Caroline Putnoki: Brasil é o terceiro maior emissor para a França fora da Europa

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O Brasil só perde para os Estados Unidos e o Canadá como mercado emissor para a França. A informação foi revelada por Caroline Putnoki, diretora da Atout France para a América do Sul, durante o evento “Encontros à Francesa” realizado nesta quinta-feira (24).

Por Amadeu Castanho


Em entrevista exclusiva para o DIÁRIO DO TURISMO após o evento, a responsável pela promoção do turismo da França no Brasil e região aprofundou o assunto: “O Brasil se posicionou com terceiro mercado emissor fora dos mercados emissores europeus, depois dos Estados Unidos e do Canadá. Antes da pandemia, o Brasil estava na quinta posição”.
E fez uma previsão: “Acho que isso vai se manter em 2022 devido à demanda muito forte do Brasil e a retomada que não aconteceu ainda em outros países, particularmente na Ásia”.

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Evolução

“É bom lembrar que o número de visitantes brasileiros na França sempre aumentou nos dez últimos anos. Não teve um ano em que diminuiu. O mercado brasileiro foi ganhando importância a cada ano e a clientela brasileira ficou mais visível na França ao longo dos anos”, observou a diretora da Atout France.

“A partir de setembro de 2021, vimos a retomada acontecer de maneira muito forte e constante até atingir quase os números de dezembro 2019 ou seja 75% dos números pré-pandemia. A França contou com 1,3 milhões de entradas de turistas brasileiros em 2019, segundo a pesquisa Eve Atout France, e em 2021, totalizou apenas 40% desse número, mas atingiu isso em apenas 4 meses!”, revelou.

Comportamento diferenciado

Continuando a falar sobre os reflexos da pandemia sobre o comportamento dos turistas brasileiros, Caroline Putnoki mencionou que atualmente os turistas brasileiros têm um comportamento muito próximo daquele dos turistas europeus, reconhecidamente exigentes e bem informados.

“Acredito que os Brasileiros sempre tiveram um comportamento de viagens bem mais “europeu” que parecia nas estatísticas e nas pesquisas. Apesar de fazer parte dos “mercados” long-haul (marchés lointains), o Brasil tem um laço muito especial com a França, uma cumplicidade cultural e histórica que aproximou os dois países há séculos. E essa relação se ilustra também nas viagens. Uma viagem para a França não tem (para os brasileiros) o mesmo significado que uma viagem para um outro país. E neste sentido a expectativa dos viajantes é alta”, justificou.

“O que mudou neste período pós-pandemia é que os viajantes brasileiros estão cada vez mais a fim de desbravar novos territórios para onde eles não costumavam necessariamente ir e frequentar, lugares que já são bem conhecidos de clientelas europeias tais como os Italianos ou os espanhóis”, continuou.

Reprodução de tela do encontro

“Embora essa tendência esteja ainda iniciante, recentemente, ouvi falar de dois exemplos que me marcaram: o primeiro, de uma família procurando um motorhome (mobil home) para descobrir a região dos castelos, no Vale do Loire. E o segundo, de um casal indo para a Normandia atrás de produtores de cidra”, exemplificou.
“Os brasileiros têm cada vez mais conhecimento sobre o território francês e estão se sentindo mais seguros de se aventurar e sairem do óbvio. Regiões como a Borgonha, a Dordogne, a Bretanha ou os vinhedos do Beaujolais estão saindo das listas de desejos dos brasileiros (para se incorporarem às suas viagens)”, concluiu.

Um turista diferenciado

Caroline destaca que outra faceta dos turistas brasileiros que visitam a França é o seu perfil de consumo diferenciado, o que se reflete na divulgação de estabelecimentos e produtos de alto padrão aqui.

“O viajante brasileiro tem um nível de gasto alto e muito mais importante do que outras clientelas europeias, por exemplo. Então, dentro dos estabelecimentos de luxo e de alta qualidade, o cliente brasileiro se destaca. Em alguns estabelecimentos tais como os Palaces de France (que reúne um exclusivo grupo de apenas 31 hotéis de alto luxo merecedores da classificação oficial de palácio), a clientela brasileira representa quase 15%”, revela.

“Em média ele gasta 150 euros por dia, o que não parece muito, pois essa média inclui tanto o cliente que vai gastar 500 euros por dia quanto um mochileiro que gasta 20 euros por dia, mas essa média representa o dobro dos clientes europeus e se compara ao gasto dos americanos e asiáticos”, explica.

Concluindo a entrevista ao DIÁRIO, Caroline aprofunda a sua descrição do turista brasileiro que visita à França: ”Também acredito muito na mistura do consumo. O cliente pode viajar de classe econômica ou premium e (ainda assim) ficar num hotel 5 estrelas. O lado muito interessante do viajante brasileiro é que ele gasta (bem) em todas as categorias (de consumo durante a sua viagem): na gastronomia, no alojamento e nas compras”.

 

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