Infelizmente o trágico acidente que culminou com vítimas fatais e outras feridas decorrentes do desabamento de parte da ciclovia da Avenida Niemeyer demonstra a fragilidade do país frente a circunstâncias da falta de comprometimento, respeito e profissionalismo do poder público.
Essa obra, considerada como um dos mais valorizados legados sustentáveis da cidade olímpica, foi inaugurada há pouco mais de três meses e pretendia-se criar um novo atrativo de lazer, destinados não só aos nativos,mas também para os turistas, que teriam uma das mais impactantes vistas da orla carioca.
A ideia de ter sido batizada com o nome do lendário intérprete e compositor Tim Maia era justamente transformar sua música, do Leme ao Pontal, em realidade, ampliando o trajeto de ciclovia que já existia no Rio de Janeiro, do aterro do Flamengo, Enseada de Botafogo, Leme, Copacabana, Ipanema e Leblon, chegando a São Conrado com continuidade a Barra da Tijuca, totalizando futuramente mais de 7 quilômetros dessa alternativa de transporte.
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No dia que acende-se a chama da tocha olímpica, em Olímpia, na Grécia,o Rio de Janeiro, sede dos jogos olímpicos de verão, em contagem regressiva para receber o maior evento mundial de esportes, está de luto pelas vidas que foram ceifadas e pela total insegurança com as obras que foram ou ainda estão em construção, em uma rapidez para honrar prazos, mas pelo jeito desdenhando outros atributos.
E assim estamos caminhando para o ponto alto do pódium da vergonha com que a administração pública e por osmose outros atores da iniciativa privada tratam o nosso suado dinheiro…
Vale lembrar da situação do Estádio Olímpico João Havelange, mais conhecido como Engenhão, interditado há cerca de seis anos, já que após a sua inauguração em 2007 constatou-se ter gravíssimos problemas estruturais em sua cobertura.
Não podemos esquecer também da Vila do Pan, construída para acolher os atletas dos Jogos Pan-Americanos de 2007, e que depois teve os apartamentos vendidos para milhares de novos proprietários, e que por profundos erros de projetos ocasionaram crateras gigantes e acabaram por gerar inúmeros problemas aos seus novos inquilinos e proprietários.
Há também a Cidade da Música, conhecida como o Elefante Branco da Música, que foi construída a toque de caixa para tornar-se a mais moderna sala de concerto do Estado, e que foi alvo de críticas pelo próprio arquiteto responsável, com denúncias de superfaturamento e falhas de execução.
E nem vamos falar dos vários trechos do BRT e de outros trechos das ciclovias da cidade que também constataram problemas de finalização, com as pistas esfarelando semanas depois de inauguradas. Dá para imaginar a qualidade do material empregado nas obras.
E aí, a máxima popular se confirma: os valores gastos não podem ser considerados como investimentos e sim gastos, já que há trabalho redobrado, fomentando a necessidade de maior aporte financeiro para reorganizar o caos, demonstrando claramente, que o dinheiro público continua sendo tratado de forma amadora, irresponsável e nada humana.
E assim estamos caminhando para o ponto alto do pódium da vergonha com que a administração pública e por osmose outros atores da iniciativa privada tratam o nosso suado dinheiro, oriundo de uma absurda tributação, que nos demanda muitos sacrifícios e quase nenhum benefícios.
* Andrea Nakane é professora, empreendedora e diretora do Mestres da Hospitalidade