Alexandre Sampaio*
Produzido a partir da fermentação do sumo da uva, o vinho é considerado uma das bebidas mais apreciadas do mundo. No Brasil, não é diferente. Neste ano, por exemplo, a Ideal Consulting, empresa de inteligência de mercado, registrou uma média de 2,81 litros consumidos por pessoa, de abril a junho, em território brasileiro, sendo 39% a mais do que o mesmo período no ano passado. Desde os primórdios da humanidade, a bebida tem acompanhado o caminho de inúmeras pessoas e, com isso, traz grandes benefícios para a cultura e, igualmente, para a economia de uma região.
O vinho, além de trazer bons momentos para as experiências gastronômicas, é considerado um grande aliado do turismo brasileiro e, por isso, destaco a sua relevância no âmbito econômico. A sua importância é tão notável que, inclusive, foi criado o enoturismo, um segmento de destaque para as atividades que envolvem deslocamentos e viagens de longa distância para que seja possível conhecer e a apreciar diferentes tipos de rótulos.
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A prática é realizada por inúmeras pessoas ao redor do mundo, contudo, não podemos deixar de reconhecer que o nosso país tem ampliado os seus olhares para o produto. Esta tendência é recente no Brasil, mas tem crescido significativamente com o passar dos anos. De acordo com o Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria (SEGH), com sede em Caxias do Sul, a produção de uva e a elaboração de vinhos, somados ao estilo de vida de uma localidade, fazem com que muitos locais brasileiros se tornem inesquecíveis e indispensáveis na rota de qualquer turista que ame um bom vinho.
Não podemos deixar de destacar a importância do enólogo para o sucesso deste ramo, pois, com o seu suporte, conseguimos alcançar diferentes tipos de turistas para aproximá-los de nossas vinícolas. Por isso, na próxima quinta-feira (22), Dia do Enólogo, devemos celebrar a data – talvez com um uma taça ao lado – e aproveitar para agradecer estes profissionais que contribuem significativamente para o crescimento de inúmeras cidades que produzem os variados tipos de uva.
O momento, apesar de turbulento por conta da pandemia ocasionada pela Covid-19, traz expectativas para o futuro. Nesse período, atividades ao ar livre estão sendo mais procuradas. Com isso, temos uma grande oportunidade em mãos de fomentar a ida dos turistas para as regiões que focam na produção e venda dos vinhos.
O enoturismo brasileiro é gigante! E, por sua magnitude, está conseguindo mais espaço no mercado nacional e internacional graças à melhora contínua da qualidade dos nossos vinhos e espumantes
Sabe-se que a área de produção vitivinícola corresponde à soma de 82 mil hectares, dividida entre seis principais regiões brasileiras. Além disso, são contabilizadas mais de 1,1 mil vinícolas no país, onde a maioria está instalada em pequenas propriedades. Os dados, que se referem ao ano passado e foram apresentados pelo Instituto Brasileiro do Vinho (IBRAVIN), corroboram a variedade de locais que podemos investir para proporcionar o crescimento do enoturismo brasileiro.
Graças aos produtores locais, conseguimos consolidar o nosso país como o quinto maior produtor de vinhos no Hemisfério Sul. Os nossos produtos, cada vez mais, estão se tornando conhecidos, portanto, devemos ser conscientes de que cada passo é determinante para engrandecer as nossas plantações e produções.
A expertise brasileira é uma qualidade importante nesse aspecto. Como já dito por Humberto Conti, produtor de vinhos da vinícola Villaggio Conti, localizada em São Joaquim, o vinho é a expressão da fruta, entretanto, deve-se saber como trabalhar com determinadas uvas para que o produto seja de qualidade.
Vemos o trabalho interno de todas as regiões que buscam otimizar os seus processos e, como exemplo, podemos citar a grandiosa Vinícola Zanella, gerida pelo Gladimir José Zanella, em Antônio Prado, na Serra Gaúcha. Por lá, a movimentação das empresas é de modernização. Houve um grande investimento no enoturismo local, onde as vinícolas implementaram pousadas no seu interior juntamente com restaurantes que, por sua vez, oferecem comidas típicas da região. Muitos locais se destacam, também, com cursos de degustação, almoços e jantares harmonizados, despertando o interesse das pessoas em unir o vinho com a gastronomia.
Vale citar também a Serra Catarinense no que diz respeito à consolidação do mercado de vinhos brasileiros. A região, onde, inclusive, está localizada a Villaggio, tem está entrado no circuito do enoturismo por conta da qualidade dos rótulos locais: o clima propício, com chuvas nas épocas certas, potencializa o processo de brotação. Além disso, as temperaturas amenas influenciam a dormência das plantas, o que é fundamental para gerar vinhos equilibrados, saborosos e bem estruturados.
O enoturismo brasileiro é gigante! E, por sua magnitude, está conseguindo mais espaço no mercado nacional e internacional graças à melhora contínua da qualidade dos nossos vinhos e espumantes. Isso tudo, claro, é fruto do esforço das vinícolas e agricultores que buscam, constantemente, a melhora da qualidade da uva produzida por meio de investimentos em vinhedos e novas técnicas de plantio e manejo.
Os enólogos, protagonistas da data comemorativa da próxima quinta-feira, são responsáveis por essa evolução e não medem esforços para elaborar vinhos e espumantes, sempre com uma qualidade superior, safra após safra. Viva o nosso desejo de crescer em diferentes segmentos e ao desempenho de grandes profissionais que transformam o enoturismo em uma atividade vital para inúmeras famílias do nosso país! Nós temos uma verdadeira riqueza em nossas terras.
*ALEXANDRE SAMPAIO é Presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA)