Fraude mobiliza clientes no Rio de Janeiro: passageiros que há anos sonhavam com viagens agora substituem filas de embarque por audiências judiciais — todos relatam que pacotes comprados jamais se concretizaram.
Da REDAÇÃO DO DT com informações do SBT
No Rio de Janeiro, passageiros que levaram anos planejando a viagem dos sonhos agora estão trocando as salas de embarque pelos tribunais de Justiça. Eles denunciam que compraram pacotes turísticos, mas os passeios nunca aconteceram.
Clientes da operadora Juntos Pelo Mundo dizem que foram vítimas da fraude turística. São quase 300 queixas nas redes sociais e cerca de 200 processos na Justiça. Os consumidores alegam que compraram pacotes turísticos nacionais e internacionais em agências revendedoras. Faltando pouco tempo para embarcar, foram avisados sobre os cancelamentos.
A arquiteta Marisa Trinta pagou R$ 19 mil para viajar com o marido ao Egito em abril. Mas recebeu a informação de que a viagem havia sido anulada por “problemas técnicos operacionais”. A empresa ofereceu duas opções: remarcar o passeio para o ano seguinte ou solicitar o reembolso. Ela pediu o dinheiro de volta, mas não recebeu nada.
Segundo os relatos, a venda era terceirizada. Os clientes efetuavam as compras com agentes de viagens, que repassavam os valores à operadora. Esses revendedores também alegam que foram prejudicados.
A agente de viagens Sara Santos contou que o prejuízo dela chega a quase R$ 300 mil. “Os donos dessa empresa estão com os valores nossos e dos nossos clientes. Nenhuma ligação, nenhum contato eu tenho com essa empresa. Nunca recebi um termo para reembolso ou possibilidade de os meus clientes viajarem.”
Preços abaixo do mercado atraíam vítimas
Os pacotes eram oferecidos com facilidades de pagamento: Pix, boleto parcelado ou cartão de crédito em até 24 vezes. Os preços abaixo do valor de mercado atraíam clientes com menor poder de compra, que acabavam sem a viagem e sem o dinheiro de volta — resultado típico de fraude turística bem articulada.
Na última segunda-feira (22), a Juntos Pelo Mundo informou ter apresentado pedido de autofalência à Justiça. A empresa informou que aguarda os trâmites legais para definir os próximos passos e que nunca teve a intenção de prejudicar clientes. Declarou ainda que, enquanto durar a análise judicial, operações de viagem e reembolsos serão conduzidos conforme as determinações do processo.
Para a advogada Fernanda Schramm, os consumidores devem guardar toda a documentação. “O consumidor lesado tem que guardar todas as provas: comprovante de pagamento, contrato, conversas via WhatsApp e e-mail. Ele deve registrar um boletim de ocorrência porque há forte indício de crime.”
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