“Uma rosa para São Jorge e um livro para Cervantes”
COSMO JUVELA*
Desde o século XV, no dia 23 de abril, se comemora, em Barcelona, capital da Catalunha, a Feira da Rosa, quando também é celebrado o dia de São Jorge, padroeiro da cidade. Na ocasião, costumava-se presentear com uma rosa as mulheres que visitavam a capela.
Veja também as mais lidas do DT
Em 1926, a Espanha instituiu, também em 23 de abril, o Dia nacional do livro, quando se celebra a morte (em 1616) de Miguel de Cervantes e William Shakespeare.
Assim, Barcelona, que já contava com uma feira de livros em praça pública, ganhou mais um bom motivo para comemorar essa data: o dia de São Jorge, da rosa e do livro.
Mas, na década de 30, por razões político-ideológicas, a revolução franquista fechou o palácio do governo catalão, impedindo assim o acesso à capela, anexa ao prédio do palácio.
Inconformado com a repressão – que também impedia o culto a São Jorge – o povo catalão passou então a oferecer uma rosa a quem adquirisse um livro na feira, com o lema: “uma rosa para São Jorge e um livro para Cervantes”.
O que teve início como uma forma de protesto acabou por se tornar o salutar hábito de trocar livros e rosas no dia 23 de abril. Em 15 de novembro de 1995, em Paris, a Unesco, reconhecendo o livro como o instrumento mais importante para a difusão do conhecimento e que uma das formas mais eficazes de promovê-lo seria organizar uma data especial para sua celebração – fórmula nunca antes adotada em nível mundial – proclamou o dia 23 de abril como o “Dia Mundial do Livro e dos Direitos do Autor”.
Assim, como não poderia deixar de ser, em toda história que envolve fé, liberdade e sensibilidade, o livro está presente.
* COSMO JUVELA É EDITOR, FUNDADOR DA EDITORA MECA