A proeza audaciosa de abrir um hotel por dia, em 2019, ao redor do mundo, faz da Accor exemplo de corporação vencedora. No total, foram agregados ao portfólio da companhia um total de 327 hotéis e 45.108 mil quartos. Na América do Sul, alcançou volume de negócios na casa de 1 bilhão de Euros – 22% a mais em relação a 2018. Foram abertos 26 hotéis na região (3.400 quartos) – 20 deles no Brasil (2.834 quartos), que inclui o 1º Fairmont do Continente, em Copacabana, Rio de Janeiro.
Texto Gabriel Emídio – Reportagem Paulo Atzingen
Em coletiva de imprensa realizada nesta 4ª Feira, no hotel Pullman São Paulo Ibirapuera, executivos da empresa hoteleira, sob a liderança de Patrick Mendes, CEO Accor América do Sul, os jornalistas tiveram oportunidade de atualizar informações sobre diferentes aspectos do jeito Accor de fazer hotelaria. E da evolução nada ortodoxa que imprime à condução e gestão dos seus negócios.
Caráter inclusivo
Patrick Mendes lembrou o caráter inclusivo da Accor, onde 52% dos quadros gerenciais na América Latina são ocupados por mulheres. Há um compromisso sério com a causa LGBT+, expresso na contratação de pessoal e no trato com os diferentes perfis de público. A empresa se definiu como protagonista nestas questões, para alcançar melhoras constantes na integração das pessoas.
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Os mais de 20 mil colaboradores na região ganharam a nomenclatura Heartists – neologismo que funde as palavras Heart (coração) e Artists (artistas). Não por acaso, a Accor está entre os 10 maiores e melhores empregadores da AL.
“Com a instituição do Heartists, quisemos dar a cada colaborador a condição de ser como ele é. Buscamos ensiná-los a serem eles mesmos, genuínos. Isso não é fácil, porque é mais difícil desaprender do que aprender”, salienta Mendes.
All – Accor Live Limitless
Outra inovação está no ALL- Accor Live Limitless, cartão fidelidade onde o cliente de qualquer bandeira da companhia acumula pontos e tem vantagens – esteja ou não hospedado, já que a empresa conta com mais de 70 parceiros de bares, restaurantes, esportes e música. “Trata-se de uma plataforma integrada que substitui, preserva e amplia todos os benefícios do Le Club, o programa de fidelidade até então vigente”, diz Patrick Mendes.
Ritmo e rumo dos investimentos
O DIÁRIO DO TURISMO indagou a Patrick Mendes se a Accor mudou o foco, em relação a 2015, na esteira da grande crise de 2009. Naquele ano, a companhia se voltava para investimentos nos hotéis econômicos. E hoje, o segmento Luxo está em pauta, na América do Sul. “Não mudamos o foco, apenas estamos adicionando. A base da pirâmide, especialmente no Brasil, é fundamental para o nosso negócio”, salienta o executivo.
Mendes se reporta a dados que mostram a quantidade de quartos hoteleiros por mil habitantes. Na Europa, oscila de 12 a 14; nos EUA fica em torno de 16; e no Brasil são 2.5 por mil habitantes. “Isso mostra um potencial de crescimento considerável, com destaque para hotéis econômicos. Daí estarmos focados em estratégias de expansão por meio de franquias, para continuarmos em crescimento”, explica.
Por outro lado, conta que a empresa procura incorporar mudanças que ocorrem na economia e no comportamento. “O cliente brasileiro e sul-americano está se modernizando, ganhando mais dinheiro e viajando mais. No Brasil, percebe-se isso com a queda do real frente ao dólar. Em vez de ir para Miami ou Paris, ele viaja para destinos domésticos. Então cresce a procura por ofertas Lifestyle e Luxo. E há muitos investidores enxergando desta maneira”.
Abel Castro, VP de Desenvolvimento, acrescenta que a retomada dos negócios hoteleiros, que voltaram a ser atrativos, passa pelo aumento da ocupação, da rentabilidade e do retorno sobre o investimento. “Agora estamos entre a retomada da rentabilidade do hotel e o investimento. Em nossa região, não se cogita o incremento maior do segmento Luxo, em relação ao econômico. Apenas estamos atentos o segmento luxo, para não se perder oportunidade”.
Já Philippe Trap, COO Luxo & Lifestyle para a América do Sul, entende que o crescimento das marcas Luxo se dá em função da democratização do destino. “As marcas de Luxo estão condicionadas aos clientes de fora, do mercado mais internacional – e não àquele estritamente local”. Revela mapeamento em que há 150 cidades brasileiras aptas a receberem investimentos para o modelo Ibis. E apenas 5 ou 6 localidades que comportariam o Fairmont.
Ampliar o leque
A confiança da Accor Hotels no Brasil segue inabalável. “Nós suportamos todas as crises porque somos grandes. E nós aproveitamos essas crises para ganhar voz”, relata Patrick Mendes. Acrescenta que em 2015, quando assumiu, a Accor tinha 230 hotéis na América do Sul. Em 2021, terá 460 – uma duplicação em 5 anos.
A partir da base da pirâmide, em direção ao topo, o objetivo da empresa é dispor de produtos hoteleiros para todos os consumidores. “Há uma diversidade crescente dos hábitos de consumo. E o consumidor está cada vez mais versátil. Um dia viaja a negócios, fica num Ibis. E esse mesmo consumidor, ao viajar com a família, a lazer, quer outra modalidade de hospedagem”, pondera Mendes.