No segundo dia da FITUR, feira global que reúne profissionais do turismo e lidera os mercados do setor ibero-americano e que acontece em Madri, o DIÁRIO DO TURISMO conversou com Alexandre Sampaio, presidente da FBHA – Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação.
por Paulo Atzingen, de Madri*
Durante a entrevista, Alexandre destacou dois temas relevantes: os impactos do segundo governo de Donald Trump na economia global, especialmente no turismo, e uma reunião internacional que discutirá a reforma do Airbnb.
Sobre o governo de Donald Trump, Alexandre Sampaio ponderou:
“O governo republicano de Trump não deve prejudicar o turismo mundial. As políticas relacionadas a vistos americanos devem se manter, mas para o Brasil, infelizmente, pode haver um atraso na concessão de vistos privilegiados. Hoje, as concessões a negócios continuam razoáveis, mas no nível nacional, o Brasil ainda não deve obter um tratamento semelhante ao dos países europeus, que têm isenção de visto. Isso é uma pena, considerando que alguns estados brasileiros têm uma ligação significativa com os Estados Unidos por meio de suas comunidades imigrantes.”
Ele também comentou sobre as políticas migratórias restritivas de Trump:
“Com as medidas anti-imigração que ele deve implementar, pode haver uma redução na entrada de imigrantes ilegais. Talvez, no futuro, isso abra espaço para que o Brasil consiga conquistar um regime de vistos privilegiado, mas por ora, isso parece distante.”
Reforma do Airbnb em pauta
Outro tema de destaque na conversa foi a questão do Airbnb e o impacto da plataforma no setor de hospedagem. Alexandre revelou que a FBHA está coordenando a vinda ao Brasil, em 2025, de uma estrutura internacional, composta por associações hoteleiras de diversos países, como Japão, Canadá, Estados Unidos e várias nações europeias. Ele detalhou os objetivos dessa mobilização:
“A ideia é desenvolver políticas globais para adequar o funcionamento do Airbnb. Hoje, o que buscamos é mais justiça fiscal e competitiva. Por exemplo, os anfitriões precisam pagar impostos equivalentes aos hotéis. Não é justo que usufruam de uma posição vantajosa sem contribuir adequadamente. Além disso, queremos que as prefeituras restrinjam essas locações para áreas menos nobres, evitando uma concorrência desleal.”
Alexandre Sampaio reforçou que a intenção não é limitar o uso das propriedades pelos anfitriões, mas criar um equilíbrio no mercado. Ele enfatizou:
“Longe de nós querer restringir o direito do anfitrião de alugar sua moradia, mas isso precisa ser feito com parâmetros claros. Após a reforma tributária, esperamos que essas pessoas sejam tratadas como imobiliárias, contribuindo com impostos como a DIMOB [Declaração de Informações sobre Atividades Imobiliárias]. Isso pode elevar os custos, mas cria uma concorrência mais igualitária.”
Ele também compartilhou sua meta para a FITUR:
“Pretendemos sair daqui com uma data definida para a reunião no Brasil, em 2025. Nosso objetivo é avançar nesse debate com soluções globais.”
A fala de Alexandre Sampaio reflete a busca por uma regulação mais justa no mercado de hospedagem, considerando os desafios impostos pelas novas dinâmicas de compartilhamento de imóveis.