por FERNANDO PESSOA
Não sei qual o caminho – se o que passa –
Por onde entre o arvoredo o atalho vai,
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Se o que é a estrada extensa, que se traça
Como um vinco na terra, de onde sai.
Não sei, não sei. Porque ou atalho ou estrada
São terra, e o que importa é como andar;
Nem pesa muito a estrada ir dar a nada,
Nem o atalho a nada ir a dar.
Vale só o quem anda, que é quem vive.
Assim, adulto do que quis fazer,
Vou caminhando para o que já tive
Sabendo bem que o não poderei ter.
(23-9-1934 – Cancioneiro – Uma Antologia (Assírio & Alvin, Lisboa – 2013)