A falta de representatividade do Turismo no Brasil

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É com pesar que verifico, a cada dia que passa que o turismo não tem representatividade na política e nos rumos da economia nacional. Agora, que as eleições se aproximam, nenhum candidato apresentou propostas efetivas para a atividade, excetuando a menção da palavra turismo. Não temos nenhuma bancada que represente a atividade em Brasília e nos estados da União. Alguns políticos fazem ações pontuais, mas tem em outras atividades sua bandeira de campanha. Precisamos mudar tal situação com urgência e parar de oferecer almoços ou jantares luxuosos em hotéis e exigir que tais políticos priorizem o turismo de uma vez por todas.

Os investimentos em Turismo são vergonhosos e os ocupantes das pastas possuem pouco ou nenhum preparo para a função. Acabam se perdendo em documentos burocráticos como planos de turismo, elaborados nos mesmos moldes há anos e que não possuem metas mensuráveis e não são colocados em prática. Fora os conselhos municipais de turismo, presididos pelos próprios secretários de turismo, assim como os estaduais que acabam sendo um fórum de discussões intermináveis, sem soluções reais. O próprio CNTUR (Conselho Nacional de Turismo) fez muito pouco pela integração iniciativa público-privada. Alias, são tantas associações de classe que nada fazem e conselhos inócuos que o turismo perdeu seu lugar de realce numa economia, que deveria entender que ele pode e fará uma verdadeira revolução, se priorizado nos orçamentos. Setor prioritário tem orçamentos vultosos e lideranças combativas, o que não é o caso do Turismo, infelizmente. Os pseudo líderes discursam em causa própria e não trabalham o alcance social e econômico do segmento.

"O próprio CNTUR (Conselho Nacional de Turismo) fez muito pouco pela integração iniciativa público-privada"

A capacitação turística vai mal. Os empresários pouco se importam com a reciclagem de seus mandos gerenciais e investem em pequenos cursos operacionais que hoje não apresentam diferencial na prestação de serviço. Não há estímulo para que gerentes façam MBAS ou pesquisas, sendo um setor de mera comercialização de produtos. O bacharel em turismo, que até hoje não teve sua profissão regulamentada pela falta de um trabalho real em Brasília vai desistindo aos poucos da profissão e dos salários baixíssimos pagos para uma vida sacrificada, com feriados ocupados. Por ser um curso barato, as faculdades foram ofertando o mesmo Brasil a fora e agora uma quantidade de publicas o incorporou, sem nenhuma infraestrutura de apoio, como laboratórios e professores especialistas. No Entanto, estão desaparecendo e hoje uma parte significativa das instituições de ensino oferece uma grade curricular desatualizada e fora dos parâmetros mercadológicos.

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Os grandes eventos esportivos conquistados a duras penas mostraram cidades despreparadas para receber fluxos turísticos que viajam por conta própria e com orçamento reduzido, como aconteceu com os sul americanos, mormente argentinos que invadiram o Rio na Copa, evacuando em locais públicos, disputando o bandejão popular e dormindo nas praças e praias da cidade. Será, que em sã consciência, os organizadores não deveriam ter previsto tal fluxo? Sabemos que a cidade pratica preços surreais na hotelaria e na gastronomia e não tem uma prestação de serviço das mais aprimoradas, por falta de qualificação profissional e visão de que nossa sobrevivência está num serviço que ultrapasse as expectativas do consumidor.

A representatividade nasce do foco na gestão, no empreendedorismo, no investimento, nas lideranças combativas e na luta para sair do glamour para a economia. Vou continuar lutando da minha maneira, mas temo que o setor está se perdendo e que vai acabar apenas nos cadernos de turismo que vendem os destinos e não nas páginas das grandes ações para um Brasil melhor, para todos, construído com base no turismo,que deve ser um de seus pilares, além da educação, saúde, trabalho e  infraestrutura.

 

Bayard Do Coutto Boiteux é gerente de Turismo do Preservale, professor do bacharelado e MBA em Turismo da Ucam e preside o Site Consultoria em Turismo (www.bayardboiteux.com.br).

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