Afinaidade: afinal o que é isso? Pesquisei que figura de linguagem representaria o nome do mais novo site de notícias destinado a pensar, refletir e fazer viajar as pessoas com mais de 60 anos. Afinaidade seria uma metáfora, um trava-língua? uma prosopopéia?
Por Paulo Atzingen*
É isso mesmo o que você leu: Afinaidade. Um nome pra lá de original que (não) dispensa explicações pois traz dentro de si um monte de coisa que não caberia em uma notícia de jornal de turismo: sabedoria, poesia, engenharia, filosofia, teologia, harmonia e até padaria e confeitaria, porque não? Afinal, o que somos se não uma soma de conhecimento, emoções e informações que vão sendo construídas ao longo dos nossos anos, ao longo da nossa vida?
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Afinaidade é, afinal, uma afinação de ideias? Afinaidade é, afinal, uma afinidade com o tempo? Afinaidade é, afinal, um gesto fino com o outro (uma gentileza?).
Talvez.
Afinaidade talvez seja uma construção de uma torre, onde se coloca tijolo sobre tijolo, pedra sobre pedra e quando menos se percebe a torre alcançou as nuvens e já estamos grisalhos.
Afinaidade talvez seja a busca que fazemos dia a dia, mês a mês, ano a ano, talvez a vida toda, por um abraço, um sorriso, uma atitude franca que gere essa energia boa da retribuição, da solidariedade, da sintonia, da afinidade com alguém.
Afinaidade talvez seja essa esperança que temos (ou que tínhamos mais no passado) de mundos incríveis, justos, alegres (quase inocentes) que foram substituídos por nossa seriedade de adultos.
Afinaidade talvez seja essa consciência (alcançada) de que quanto mais eu multiplico a minha atenção e me divido em milhares, mais eu subtraio em mim mesmo o amor, parafraseando Belchior.
Afinaidade talvez seja a nossa própria sintonia quando chegamos a um lugar (o topo de uma montanha, por exemplo), e lá nosso corpo, coração e mente se fundem em um só. O que nos resta é: chorar de emoção.
Mas o que é Afinaidade, afinal?
As artistas, digo, as jornalistas, criadoras do site, Cecília Fazzini e Nina Marciano respondem:
“Estávamos muito afinadas com outros trabalhos que fizemos ao longo dos últimos 20 anos e a ideia nasceu. Partimos para um projeto novo”, disse-me Cecília.
Segundo ela, os longevos, os maduros, os 60+, não importa o nome, buscam, uns mais outros menos, saírem da invisibilidade, e o site www.afinaidade.com.br servirá como um canal para isso.
“Nosso objetivo é, apesar de não ser nada revolucionário, é quebrar preconceitos velados contra esse nicho de pessoas que ultrapassou a barreira dos 60 anos”, completou Cecilia.
“É também um projeto profissional nosso. Os mais jovens dizem por que não vamos curtir uma aposentadoria, uma diminuída no rítmo. Eu respondo: Não consigo, quero continuar produzindo, criando, escrevendo. Quero ainda entregar muito de mim para esse projeto e que as pessoas entendam e que seja algo bom pra vida delas.“, disse Cecília à reportagem.
Cecília reforça as estatísticas e pesquisas a respeito dos longevos no Brasil e no mundo. Gente na faixa a partir dos 60 não vai faltar. Segundo os últimos números do IBGE, os Indicadores de envelhecimento da população brasileira aceleraram para níveis recordes, e pessoas de 65 anos ou mais já representam 10,9% do total de habitantes no país —dos 203,1 milhões de brasileiros, 22,2 milhões estão nesta faixa etária, segundo o instituto de pesquisa.
Fugir do lugar comum
A jornalista Nina Marciano, que labuta há quarenta anos no jornalismo e há 30 no segmento do turismo, adianta ao DIÁRIO que comprou a ideia de Cecília (uma compra subjetiva deixou claro) e que em conjunto criaram um site agregando temas como bem-estar, comportamento, cultura, moda, finanças, pesquisas e claro, turismo. “A ideia é fugir do lugar comum de associar maturidade a remédios, tratamentos, doenças ou morte”, sintetizou.
Ela adianta que no quesito turismo, sua praia, a plataforma está dividida em três partes: Dicas de destinos e produtos dadas por pessoas que vivem no local, no lugar. Turismo de experiência, que são operadoras, agências, fornecedores dos produtos de turismo que são entrevistados, todos dessa faixa etária. E os depoimentos “Estive Aqui”, da própria Nina, uma compilação de seus 30 anos de viagens, do que viveu e assistiu.
“O mais importante disso tudo, completa, é que não paramos, continuamos na ativa, continuamos criando. Creio que possa ser uma motivação para todos. Não devemos nos entregar. Sempre é tempo de criar de fazer e de empreender”, ensinou.
Depois que terminei essa reportagem tive um estalo: Afinaidade está mais para neologismo!
ENTRE NO AFINAIDADE!
Paulo Atzingen é jornalista e fundador do DIÁRIO DO TURISMO