“Antes era tudo lindo, tudo limpo. Agora, nesse ano, a água virou lama. O garimpo ilegal está se espalhando na nossa terra. Ele chegou em lugares onde a gente não pensava que ia chegar, agora o peixe não enxerga nada, ficamos preocupados porque o peixe tem mercúrio e não queremos envenenar nossas crianças e adultos, agora o garimpo está expulsando nossa caça”.
Relato acima é de um líder Yanomami, durante um dos Fóruns de Lideranças Yanomami e Ye’kwana, realizado na aldeia Watoriki no ano passado.
CONSELHO EDITORIAL DO DIÁRIO
Veja também as mais lidas do DT
Não se pode falar em turismo sustentável, turismo de natureza ou em áreas indígenas sem considerar a preservação do meio ambiente. O DIÁRIO DO TURISMO não se esconde de discussões dessa natureza e seu conselho editorial considera fundamental expor o problema, em vez de evitá-lo.
Inúmeras operadoras e agências de turismo utilizam os benefícios imateriais da cultura indígena – seja Yanomami, Xavante, Xingu, Gavião, Tupi, Guarani – para exaltarem a importância da natureza e da valorização da sua cultura. E embutem aí a economia de mercado e seus pacotes turísticos, obedecendo, logicamente, leis e regulamentos de órgãos reguladores como Funai, iCMBio e Ministério do Meio Ambiente.
No DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE, comemorado nesse domingo (5), alguns assuntos meio que empurrados para debaixo do tapete foram colocados à mostra. Um deles é o PL (Projeto de Lei) 191/2020, que pretende regularizar a mineração e a exploração de hidrocarbonetos em Terras Indígenas, aproveitando recursos hídricos para a geração de energia elétrica.
Um vídeo veiculado nesse domingo (5) mostra mísseis partindo do Palácio do Planalto, outros do Congresso Nacional, todos em direção a Amazônia. Um representa o PL 191, que quer autorizar o garimpo em terras indígenas; um segundo leva o adesivo do PL 6299, apelidado de Pacote do Veneno, que facilita ainda mais o uso de agrotóxicos no Brasil, enquanto outro simboliza o PL 490, o do Marco Temporal, que visa dificultar a demarcação de terras indígenas.
Veja o Vídeo:
Divulgado no Dia Mundial do Meio Ambiente, o vídeo de quase dois minutos chama a atenção dos ataques contra a Amazônia e aos povos indígenas.
Com trilha sonora da ópera O Guarani, de Carlos Gomes, a peça audiovisual foi realizada por uma série de entidades da sociedade civil, como a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Amazon Watch, Observatório do Clima, 342Amazonia, UneAfro, Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), entre outras.
Já aprovado na Câmara, o “míssil” PL 6299 voltou ao Senado, agora sob o número PL 1459/2022. A proposta retira poderes do Ibama e da Anvisa e flexibiliza regras de aprovação e uso de agrotóxicos. Devido a uma decisão do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD/MG), o projeto foi encaminhado para ser analisado somente na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), controlada pela bancada ruralista.
Com caráter terminativo, se aprovado na CRA, o projeto pode ir direito para a sanção presidencial sem passar pela votação no plenário. Senadores contrários ao Pacote do Veneno pretendem apresentar requerimentos solicitando que o projeto seja também analisado na Comissão de Meio Ambiente (CMA) e na Comissão de Assuntos Sociais (CAS).
O DIÁRIO DO TURISMO reproduz o vídeo e no dia MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE levanta a seguinte pergunta aos leitores: De que lado o Turismo está?