Bayard Do Coutto Boiteux*
Estamos mais uma vez em pleno carnaval. As cidades brasileiras que conseguiram manter o evento, apesar da crise, já estão com suas ruas repletas de alegria, com os seus blocos. Este carnaval de rua, verdadeira manifestação do evento, congrega os moradores e os turistas que as visitam. Nosso Rio de Janeiro em plena caminhada para as Olímpiadas começa a sentir o sabor da crise. Apesar do câmbio positivo para o receptivo, prevê-se uma redução de 12 a 16% dos turistas internacionais que irão nos visitar.
A própria comercialização dos ingressos na Avenida dos desfiles carioca, primeiro sambódromo do país, construído na administração do ex governador Leonel Brizola, depois copiado em outros estados, mostra a dificuldade da cidade. Tal fato nos remete a alguns problemas ocorridos nos últimos meses: a instabilidade política com as constantes revelações da operação lava-jato e outras afins e o mosquito da Zika e da dengue, para citar duas doenças que começam a nos aterrorizar e afugentar as pessoas que nos visitam. Já alguns “travel advisories” de grandes países emissores citam a doença, como algo que deve ser levado em consideração na hora de escolher o destino Brasil. É triste ver a falta de políticas públicas a médio e longo prazo que já deveriam estar em vigor desde o aparecimento da dengue. Trata-se de uma epidemia que já está se espalhando para fora do continente sul americano, em pessoas que aqui estiveram. Sem nos alarmar, a tendência será de diminuição do receptivo num momento em que poderia ser trabalhada melhor considerando a taxa de câmbio positiva.
É triste ver a falta de políticas públicas a médio e longo prazo que já deveriam estar em vigor desde o aparecimento da dengue
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Falando em câmbio, outro problema é que continuamos sendo caros, mormente na hotelaria, já que parte dos hotéis manteve os preços em USD, o que realmente não condiz com o quadro de necessidades atuais do Turismo. Sem pensar nos hotéis que vão sendo abertos no Rio, em função das Olímpiadas, sem nenhum plano do governo, para o day after do evento. A Barra da Tijuca já é um exemplo, quando a ocupação no Carnaval não ultrapassa 50% com raríssimas exceções.
Como se não bastasse, já que a crise do agenciamento é viável, o governo resolve taxar em 25% as remessas para o exterior, no pagamento de hospedagem, serviços terrestres e cruzeiros. É mais um duro golpe contra operadoras e agências.
Enfim, um carnaval em plena crise há de nos trazer algumas lições e nos ajudar no encaminhamento da atividade. Bom carnaval a todos e muitas reflexões…
*Bayard Do Coutto Boiteux coordena o curso de Turismo e a pós graduação em Eventos da UNISUAM,gerente de turismo do Preservale,vice -presidente executivo da Associação dos Embaixadores de Turismo do Rio e presidente do Portal Consultoria em Turismo.(www.bayardboiteux.com.br)