Por Carlos Titton* –
Sem dúvida o WhatsApp é uma ferramenta excelente para eventualidades, como ajustar um horário de reunião ou tirar uma dúvida pontual. Mas as pessoas estão exagerando. Decisões estratégicas, apresentação de produtos, orçamentos, negociações e até fechamento de vendas estão sendo feitos via aplicativo.
Tudo bem que isso dinamiza alguns processos. Mas, ao mesmo tempo, fragiliza as relações humanas. Imagine só o risco envolvido em fechar negócios por meio de mensagens de texto? Já existe até jurisprudência que aceita as conversas por WhatsApp como prova em disputas judiciais.
E mais. Pense em quem está do outro lado da tela. Como reagiu à sua proposta? Você nunca vai saber de verdade.
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Além disso, o aplicativo gerou uma licença de falar o que bem entender, desde que tenha um “kkkkk” na sequência. A forma como o app está sendo usado não permite detectar as verdadeiras intenções da outra parte, suas percepções e naturalmente se torna impossível reverter situações de descontentamento ou conflito.
Outro problema do WhatsApp é que ele incita a resposta imediata. Quem não se sente aflito ao ver as marquinhas azuis e se perceber sem uma resposta do outro lado da tela? O aplicativo acaba se tornando um combustível para a ansiedade e a precipitação, mandando às favas o “timing” muitas vezes necessário nas relações corporativas.
Esse tipo de situação pode levar a réplicas feitas às pressas, com falta de cuidados e, em alguns casos, até mal educadas. Levante a mão quem nunca mandou uma mensagem na correria e depois se arrependeu?
Temos que usar a tecnologia a nosso favor. Como disse antes, o WhatsApp está aí para situações pontuais. Mas, que me desculpem os fanáticos por inovação, ainda somos seres sociais e nada surgiu para substituir o no olho ou o bom e velho cafezinho.
Te convido a deixar um dia o WhatsApp de lado, utilizar o telefone e abrir a janela para capturar a sua percepção sobre os reais sentimentos e intenções do outro lado.
Talvez as pessoas vão te estranhar, mas garanto que não vão ironizar e dizer um “kkkk” na sequência apenas para suavizar a própria fala.
Lembre-se que a vida acontece ao vivo.