“Existe um baixo nível de investimentos e incentivos do setor público para o setor de turismo”
REDAÇÃO DO DIÁRIO
A exatos 30 dias para a realização do Congresso Nacional de Hoteis (Conotel) que acontece em Fortaleza, entre os dias 16 e 18 de maio, o DIÁRIO conversou com Manoel Linhares, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis para atualizar seus leitores sobre a economia hoteleira no país. Nesta entrevista, Linhares fala sobre o possível crescimento de número de americanos no Brasil com a emissão de visto eletrônico e adianta algumas novidades sobre o Conotel falando do significado que é realizar em sua terra natal, o Ceará, a 60ª versão do evento para hoteleiros. Acompanhe:
DIÁRIO – O senhor acredita que a emissão de visto eletrônico para facilitar a entrada no país, principalmente de norte americanos, pode aumentar o fluxo de turistas dos Estados Unidos para o Brasil?
Sem dúvida, já estamos percebendo os resultados dessa medida no aumento do fluxo de pessoas vindas desse importante emissor de turistas para o Brasil. Com os vistos eletrônicos já estamos recebendo 87% mais de americanos que antes. Canadenses e japoneses também foram beneficiados com o novo serviço. Sem dúvida, foi um avanço fundamental que esperamos, em breve, se estenda a outros países. Agora esperamos que esse benefício se estenda para a China, que de acordo com a OMT será o grande emissor de turista para o mundo.
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DIÁRIO – Como o senhor avalia o mercado hoteleiro no primeiro trimestre de 2018?
O mercado hoteleiro no Brasil está num processo de retomada do seu crescimento. Estamos otimistas, pois acreditamos que com as medidas que vem sendo adotadas e outras que estão em discussão teremos um avanço considerável no número de turistas no país nos próximos anos.
DIÁRIO – Entre os hoteleiros se fala em recuperação das taxas de ocupação mas da necessidade de recompor a diária média, que continua baixa de maneira geral. Quais os outros desafios da hotelaria?
Há muitos desafios que precisam ser encarados para estimular o setor de turismo e hotelaria brasileiro. A questão dos vistos eletrônicos está bem encaminhada, mas precisamos também melhorar nossa infraestrutura e a qualidade dos serviços agregados ao turismo, a divulgação de nossos destinos para o mercado interno e externo, atuar mais firmemente na questão da regulamentação das plataformas de reservas on-line, além de uma reformulação na carga tributária que, atualmente, onera excessivamente o setor.
Acredito que o principal problema seja o baixo nível de investimentos e incentivos do setor público para o setor de turismo, em todos os níveis: municipal, estadual e federal. O Brasil hoje recebe menos turistas que outros destinos com muito menos atrativos culturais e ecológicos, por exemplo. Precisamos divulgar melhor nossas atrações para que cada vez mais turistas venham ao país. O setor de turismo interage com outras áreas que não estão diretamente ligadas à atividade, como infraestrutura e qualificação de mão de obra, que também precisam ter mais atenção do poder público.
DIÁRIO – Manoel, quais são os preparativos para o 60º Conotel, em Fortaleza?
Estamos muito otimistas com o próximo Conotel/Equipotel 2018. Os dois eventos acontecerão em paralelo pela primeira vez, em Fortaleza, o que certamente, torna-se um grande atrativo. Além disso, nosso otimismo se justifica pelo trabalho de divulgação que temos feito com visitas às capitais do país, convocando empresários e profissionais do setor a participarem do evento, mostrando a importância de se promover um amplo debate sobre os caminhos que a hotelaria e o turismo deve tomar nos próximos anos. Para isso, teremos palestras, apresentações e discussões sobre diversos temas com profissionais de destaque na área, vindo de vários estados brasileiros, mas também de fora do país.
Estive em 20 capitais nesses últimos dois meses para lançar o Conotel e, também, visitei a grande maioria dos Sebraes´s desses estados. O que eu posso falar é que caravanas e missões empresariais estão sendo formadas por todo o Brasil, rumo a Fortaleza!
DIÁRIO – Fale desse momento em realizar um evento dessa magnitude na sua terra Fortaleza (Ceará), estando à frente da maior entidade de hotelaria da América Latina.
É a realização de um ideal. Acredito que a chegada de um evento desse porte numa capital nordestina trará muitos benefícios para região pois, a meta é estender as possibilidades para os empresários e profissionais do setor de hospedagem e gastronomia. Após três edições no Rio de Janeiro e seis em São Paulo, ter tornado o Congresso itinerante também será uma grande oportunidade para os profissionais do turismo conhecerem as transformações que a indústria do turismo vem realizando no país.
Essa rotatividade nos parece importante, pois, a cada edição, poderemos ampliar nossa visão de negócio com as particularidades de cada local. Em 2010, o 61º Conotel acontece em Goiânia e, para 2021 e 2022, já temos diversas candidatas a serem a cidade sede da 62ª e 63ª edições do Congresso Nacional de Hotéis – Conotel.