Edição do DT com Agências
Com 20 anos navegando nos mares da Patagônia chilena e argentina, o comandante Adolfo Navarro, do navio Via Australis, concedeu esta entrevista exclusiva ao DIÁRIO, acompanhe:
DIÁRIO – Quais são as principais exigências profissionais para comandar um navio como o Via Australis aqui nos mares do sul?
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ADOLFO NAVARRO – É necessário uma série de requisitos, entre elas ter competência de alguns anos em navegação (experiência de um ano pelo menos) nesta região e estar licenciado pelas marinhas dos países em que se navega, além de experiência em navegação em canais e fiordes. Temos que estar em uma ótima condição de saúde, física e psicológica para não falhar em momentos decisivos…
DIÁRIO – Que momentos decisivos são esses capitão? Quais os locais nessa região que requerem mais atenção?
ADOLFO NAVARRO – Há vários lugares, entre eles no desembarque, principalmente. Temos que ter muita atenção quando o clima está complicado. Nos fiordes quando há muita presença de gelo, tudo depende também das condições de clima…
DIÁRIO – Em uma experiência recente íamos desembarcar na ilha de Magdalena, em frente à Punta Arenas, mas não foi autorizado este procedimento. Quais foram as razões?
ADOLFO NAVARRO – Na Ilha Magdalena, naquele período acredito que foi a velocidade do vento. Quando o vento está a mais de 180 nós, a operação dos zodíacz (barcos infláveis) não são permitidos, é impossível. Para evitar algum tipo de incidente, cancelamos…tudo em nome da segurança de nossos passageiros e tripulação.
DIÁRIO – O que lhe inspirou para ser comandante de navio de cruzeiro de expedição?
ADOLFO NAVARRO – Gosto muito do mar. Estudei para ser piloto na Marinha Mercante. A carreira é muito longa e possui muitas opções. Comecei aos 18 anos. Hoje tenho 20 anos na profissão. Fui terceiro oficial, segundo oficial, primeiro oficial, e hoje sou capitão. Para cada etapa se gasta em média 36 meses de embarco efetivo.
DIÁRIO – Com a invenção dos equipamentos modernos de navegação, como o GPS, os mapas cartográficos caíram em desuso?
ADOLFO NAVARRO – Nem todas as zonas que navegamos estão cobertas por carta eletrônica. Utilizamos o GPS sim, nos auxilia muito, mas para uma navegação completa e segura usamos a carta de papel. Em alguns trechos, como no estreito de Magalhães, utilizamos a carta eletrônica, mas em outros, onde ainda não foi mapeado eletronicamente, utilizamos a carta antiga, o mapa cartográfico. E utilizamos também a sinalização costeira, com várias demarcações e mantendo distância apropriada da costa.
* O DIÁRIO, a convite do Australis Cruzeiros, viajou no navio Via Australis de 6 a 10 de abril