Com vitória de Lula, Brasil deve fortalecer relações com Argentina e França

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A vitória do ex-presidente Lula nas eleições presidenciais do último domingo representará, sem dúvidas, uma nova mudança na postura do Brasil frente ao comércio internacional. Desde o último ano em que governou o país, em 2010, há 12 anos, muitas mudanças aconteceram no ambiente externo, com o Brasil deixando em segundo plano relações com parceiros históricos e fortalecendo acordos com outras nações em outras partes do mundo.

Por Leonardo Baltieri – co-founder da Vixtra, fintech de comércio exterior

Agora, com a chegada do petista ao Palácio do Planalto, espera-se que a América Latina, com o Mercosul no centro, volte a ganhar protagonismo nas relações bilaterais brasileiras. Entretanto, as mudanças devem afetar diversos mercados em vários continentes, com exceção de Estados Unidos e China, que devem seguir como os principais parceiros comerciais do Brasil.

De imediato, espera-se um retorno do fortalecimento das relações com países mais alinhados à esquerda, em especial a Argentina, que historicamente foi um grande parceiro comercial. Considerando o primeiro e segundo mandato do governo Lula, o país representava o 3º maior parceiro em volume de importação do Brasil. Sob o governo Bolsonaro, o país caiu para a 4ª posição. Em termos percentuais, esse enfraquecimento é ainda mais claro. Nos mandatos do petista, a Argentina representava 8.3% do total das importações, caindo para 5.3% no governo atual.

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Outro país em que as relações comerciais devem ser fortalecidas no governo Lula é a França. Os franceses ocupavam a 8ª posição nas relações comerciais de importação durante o governo Lula e passaram para a 10ª no governo Bolsonaro. Com relação à exportação brasileira, a França ocupava o 14º lugar durante o governo Lula, com 2% do volume total, caindo para a 21ª posição no governo atual, com 1% do volume total.

Ainda sobre a nação europeia, quando se analisa o volume médio mensal do comércio total entre os dois países, houve um incremento de apenas 17% entre o período do governo Lula (USD 500 MM) com o do governo Bolsonaro (USD 600 MM). Para efeito de comparação, entre esses dois períodos, o volume de comércio com a China cresceu quase 400%, saltando de aproximadamente USD 2 bilhões para USD 10 bilhões.

Em relação aos Estados Unidos e à China, não devemos ter mudanças significativas. Principais parceiros comerciais do Brasil, ambos devem seguir no posto. No caso da China, é possível ainda que haja um alinhamento maior entre os governos, uma vez que há uma complementaridade das cadeias de fabricação entre os dois países. Tanto em termos de exportação como importação, a China deve continuar sendo o país com maior volume, e produtos como equipamentos de telecomunicações, válvulas e outros manufaturados devem seguir entre as principais importações.

Por fim, a vitória de Lula significa, certamente, um fortalecimento das relações comerciais com os parceiros históricos do Brasil, mas o petista terá grandes desafios para enfrentar. A começar pela restauração das relações bilaterais com os países com os quais se distanciou, fortalecimento do Mercosul e acordo de livre comércio com a União Europeia.


Por Leonardo Baltieri –  co-founder da Vixtra, fintech de comércio exterior

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