Bertioga sonha mais alto que a Riviera de São Lourenço

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Bertioga pensa projetos mais altos que a Riviera de São Lourenço. Sim. O município de 65 mil habitantes que tem em seu coração um bairro planejado por Luis Carlos Pereira de Almeida há 40 anos – a Riviera de São Lourenço – não pode mais se dar ao luxo de viver sob as bençãos da indústria imobiliária e da construção civil. Uma cidade tem perspectivas e desafios muito maiores que um conglomerado de prédios e apartamentos, geralmente criados com um fim em si mesmo. Bertioga tem demandas mais complexas que envolvem criação de emprego e renda por meio de atividades produtivas, sustentáveis como, por exemplo, o bom uso de seu mar e de seus rios.

por Paulo Atzingen*


Embora seja um município com orçamento e arrecadação que não se compara a gigantes como Santos e Guarujá – (o orçamento total do município em 2020 foi de R$ 541 mi – segundo site da prefeitura, já o de Guarujá foi de R$ 1.9 bi e o de Santos de R$ 3.1 bi)  a cidade litorânea de Bertioga possui aspectos naturais e geográficos que o alçam à frente de vários municípios praianos.

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Maio Náutico

O prefeito Caio Matheus, na abertura do evento online Maio Náutico Bertioga, na última sexta-feira (21), elencou alguns desses aspectos: riqueza hidrográfica (o município tem três grandes rios – o Itapanhaú, o Itaguaré e o Guaratuba -, mares abrigados, proximidade à capital, áreas livres para construção de novas marinas, estaleiros e áreas públicas que podem ser utilizadas por meio de parceiras público privadas, entre outros itens. ““Bertioga tem vocação natural para o turismo náutico, reunindo condições favoráveis para navegação marítima e fluvial, com regiões de águas abrigadas, como o Cantão do Indaiá e Canal da Enseada. Além disso, o município possui áreas disponíveis para parcerias público-privadas que possam ser destinadas ao fomento do turismo náutico”, declarou.

O prefeito Caio Matheus, na abertura do evento online

“Poucos países do mundo tem o potencial do litoral norte para eventos dessa natureza”, afirmou Vinícius Lummertz, secretário de turismo do Estado de São Paulo na abertura do evento. Ele chegou a arriscar que com investimentos, segurança jurídica e organização o litoral norte pode fazer páreo com Buenos Aires e Miami. “Não devemos nada a esses destinos, só que é necessário muito trabalho. São Paulo está dando grandes passos e uma consciência política está sendo construída”. Lummertz provavelmente se referia a interesses comuns entre os municípios que integram o Circuito Litoral Norte: Bertioga, Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba.

Refinamento e cadeia de serviços

Sem a preocupação de quebrar o paradigma de que essa modalidade de lazer e turismo destina-se a uma alta classe econômica – que compra uma vara de pescar de 10 mil reais ou uma lancha de 50 pés a 300 mil dólares, o diretor de turismo de Bertioga, o biólogo Filipe Toni Sofiati, explica que o turismo náutico refina a competitividade do turismo de Bertioga, mas não exclui e sim amplia frentes de trabalho.

Filipe, diretor de turismo da Prefeitura de Bertioga (Crédito: DT)

“Muitos municípios têm turismo de sol e praia. Porém o turismo náutico movimenta uma cadeia que vai além da questão secundária – entendido aqui como empregos, aquisição de embarcações, serviços, abastecimento de combustível e hospedagem. O turismo náutico tem uma questão complementar que é o que a cidade ganha com novos equipamentos, melhor infraestrutura, construção de marinas, estaleiros”. Ele reforça de que quando se fala em turismo náutico não se refere apenas a uma embarcação, mas a uma cadeia de serviços. “Essa pessoa que vem aqui para pegar sua embarcação e fazer seu passeio, vai querer também conhecer as cachoeiras, as praias, os rios”. Segundo ele, a prática do turismo náutico puxa para cima o nível do receptivo, da hotelaria, dos serviços e da gastronomia. “Quanto mais incorporamos ao nosso município o turismo náutico, o nível da cadeia, do trade, se eleva”, afirma.

Importância do turismo náutico na competitividade de Bertioga

O secretário Municipal de Turismo de Bertioga, Ney Carlos, em entrevista ao DIÁRIO afirmou que foi observado um crescimento do turismo náutico em Bertioga, por conta da pandemia. “Não perdemos nem renda nem emprego com o coronavírus. Grande leva de empresários que possuem a segunda moradia aqui, passaram a viver em Bertioga. Muitos adquiriram lanchas.  As marinas ficaram lotadas a partir dessa pandemia”, afirmou.

O Secretario de Turismo de Bertioga, Ney Carlos

De acordo com Ney, o wokshop Maio Náutico Bertioga organizado pela secretaria de Turismo Esporte e Cultura do município, foi um ensaio para um evento presencial e que será incorporado ao calendário de eventos do município.

Nessa perspectiva de ter o mar e os rios como a base de um projeto econômico e sustentável – gerador de emprego, trabalho, renda, capacitação profissional e posicionamento no mercado nacional e até internacional, Bertioga abraça uma ideia como abraçou o projeto da Sobloco Construtora, empresa responsável pelo Riviera de São Lourenço há 40 anos atrás.

Quem sabe, em um futuro próximo, o Turismo Náutico dê  tão certo que todos possam dizer com orgulho: eu estou em Bertioga, eu fiz turismo em Bertioga, ou eu navego na Riviera Bertioga!

Turismo fluvial também é náutico (Crédito: divulgação)

 

  • Riviera — termo usado em referência a uma região costeira; devido à popularidade das Riviera Francesa e Riviera Italiana, virou moda utilizar o termo para designar muitas praias ao redor do mundo, principalmente praias tropicais e turísticas

A última feira do segmento, São Paulo Boat Show, em novembro de 2020, movimentou R$ 155 milhões em seis dias. Dados do Fórum Náutico apontam que ocorreu um incremento de 70% no turismo náutico, em 2020 e que a cadeia náutica de lazer, no Estado de São Paulo, movimenta cerca de R$ 5,3 bilhões/ano. E emprega em torno de 7,5 mil pessoas – direta e indiretamente.


*Paulo Atzingen é jornalista

 

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  1. Praticamente nasci em Bertioga , sou do tempo em que tinha luz só no antigo centro. Infelizmente
    acompanhei a deterioração do meio ambiente e o crescimento
    da violência o quê acontece em
    todo o país. As vezes penso em
    viver na cidade e investir o pouco
    de tempo que me resta , havendo uma ação sustentável , séria e honesta certamente bons frutos serão colhidos.
    Paulo Henriques

  2. Bom dia, nasci em Santos, e fui criada em Bertioga desde os anos sessenta, Bertioga virou um aglomerado de imigrantes.Sou do tempo em que Bertioga só tinhs quatro ônibus na empresa.Bertioga cresceu muito, MD falta mão de obra para tantos que precisam trabalhar.
    Outra coisa,o mundo é formado por países, e países formam o mundo.Não é certo a expressão”Países do Mundo”,

  3. Estão no caminho certo.
    Mas deveria se pensar primeiro, em como acessar a cidade, que em dias de grande fluxo de veiculos, ( feriados prolongados e final de ano ) a chegada e a saída sa cidade fica angustiante dentro dos carros.
    Poderia pleitear junto ao gov de SP no mínimo a duplicação da Mogi-Bertioga.

  4. Infelizmente só foi dito o óbvio, todo mundo sabe que Bertioga tem grande potencial turístico, mas não possue planejamento nenhum, acredito que agora nem dinheiro para executar algo tenha, tendo em vista que a tão desejada parceria pública privada tornou-se quase inviável devido a pandemia, agora é fato que o dólar alto pode alavancar o turismo de praia no Brasil, bastaria apenas copiar modelos de sucesso aplicados no exterior que são super adaptáveis a realidade brasileira, mas a administração pública no Brasil sofre em capacidade de execução, vive de projetos que quase nunca saem do papel.

  5. Deixei de frequentar Bertioga, devido tanta persistência do prefeito em multar os carros, proibido estacionar em qualquer local da cidade, fechar a as vagas dos bolsões de parada na orla, em todo lugar que tentei parar o carro tomei multa, até em ruas que parecia trilha, risquei Bertioga das nossas viagem desde 1997.

  6. Com certeza a cidade, o município de Bertioga, tem potencial para ser visto e lembrado não só pela Riviera. O município em si, seus moradores e visitantes merecem algo muito melhor, e que o poder público possui sim condições de oferecer. Mas tem que se querer isto, construindo tudo de forma organizada, planejada e com respeito.

  7. Amo Boraceia, mas falta infra estrutura, falta lojas cartório, Bancos e calçadão. Pagamos impostos caros nem CEP não tem na praia. Precisamos de posto 24 há de assistência médica, caso precise de um hospital ou é no centro de Bertioga ou em Boissucanga.

  8. Sonhar é livre, ter alucinações é duvidoso. Achar que se pode criar aumento turístico náutico em grandes proporções necessita de muitos estudos técnicos para medir consequências. Um comparativo de pequeno porte poderá demonstrar grandes equívocos. Basta analisar a nova rodoviária. Um tremendo elefante branco sem soluções e até hoje sem utilização. Um sonho (pesadelo) da demonstração de falta planejamento. Espero que não venham reverter a reserva ambiental de Itaguare em mais um desastre, devido a resultado de um típico sonho de uma noite mal dormida.

  9. TURISMO PARA PRIVILEGIAR BURGUESES …COMO SEMPRE. ALIÁS , SECRETÁRIO…DIRETOR…DE TURISMO , DEVE SER UM BAITA CABIDE DE EMPREGO ESSA PREFEITURA….MUITOS MAMANDO SALÁRIOS ALTOS , ENQUANTO O CONCURSADOS GANHAM MISÉRIA.

    • Mas o prefeito atual deve ser igual o Mourão na Praia Grande,com interesses de especulação imobiliária abarrotar a cidade de prédios…

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