A BRAZTOA – Associação Brasileira das Operadoras de Turismo divulgou na manhã desta terça-feira (24), o resultado do 1º boletim do ano, que passa a ser trimestral e interativo, e traz dados da procura por viagens nacionais e internacionais e embarques, além dos destinos mais comercializados, a retomada do turismo internacional e as perspectivas para o futuro.
Por Caroline Figueiredo – Repórter do DT
Por meio de um webinar online a Braztoa apresentou os resultados da pesquisa feita pela entidade em parceria com a SPRINT Dados e com o apoio da Localiza, sobre o primeiro trimestre do ano das Operadoras Braztoa. O que foi destaque nessa apresentação foi a retomada do turismo internacional, o bom desempenho do turismo nacional, além da mudança do comportamento do consumidor. O DIÁRIO esteve presente e trouxe os principais destaques do levantamento.
Roberto Nedelciu, presidente da BRAZTOA, começou dizendo que o primeiro trimestre do ano foi bastante “tumultuado”, com férias, verão, liberação dos cruzeiros, guerra, alta do combustível, imposto cambial, entre outras coisas. “Turismo é uma coisa emocionante, cada vez tem novidades”, disse.
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E as novidades também se estendem para o boletim, que passa a ser trimestral e interativo, agora apresentado em Power BI, formato que concentra todas as pesquisas desde o início do Boletim Braztoa e as disponibiliza em gráficos dinâmicos que permitem filtros dentro de pontos específicos, permitindo alcançar comparativos de maneira intuitiva e prática, com apenas um clique. O boletim já está disponível no site da BRAZTOA (www.braztoa.com.br).
Rayane Ruas, Fundadora da SPRINT Dados, disse que “percebem a necessidade de filtrar dados e entendê-los. Através do Power BI, temos uma visualização mais ampla e acessível”.
FATURAMENTO
Quanto ao desempenho das operadoras BRAZTOA, 66,6% faturaram mais que no mesmo período de 2021 e 18,5% alcançaram a margem de 76% a 100% do ano passado. Quando comparado a 2019, período pré-pandemia que traz uma média histórica mais realista, o número de operadoras que ultrapassou 100% do faturamento cai para 14,81%, enquanto 37% faturaram entre 50% e 100%, e 48,1% ainda trabalham para alcançarem 50% do que venderam em 2019.
Roberto comentou o faturamento: “Vários aspectos que impactam bastante nisso. Dólar muito alto no começo do ano, mas Graças a Deus, diminuiu um pouco. Os países estavam fechados, os EUA abriram recentemente e alguns países da Europa também. No Carnaval, as pessoas viajaram, mas foram viagens regionais. Mas o pessoal optou por viajar dentro do Brasil mesmo. A Guerra não influenciou tanto, mas ficou difícil comercializar com alguns países Quando comparado à 2021, está melhor, quando quase ninguém podia viajar. ”
EMBARQUES
De acordo com o levantamento da BRAZTOA, nos embarques, 51,8% das operadoras ultrapassaram o número de embarques do mesmo período de 2021,. Já 29,6% embarcaram entre 50% e 100% do ano passado, e 18,5% continuam com os embarques abaixo dos 50%. Ao comparar os números com a média histórica, 14,8% das operadoras foram além dos 100% de embarques feitos antes da pandemia, 33,3% embarcaram entre 50% e 100% e 51,8% continuam trabalhando para alcançar 50% dos patamares de 2019.
Marco Aurellio Di Ruzzi, da BRT consolidadora e operadora, disse que esses números vêm de fatores diversos. “O cenário que a gente tinha no primeiro trimestre era de fronteiras mais fechadas, e o problema de visto americano ainda retido. Acredito que agora com essas barreiras sendo derrubadas, os números vão mudar significativamente”, ponderou.
Ao todo, 86% dos embarques foram de viagens nacionais e 14% das viagens internacionais.
PERÍODO DE EMBARQUE
Das vendas realizadas entre janeiro e março de 2022, 86% foram para viagens nacionais e 14% para o internacional. Sobre as datas para realização das viagens nacionais vendidas nos três primeiros meses deste ano, 46,2% foram para embarque já no primeiro trimestre do ano, 24,9% para o segundo trimestre, 23,1% para o segundo semestre do ano, e 5,9% acontecerão em 2023 ou depois.
Quanto ao período para embarque internacional, 28,6% aconteceram no primeiro trimestre, 28,6% ficaram para período entre abril e junho, 23% para o terceiro trimestre, 11,9% para o quarto, e 7,9% se realizarão em 2023 ou depois.
VENDAS NACIONAIS
No primeiro trimestre de 2022, 71% dos embarques nacionais foram de novas vendas. Destas, 51% englobavam seguro-viagem.
“Nordeste merece um prêmio. Todos os destinos mais vendidos foram do Nordeste”, disse Roberto.
Entre os destinos mais vendidos, em primeiro lugar está Salvador, seguido de Fortaleza, Maceió e Natal em segundo lugar, e Porto de Galinhas e Porto Seguro em terceiro.
Para Mariana Aldrigui, da USP e Fecomercio, “olhando esses dados, a primeira grande conclusão é o reconhecimento do empenho tanto da promoção estadual quanto da local, que investiu na promoção desses destinos, mesmo durante a pandemia, o que criou desejo e compra. Todo mundo apostou e conseguiu esses resultados, que ainda tendem a ser melhores nos próximos meses. Estou bastante satisfeita”.
VENDAS INTERNACIONAIS
No internacional, 67% dos embarques vieram de vendas novas, sendo 78% com seguro. Entre os destinos mais vendidos, estão em 1º lugar Orlando, Cancún, Lisboa, em 2º lugar Paris e em 3º Dubai e Egito.
Marco analisou: “A gente tem quase metade das viagens nacionais sendo realizadas no mesmo trimestre da compra. Isso não significa desconfiança, pelo contrário, significa confiança e estava todo mundo louco para viajar, sair de casa. No internacional, a gente vê bem isso: o pessoal já tem planejado, vendas para o 2º trimestre. Isso mostra que as operadoras BRAZTOA e as agências de viagem foram muito importantes para isso e geraram confiança do consumidor”.
Quando a compra com adesão de seguros, Roberto disse que “os seguros estão sendo feitos com cobertura de COVID. Se a pessoa pegar, ela terá que ficar no hotel em quarentena ou no hospital, dependendo da gravidade, e o seguro ajuda bastante neste custo”.
TEMÁTICO – RETOMADA INTERNACIONAL
Quando as operadoras foram questionadas se a abertura das fronteiras e a queda do dólar aumentou a procura por viagens internacionais, 85% responderam que “MUITO”, com destaque para 3 destinos: Europa, Estados Unidos e Argentina.
As operadoras também foram perguntadas se é possível perceber um fluxo de passageiros que trocaram os embarques nacionais pelos internacionais, a maioria respondeu SIM.
Roberto explicou que “a malha aérea brasileira ainda não está plena”. E complementou: “O preço das passagens aumentou. Quando você compra passagens aéreas com antecedência, você consegue menores preços. Ás vezes, viajar para a Europa ou até para a Ásia é mais barato do que viajar pelo Brasil. Então, depende muito do prazo que você compra e das condições”.
Entre os países que estão sofrendo com as restrições, o principal é a Alemanha e o levantamento da BRAZTOA foi feito antes da guerra.
“Alemanha tem um problema que eles não estão aceitando a entrada de ninguém vacinado com Corona Vac. Nós da BRAZTOA já mandamos carta para eles, conversamos com eles, mas ainda não temos previsão. O Butão e a China estão completamente fechados. O Leste Europeu por conta da Guerra.”, explicou Roberto.
TEMÁTICO DAS VIAGENS
Entre os produtos mais comercializados nas viagens internacionais, destacam-se, em ordem decrescente: Luxo, praia e sol, cultural, bem-estar, lua de mel e cruzeiros, gastronomia, religioso, aventura e ecoturismo, esportes e negócios/eventos.
Inflação não afeta fatia de 20% de brasileiros
Mariana Aldrigui analisou: “Quando a gente fala do mercado brasileiro, estamos falando de no máximo 20% da população. 80% da população não tem acesso às viagens. As operadoras que estavam focando no turismo internacional, fizeram uma ampliação e focaram nesta promoção para o turista brasileiro. O setor de luxo segurou muito bem o ano de 2021. Nós temos relatos de muitos bons resultados. Como abrem-se as fronteiras e o consumidor é o mesmo, ampliou para um patamar abaixo do luxo e houve a procura por lua de mel, destinos românticos. O que nos preocupa é que a inflação de fato quase não afeta esse grupo de 15 a 20% que trabalhamos no turismo. Mas se ela afeta as famílias, diminui o poder de compra.” “Mais um imenso desafio é conseguir incluir preços e políticas que viabilizem o valor dessas passagens aéreas. É preciso ser muito claro com os clientes e colocar alternativas de deslocamento mais viáveis.”, pontuou Mariana.
Quando questionado se o turismo internacional se manterá com o sobe e desce do dólar, Roberto disse que o sobe e desce que é o problema. “Mas o turismo internacional veio para ficar. Pessoas que tem poder aquisitivo e não são afetadas pela inflação vão continuar seguindo. O turismo internacional veio para ficar e o Brasil foi descoberto, porém não pelos brasileiros. Então esse é o momento de aproveitarmos essa visibilidade para melhorar os nossos produtos e os nossos serviços”, respondeu.
APOSTAS PARA 2022 E PREÇOS DE PASSAGENS AÉREAS MAIS ACESSÍVEIS
Entre as apostas de destinos internacionais para 2022, os participantes sugeriram cidades com boas conexões aéreas, como Miami, Nova York e Europa, além de turismos mais próximos e acessíveis, como Córdoba, na Argentina, e ainda o verão europeu na Itália ou em alguma cidade europeia e a procura por Dubai e Egito também pela Copa do Mundo no Catar.
Por fim, sobre preços mais acessíveis de viagens aéreas, houve um consenso que “antecedência e planejamento” são as melhores opções para economizar.
Para saber mais, acesse o site da BRAZTOA.