O 20º voo com deportados brasileiros dos Estados Unidos pousou no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, na região metropolitana, na última sexta-feira (25), com 52 pessoas, de acordo com a BH Airport, concessionária que administra o terminal. O número de deportados chegou a 1.115 desde outubro de 2019, ano em que o Itamaraty mudou o trato de brasileiros no exterior e reduziu a burocracia para o retorno dos imigrantes em situação irregular.
O DIÁRIO ouviu Rodrigo Lins, pesquisador da imigração americana e autor do livro internacionalize-se: parâmetros para levar a carreira profissional do Brasil para os EUA legalmente”, Rodrigo Lins, comentou sobre a tolerância zero para imigração ilegal, revelou a procedência da maioria desses brasileiros e as ações do Itamaraty para minimizar os efeitos da deportação.
REDAÇÃO DO DIÁRIO
Veja também as mais lidas do DT
DIÁRIO: Quais são os principais motivos que levam um brasileiro ser deportado dos EUA?
Rodrigo: Durante os últimos 10 anos muitos brasileiros imigraram de forma incorreta aos EUA, ou violando a intenção de seus vistos (quando usam o visto de turismo ou estudo para permanecer residindo e trabalhando nos EUA) ou entrando informalmente pelas fronteiras. A política de tolerância zero adotada pelo Presidente Trump nos 4 anos de seu mandato incluiu uma cultura mais investigativa na busca e captura por imigrantes que permanecem em situação irregular no país. A falta de planejamento (após imigrar) do brasileiro é a grande razão para que a maioria acabe deportado. Uma minoria de brasileiros indocumentados nos EUA procura apoio de advogados de imigração para viabilizar suas legalizações. A grande maioria entra e parmenece irregular no país. A captura e deportação é apenas uma questão de tempo.
DIÁRIO: Pode especificar de onde são oriundos esses brasileiros (quais os estados de origem?)
Rodrigo: Nos EUA os estados de Massachusetts, Flórida e Nova Jersey são os que detém a maioria de imigrantes brasileiros. Com relação à origem estadual dos imigrantes, Minas Gerais é o estado que mais “exporta” brasileiros aos EUA. Por essa razão, Mineiros, Paulistas e cariocas são maioria entre os brasileiros deportados.
DIÁRIO: Quais foram essas mudanças que o Itamaraty fez no trato de brasileiros no exterior?
Rodrigo: Durante o Governo Obama o Itamaraty no Brasil defendia a análise de cada caso de imigrante brasileiro, por parte do governo americano, antes de proceder a deportação. O atual governo brasileiro, durante a primeira visita aos EUA, afirmou publicamente no canal Fox News que os imigrantes indocumentados eram bandidos e que defendia sua sumária deportação pelo governo americano. O Itamaraty diminuiu a assistência a imigrantes indocumentados e passou a autorizar os vôos fretados pelo Governo americano para deportar em massa os brasileiros que estão detidos por problemas imigratórios. Houve, de modo geral, uma facilitação da deportação e um esvaziamento da estrutura de proteção e assistênia dos consulados e embaixada do Brasil nos EUA.
DIÁRIO: Como o senhor analisa essas questões de deportação no governo Trump e em governos anteriores. O atual é mais rigoroso ou apenas cumpre a legislação americana?
Rodrigo: Os Estados Unidos não tem consenso quando o tema é imigração. Aqui existem cidades e estados “santuários” – que protegem e concedem mais benefícios a imigrantes indocumentados e outras cidades e estados que aplicam tolerância zero com esta parcela da comunidade imigrante. O governo Trump representa essa parcela da sociedade americana mais ultranacionalista que prioriza americanos e imigração legal ao país. No âmbito federal o que ocorreu no mandato de Trump foi o cumprimento da lei e uma emissão de ordens executivas que alteraram procedimentos imigratórios a fim de desestimular a imigração ilegal para o país. Mas, o mesmo governo não encerrou a atração de mão de obra imigrante estrangeira de forma legal. O Brasil, por exemplo, liderou a emissão de vistos EB-5 (green card para investidores) na comunidade estrangeira presente nos EUA. Ou seja, de modo geral, Trump perseguiu indocumentados mas fomentou a acolhida de pessoas com intenção imigratória legal.
É preciso planejamento. Contratar um escritório de advocacia de imigração autorizado nos EUA. Fugir das dicas de youtubers e influencers
DIÁRIO: O que o senhor aconselha para um brasileiro que pensa ir a trabalho para os Estados Unidos?
Rodrigo: É preciso planejamento. Contratar um escritório de advocacia de imigração autorizado nos EUA. Fugir das dicas de youtubers e influencers que, muitas vezes, não possuem sequer autorização para estar no país. Não há caminho fácil ou “jeitinho brasileiro” na hora de imigrar. Outra dica importante é pesquisar a cidade que melhor acolhe seu perfil profissional. Como destaco em meu livro: “Internacionalize-se: parâmetros para levar a carreira profissional aos EUA legalmente”, o momento é de levar a carreira aos EUA e não necessariamente começar do zero por aqui. DJ’s, maquiadores, tatuadores, profissionais de nível técnico, além de Engenheiros, médicos, profissionais da saúde, ciências, artes e tecnologia estão sendo recebidos pela porta da frente nos EUA. Não há mais espaço para imigração ilegal por aqui.
Rodrigo Lins é Mestre em Comunicação, Especialista em linguagem audiovisual, Professor universitário, jornalista e escritor, reside legalmente nos Estados Unidos e é autor do livro “Internacionalize-se: Parâmetros para levar a carreira profissional aos EUA legalmente” lançado em 2019. Dirige a agência de Comunicação, Marketing e Imprensa multinacional Onevox Creative Solutions com sede nos EUA.