FOHB, implementamos medidas essenciais para o segmento, que está em franca aceleração”.

V Fórum Nacional de Hotelaria: Eduardo Giestas, presidente do conselho administrativo do FOHB, também discursou na abertura
O presidente do conselho administrativo do FOHB, Eduardo Giestas, pontuou que ainda há muito espaço para a recuperação da hotelaria brasileira [Foto – Paulo Atzingen]
O presidente do conselho administrativo do FOHB pontuou que ainda há muito espaço para a recuperação da hotelaria brasileira, principalmente em recuperação de tarifa e ocupação. “O momento é de celebração, mas a nossa luta continua. O potencial do turismo deve ser debatido com consciencia e incentivos de políticas públicas que estimulem do desenvolvimento do Brasil”.

Cenário econômico é destaque no V Fórum Nacional de Hotelaria
V Fórum Nacional de Hotelaria: Carlos Alberto Sardenberg, jornalista especializado em economia
O jornalista especializado em economia, Carlos Alberto Sardenberg (Foto: Paulo Atzingen)

A programação de conteúdo do V Fórum Nacional da Hotelaria foi inaugurada pelo jornalista especializado em economia Carlos Alberto Sardenberg, que apresentou a palestra Brasil – da macroeconomia ao setor de serviços. O importante negócio de viagens.

Sardenberg pontuou que o cenário econômico brasileiro está melhorando. “Hoje temos uma clara queda da inflação e, consequentemente, queda de juros. O cenário é uma economia recuperando-se. O país entra em um ritmo em que, para acelerar o crescimento, envolve reformas estruturais como a reforma tributária”.

Sardenberg argumentou que o volume de vendas do setor de serviços cresceu no mês de julho além das projeções do mercado, como mostraram os dados do IGBE. “Houve um crescimento de 0,5% em julho deste ano. O setor de turismo cresceu 0,7%. No último ano, o crescimento foi de 7,8%. Os dados do IBGE também revelam que hotéis, restaurantes e parques ainda estão 1,7% abaixo de fevereiro de 2020, período pré-pandemia”.

O jornalista ressaltou que as análises são essenciais para as projeções. “É muito importante termos uma análise, uma visão das principais tendências, pois estamos falando de muitas variáveis, já que estamos falando de comportamentos humanos que determinam os rumos da economia. Quando temos compreensão do passado, conseguimos projetar eventos futuros com base no que já vimos acontecer. As coisas não se repetem, mas a gente fica com uma visão, com um termômetro”.

Sardenberg afirmou que as metas de inflação do Banco Central e do setor privado estão alinhadas. “O Banco Central já está olhando a longo prazo, e isso é bom. Essa projeção já mostra a inflação caindo. A expectativa de inflação brasileira está em queda para os próximos anos (2024/ 3,89%) e (2025/3,50%)”.

O especialista também apontou que o PIB está perto de 3% de crescimento este ano. Ele ressaltou que, a partir do ano que vem, o crescimento de cerca de 2% da economia brasileira já tem a ver com fatores estruturais da economia brasileira. A retomada econômica no país se justifica pelos 20 milhões de pessoas incorporadas ao mercado de trabalho após a pandemia. Essa recuperação do emprego cristaliza o cenário favorável.

Sardenberg ponderou que o Brasil precisa de reformas estruturais para ser um país de primeiro mundo e com um mercado flexível. “Precisamos ter um equilíbrio nas contas públicas. As dívidas elevadas reduzem a capacidade de investimentos, pois o dinheiro emprestado gera muito juros. Entre os fatores para equilibrar esse crescimento, disse ele, estão ajuste fiscal, abertura da economia, derrubar inflação, reforma tributária e formação de mão de obra qualificada”.

Cashflow

Roland Bonadora, DIRETOR da Bonadona Hotel Consulting, palestrou sobre os caminhos do cashflow [Foto – Paulo Atzingen]
Roland Bonadona, diretor da Bonadona Hotel Consulting, iluminou os caminhos do cashflow na hotelaria brasileira. Ele lembrou a importância de olhar para cada empreendimento com as lentes ajustadas para a realidade de cada um.

“O mercado é uma média, e cada hotel não é uma média. Do ponto de vista do mercado, o hotel é visto como um espaço de hospitalidade. Na perspectiva do investidor – o hotel é um investimento de riscos. O hotel, como ativo imobiliário de grande porte, deve garantir um retorno sobre investimento acima de aplicações livres de risco no mercado financeiro”.

Bonadona destacou que receita, despesa e margem compõem a base do cálculo sobre o cashflow. Para o especialista, mexer nas despesas para equilibrar a conta costuma ser o caminho mais comum, e também o erro mais comum.

Bonadona lembrou que a ocupação nos hotéis depende das taxas da economia. “O hotel tem que focar na participação de mercado, focar na qualidade da experiência do cliente, ter proposta atualizada; otimizar a exploração do mercado e focar na eficiência da aquisição de clientes; tarifa dinâmica; e amarrar as despesas. Focar no market share pode ser representar um crescimento de 25% no fluxo do caixa”, ensinou.

V Fórum Nacional da Hotelaria apresenta Panorama do setor

As projeções são otimistas, avalia o sócio-diretor da Hotelinvest, Cristiano Vasques [Foto – Paulo Atzingen]
O cenário econômico desenhado por Sardenberg fundamentou o caminho para Cristiano Vasques, sócio-diretor da consultoria Hotelinvest que apresentou os dados mais recentes da pesquisa Panorama da Hotelaria Brasileira, realizada em parceria com o FOHB.

O executivo ressaltou que as projeções são boas para o mercado hoteleiro se a demanda continuar crescendo e a oferta continuar pelo menos estável. No primeiro semestre deste ano, apontou o relatório, o setor teve ocupação de 61%. A diária média no período bateu 597 reais. O Rev/PAR no primeiro semestre deste ano ficou em 244 reais.

A hotelaria vive uma retomada lenta e gradual que vai gerar ainda mais demanda. Os índices de ocupação, por exemplo, caíram no segundo trimestres de 2023. “O crescimento será menor nos meses de setembro e outubro. O volume de oferta nova no Brasil é muito pequeno. Há poucos hotéis a serem inaugurados nos próximos anos”.

As projeções são otimistas, avalia o sócio-diretor da Hotelinvest. “O primeiro semestre fechou em alta. Os lucros ainda são menores em comparação com os índices históricos. A euforia de crescimento deu uma cessada. Com as condições, a retomada plena vai acontecer. Aumento da demanda vai trazer ciclo longo de crescimento de receita”.

Mão de obra

Sofia Esteves e Trícia Neves debatem a formação e retenção de talentos no mercado hoteleiro [Foto – Paulo Atzingen]
Um dos grandes desafios da hotelaria brasileira, a formação e retenção e talentos inspiro a palestra Escassez de talentos: Como transformar desafios em oportunidades na contratação de mão de obra, conduzida por Sofia Esteves, fundadora e presidente do conselho do Grupo Cia de Talentos; e Trícia Neves, sócia-diretora da Mapie.

Trícia pontou que a hotelaria sofre para manter seus talentos e atrair os jovens profissionais. Sofia destacou que todos os setores vivem um período de ressignificação da vida profissional. “A carga horária exaustiva não é algo que as pessoas estão dispostas a vivenciar como antes”, disse Sofia.

A fundadora e presidente do conselho do Grupo Cia de Talentos ressaltou que muito importante oferecer um ambiente de trabalho saudável, ter uma cultura empresarial coerente e com planos de desenvolvimento de carreira e valorização.

“Ajude a preparar pessoas para os setores por meio de parcerias, ONGs”, sugeriu Sofia, que lembrou que a hotelaria é um setor que não consegue pagar os melhore salários do mercado. “Se foi o tempo que a empresa selecionava os colaboradores. São os colaboradores que escolhem as empresas hoje. Se eu não tenho um líder que me inspira, eu não vou querer permanecer na empresa”.

Para saber mais, acesse o site oficial da FOHB.

Publicidade

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Recentes

Publicidade

Mais do DT

Publicidade