William José Périco fez brilhante carreira no turismo, começando como guia de turismo aos 16 anos
Publicado em 16 de fevereiro (RETRO 2023)
Trabalhar em agência de viagem ou, antes, ser agente de viagem não é para qualquer um. Somado a conhecimentos técnicos, históricos e geográficos é preciso ter muita, mas muita empatia, gostar de pessoas. Na série Entrevistas Presidenciais, faltava aquele profissional que representasse o agente de viagem em sua essência e este é William Périco. William fez brilhante carreira no turismo, começando como guia de turismo aos 16 anos, passando por experiências em companhias aéreas como a VASP e presidindo associações de classe como a Aviesp e a ABAV-SP de 2007 a 2013, respectivamente, além da vice-presidência no Sindetur e SPCVB. William é sócio diretor da Wings Turismo e o DIÁRIO o entrevistou, confira:
William, você é formado em Turismo pela PUCAMP, e é um nome conhecido e querido no trade. Como e quando decidiu seguir na área das viagens e do Turismo?
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Realmente fiz a PUCCAMP – Turma de 1978, a minha decisão de entrar para o Turismo
aconteceu através de uma pergunta feita pela então Diretora da Caprioli Turismo de Campinas – Sra. Vilma Caprioli, que me conheceu em uma das suas viagens rodoviárias, onde ela me perguntou se eu gostaria de ser Guia de Turismo, pois gostava muito de viajar e sempre fui muito falante, perguntei o que seria necessário para começar e ela respondeu que iria mandar fazer um crachá com meu nome, e eu faria umas três viagens como “Guia Aprendiz”, topei na hora, pois iria viajar nas férias escolares e nos feriados. Minha primeira viagem como aprendiz foi para Foz do Iguaçu com o Guia Glauco, que foi extremamente generoso, me mostrando como deveria agir como guia. Gostei muito da experiência e um mês depois fui escalado para ir ao Rio de Janeiro, quando perguntei quem seria o Guia, eles me falaram que seria eu, pois já conhecia o destino e está pronto para iniciar na carreira de Guia, isto foi em 1974 quando eu ainda tinha 16 anos, a viagem correu maravilhosamente bem e fui tomando gosto por acompanhar Grupo.
Em 1977 me mudei para Campinas e fui trabalhar em uma Agência chamada Veretur, onde além das experiências como Guia comecei a aprender o processo de vendas e operação em uma Agência de Viagens.
Você teve passagens pela VASP e pela Abreu. Pode contar um pouco mais sobre essas experiências?
No ano de 1979 recebi um convite para trabalhar na VASP na área comercial, onde comecei
como promotor, neste período tive a oportunidade de conhecer muitas pessoas ligadas ao
Turismo. Em 1983 fui convidado para trabalhar na Agência Abreu na filial de Campinas, onde passamos a cuidar praticamente de todo o interior do Estado de São Paulo, onde tive ótimas experiências e conheci muita gente de todo o Estado.
Em 1992, você assumiu a sociedade da agência Wingstur, de Rio Claro. Qual foi a sua reação ao receber esse convite?
Em 1992 o meu amigo Ninho Bianchini que era Diretor da Wings Turismo de Rio Claro, me
convidou para fazer parte da empresa, onde por muitos anos atuamos juntos. Tenho uma gratidão muito grande à Deus por ter colocado pessoas no meu caminho, que sempre me receberam de braços abertos e com o Ninho não foi diferente, aprendemos muito um com o outro, em um determinado tempo ele se desligou da Wings para seguir com os negócios de sua Família, eu e a minha esposa Marisa começamos a desenvolver alguns projetos de Grupos com acompanhamento de uma pessoa de nossa Empresa, e isto resultou na criação de um Departamento Exclusivo para Grupos dentro de nossa Empresa, além das tradicionais vendas de balcão, atendimento corporativo e Incentivo.
Você é apaixonado por aviação e também pelo destino Orlando. Pode nos explicar como surgiram essas preferências? Existem outras?
Minha paixão pela aviação estava dentro do meu peito desde criança, uma vez meu Pai me
levou a um Aeroclube e eu não queria ir embora, de tanto que gostei do que vi, acho que foi “Amor à Primeira Vista”, passei a estudar um pouco mais sobre os modelos de avião, infelizmente não cheguei a fazer o Curso de Pilotagem, pois em São Sebastião da Grama- SP, onde nasci, não existe Aeroclube. Tive a oportunidade de entrar na VASP, onde trabalhei na área comercial, mas sempre tínhamos a oportunidade de voar, e eu nunca perdia estas chances. Outro sonho que tinha desde criança era ir conhecer a Disneyland (Na Califórnia), mas acabei conhecendo o primeiro WDW em Orlando, e confesso que fiquei fã de carteira do Sr. Walt Disney, pois já conhecia muito de sua trajetória e ele foi um ser iluminado, pois conseguiu criar um Ambiente Mágico, todos se divertiram em um de seus Parques Temáticos, independentemente da sua faixa etária.
De 2007 a 2012, você foi presidente da Aviesp, e de 2011 à 2013, assumiu a presidência da ABAV-SP. Por gentileza, pode contar um pouco como foram essas experiências?
Em 2007 estava como Vice-Presidente da Aviesp na gestão do nosso querido Rocha, que
infelizmente faleceu e eu assumi o mandato tampão, para que pudéssemos realizar as eleições conforme nosso estatuto, e em 2010 me candidatei e fiquei até 2012. Foi um período de muito aprendizado e conseguimos fazer muitas ações pelo interior, pois sabíamos das dificuldades que os Agentes do Interior tinham para poder ter acesso às informações, nossa Equipe que estava baseada em Campinas se desdobrava para podermos levar treinamentos e capacitações em todas as nossas Delegacias Regionais que estavam espalhadas dentro de nosso Estado. Em 2011 fui convidado para assumir a Presidência da ABAV/SP, onde permaneci até 2013, nesta fase, junto com o Edmar Bull, Eduardo Nascimento, começamos a conversar sobre a possibilidade de fazermos uma junção das Associações, o que acabou acontecendo em 2012, com a mudança da sede da Aviesp para o mesmo endereço da ABAV/SP, este realmente foi um passo importante, pois após um bom tempo trabalhando juntas e ao mesmo tempo independentes conseguimos ao longo do tempo construir uma ligação que culminou com a união efetiva das duas entidades em apenas uma.
Em sua opinião, qual a importância desses órgãos para as agências de viagem, os agentes e o Turismo brasileiro?
O Sistema ABAV, que reúne todas as ABAVs do Brasil, e hoje é comandada pela Sra Magda
Nassar, tem atuado junto aos Organismos Estaduais, Associações de Operadoras, Cias. Aéreas e Cias. Marítimas de forma a marcar presença em todos os segmentos de nossa atividade, vejo hoje pessoas criticando as Associações, mas a maioria dos que reclamam não são Associados e não procuram saber sobre a importância do trabalho realizado pelas ABAVs Estaduais, gostaria muito que estes Agentes mais críticos fizessem uma visita à estes escritórios para pode saber um pouco mais sobre as verdadeiras Guerras Travadas junto aos Órgãos Governamentais, que desconhecem totalmente nossos segmento, o apoio Jurídico que é oferecido aos Associados e muitos outros serviços e benefícios que são disponibilizados aos Agentes de Viagens.
Além disso, você tem grande proximidade com o trade turístico, com passagens pela Vice-Presidência do Convention and Visit Bureau de São Paulo e pela Vice-Presidência do SINDETUR. Qual a importância do relacionamento com o trade, e desses órgãos para o Turismo?
Tive a oportunidade de participar como Vice-Presidente do Sindetur/SP e do Convention and Visitor Bureau de São Paulo, que fazem um trabalho fantástico, o Sindetur/SP, desempenha um trabalho muito interessante junto aos Sindicatos dos Trabalhadores, para criar um ambiente de diálogo quando das rodadas para o Dissídio coletivo da nossa Categoria, oferece muitos benefícios aos seus Associados e estão sempre presentes quando se tem alguma dúvida relacionada aos direitos e deveres de ambas as partes, além de manter uma sede disponível por telefone ou presencialmente para contatos e dúvidas. O Convention and Visitor Bureau, desempenha um papel fundamental de balizamento para toda cadeia turística, em sua sede, um grupo muito grande de funcionários, realiza pesquisas, faz captação de eventos para a Cidade de São Paulo, treinamentos para vários segmentos (Lojistas, Hoteleiros, Restaurantes, Taxistas), o Presidente, Toni Sando, tem feito um trabalho maravilhoso à frente do Convention.
Você é diretor da Wings Turismo, que está há mais de 36 anos no mercado. Qual o principal perfil que a Wings atende?
Nossa empresa Wings Turismo, completará 39 anos no próximo dia 1º de julho. Eu estou na Agência desde 1992, portanto a 31 anos, e parece que foi ontem que me mudei de Campinas para Rio Claro, nós felizmente temos uma Equipe, que está a muitos anos conosco, temos a Vera que está conosco desde a abertura da Wings a 38 anos, e a nossa colaboradora mais nova está a 17 anos conosco, o que nos deixa extremamente motivados a nos atualizar, manter o Grupo unido, Investir em tecnologia e treinamento. A nossa Equipe possui 11 colaboradores e como uma Agência pequena, atendemos todos os segmentos, como vendas de Pacotes Nacionais e Internacionais, Corporativo, temos um Setor de Documentação e Vistos, e nosso principal foco são os Grupos Nacionais e Internacionais que formamos e sempre garantimos o acompanhamento de alguém de nossa Equipe, o que é um grande diferencial, principalmente para as pessoas que têm dificuldades com idiomas.
Quais as principais diferenças que você nota entre presidir associações de agências de viagem e liderar sua própria agência?
Quanto às diferenças entre Presidir uma Associação ou Dirigir a nossa Companhia, acredito
que as duas tem suas dificuldades e particularidades, em uma Associação o seu foco tem que ser o seu Associado, e muitas vezes você é cobrado por um Agente por uma determinada situação, e ele se esquece que você está temporariamente representado a categoria, sem remuneração, se doando e abrindo mão do seu próprio negócio para olhar o coletivo, pois se as ações são bem executadas, o resultado será muito bom para todos, Associados ou não, já em nossa companhia, tenho que olhar principalmente para o nossa cliente, estar atento às tendências do mercado e manter a Equipe unida e atual.
William, você sempre ressaltou a importância de investir na capacitação dos profissionais. Em sua opinião, o que pode ser feito para aprimorar a capacitação dos agentes de viagem no Brasil?
Hoje verifico uma infinidade de ações acontecendo de modo on-line e ou presencial, mas
acredito que tenhamos ainda uma parcela muito grande de Agentes que pararam no tempo, não investindo em tecnologia, conhecimento cultural, leitura, reciclagem, pois neste momento temos uma infinidade de novas tendências aparecendo e muitos deixam passar a oportunidade de crescimento profissional e financeiro. As pessoas hoje não lêem mais simplesmente fazem uma busca rápida quando tem dúvida e se esquecem que tem muitos clientes que chegam em uma Agência sabendo mais que o profissional que o atenderá, e isto é lamentável.
Qual a sua expectativa para o turismo brasileiro em 2023?
Neste Ano de 2023 acredito em um crescimento muito acima do esperado, temos tido muito clientes interessados por Pacotes de todos os tipos, Baratos, de Luxo, Nacionais, Internacionais, Culturais, Gastronômicos e Bem Estar, temos muitas possibilidades que aparecerão e todos devemos estar muito atentos para não perdermos as oportunidades. Invista em sua Empresa, em Você, busque um foco e acredite no seu negócio que terá Sucesso com certeza.
Por fim, que mensagem você gostaria de deixar aos leitores do DT que querem seguir no segmento do agenciamento de viagens?
A minha mensagem é de muito otimismo para quer entrar no nosso segmento, pois as
viagens estão sempre entre os primeiros sonhos de todas as pessoas, acredito no crescimento no nosso setor muito acima de muitos negócios tradicionais e rentáveis, mas para se ter Sucesso, acredito na fórmula que 80% de transpiração e 20% de inspiração, ou seja trabalhar muito, ter um foco e tentar se destacar dos demais parceiros. Nós que estamos a mais tempo no mercado temos a obrigação de sermos generosos com os novatos, pois eles serão o “Futuro do Turismo”, nós não somos eternos!!