Uma fábrica de corais. Sim, é isso mesmo! Pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) desenvolveram uma tecnologia inédita que pode ajudar a salvar espécies de corais em risco de extinção. As primeiras aplicações dessa experiência estão sendo realizadas nos corais de Porto de Galinhas, no município de Ipojuca.
REDAÇÃO DO DIÁRIO
Os cientistas criaram um dispositivo que inova a técnica de transplante de corais a partir da recuperação de fragmentos. O dispositivo funciona como uma espécie de berço, onde os fragmentos são mantidos até que se recuperem e cresçam. Com isso, podem ser reinseridos em seus habitats, ocupando papel-chave no equilíbrio. O coordenador científico do projeto, Rudã Fernandes falou ao DIÁRIO sobre essa inédita experiência em Pernambuco. “Nossa perspectiva é integrar cada vez mais nossas atividades e ajudar a transformar Porto de Galinhas em referência em uma nova forma de fazer e promover o turismo”, disse ao DT. Abaixo, a entrevista com o cientista:
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DIÁRIO – Como tem sido a participação e o interesse da comunidade de Porto de Galinhas ao projeto?
Há uma parcela da comunidade que é entusiasta do projeto. Desde o início se prontificam em nos ajudar e colaboram efetivamente com a execução do projeto. É muito gratificante acompanhar a evolução do pensamento ambiental e científico deles. Há outra parcela que apoia o projeto de forma mais indireta, sendo que alguns desses esperam que o projeto possibilite novos ganhos econômicos para as atividades turísticas realizadas atualmente.
DIÁRIO – Como tem sido a participação e o interesse dos turistas ao projeto?
A gente ainda não realiza tantas atividades aos olhos dos turistas. Mas as vezes que realizamos oficinas em áreas mais acessíveis, precisamos direcionar uma pessoa da equipe especificamente para tirar dúvidas, interagir e explicar os nossos trabalhos. O interesse é muito grande, acreditamos que a manutenção do apoio ao nosso projeto vai possibilitar integrar atividades de conservação do ambiente recifal e afins as atividades turísticas tradicionais. Temos trabalhado efetivamente para tornar essa perspectiva uma realidade.
DIÁRIO – De que forma vocês estão abordando o assunto junto aos hoteleiros? Soubemos que a Associação de Hotéis de Porto de Galinhas participa…
A partir de uma perspectiva multidisciplinar, antes da pandemia, promovendo eventos “Diálogos recifais e Oficinas de Transplantação”, realizando parcerias com estabelecimentos comerciais, buscando apoio com equipamentos e outras atividades correlatas. A partir do ano passado, as interações aumentaram via conversas e atividades conjuntas com o trade hoteleiro. Nossa perspectiva é integrar cada vez mais nossas atividades e ajudar a transformar Porto de Galinhas em referência em uma nova forma de fazer e promover o turismo.
DIÁRIO – É possível mensurar o quanto do bioma de Porto de Galinhas já perdeu com o impacto da exploração turística? E se o projeto tem força suficiente de impactar na força econômica que é o turismo ?
Não é possível mensurar exatamente o impacto do turismo. Mas o branqueamento de corais que ocorreu ano passado, por exemplo, impactou mais de 80% de uma das espécies presentes em Porto. A tendência é que nessa década os ambientes recifais sofram uma grande pressão, devido aos efeitos do aquecimento global associados a fatores locais, como no Brasil o derramamento de óleo, que ainda não entendemos direito suas consequências. Acredito que associar os pesquisadores, a comunidade e os turistas é o caminho com mais potencial para ajudar a manter os recifes de corais saudáveis. Só os pesquisadores não vão conseguir exercer as atividades necessárias para fomentar a preservação dos corais, com a escala demandada. E a comunidade local e os turistas precisam de orientação cientifica para executar as funções corretamente. Nesse sentido esperamos que a BioFábrica se transforme em um negócio de impacto, que ajude a fomentar a recuperação de ambientes naturais.