Por Paulo Atzingen (De Belém)
O colar de muiraquitãs que enfeita o dorso da mulher da capital paraense lembra as ilhas que contornam a cidade: Cotijuba, Jutuba, Paquetá, Ilha Nova, Urubuoca, Ilha Longa e mais duas dezenas de ilhotas verdes.
Um desses muiraquitãs é a ilha de Cotijuba que fica a 45 minutos de barco saindo do Porto de Icoaraci, um dos distritos da cidade das mangueiras.
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“Só Cotijuba chega a receber mais de 150 mil visitantes* em feriados prolongados”, afirma Celeste Ferreira, administradora do arquipélago fluvial. Segundo ela, os turistas distribuem-se por 11 praias cada uma mais bela que a outra. As mais visitadas são Praia do Farol, Praia Funda, Flexeira e Vai quem Quer.
A economia da ilha sustenta-se basicamente da pesca, agricultura subsistência, fruticultura e turismo, muito turismo. O símbolo (duvidoso) de desenvolvimento das cidades brasileiras aqui não tem vez: o carro é proibido. Só trafegam no território dois automóveis (o da Polícia Militar e o da Secretaria de Saúde e cerca de 20 motocicletas fazem o serviço de moto-taxi. O que impera mesmo é a charrete e o trator que puxa os vagões de passageiros (carinhosamente chamados de trenzinho).
Desde 1990, através de Lei Municipal, a Ilha de Cotijuba foi transformada em Área de Proteção Ambiental, fato que obriga a preservação de seus ecossistemas.
Fábrica de Gelo diminui gastos dos pescadores
Inaugurada em dezembro de 2015, a fábrica de gelo Vitória, é, sem redundância, uma conquista dos moradores, e, principalmente, dos pescadores de Cotijuba.
“Essas ilhas dependem exclusivamente de Cotijuba. A chegada da fábrica de gelo tem melhorado muito a qualidade de vida das pessoas”, explica Cesar Nogueira, presidente da cooperativa de agricultores e de pescadores de Cotijuba. “Para se ter uma ideia, conservar o peixe no gelo ao invés de salgá-lo diminui o índice de pessoas com problemas cardíacos”, ensina Nogueira, ex-presidente da associação de moradores da ilha e há mais de 30 anos residente na região.
Ampliação – Com investimentos de 1.6 milhão (uma parceria do Banco Mundial e Governo do Estado), a fábrica de gelo pode produzir até 30 toneladas/dia de gelo, com capacidade de estocagem de até 200 toneladas. “Já fornecemos para o Marajó. Pescadores de Ponta de Pedras e Cachoeira do Arari, por exemplo, vêm buscar gelo aqui”, revela.
Com alta demanda, o presidente fala que será necessário – a curto-prazo – novos investimentos para a ampliação da estrutura.
Peixe mais barato na mesa do turista
“Nosso objetivo é tirar o pescador da mão do atravessador. Que ele possa com o nosso apoio vender seu produto e a um preço mais justo”, completa Nogueira que lembra: “Com isso, a comunidade toda ganha e o peixe chegará mais barato na mesa do turista”, arrisca.
Praia do Vai quem Quer
A propaganda boca-a-boca é o principal marketing de Laércio Souza Bahia (o Jacaré), dono do restaurante Jacarezinho, localizado na praia do Vai quem Quer, em Cotijuba.
Radicado há 24 anos na praia mais extrema da ilha, Jacaré não conseguiu se esconder. A cada ano sua clientela aumenta ainda mais. “O público que vem para o Vai Quem Quer é mais selecionado e quando vem gasta mesmo. A crise não afetou o nosso movimento”, afirma o pequeno empresário.
“Temos muitos turistas estrangeiros que vêm a Belém e fazem questão de darem uma esticada para cá”, lembra Jacaré apontando para a pequena pousada “Nosso Cantinho”, que possui 50 aptos simples. “Tudo o que o gringo e gosta é a simplicidade”, afirma Laércio.
Pouca Variedade – Com 60 jogos de mesa, o restaurante Jacarezinho pode receber até 200 pessoas simultaneamente. “Foi até agora nossa locação máxima e não queremos crescer mais, pois é a proposta da llha não aponta para o crescimento só pelo capital. Defendemos a sustentabilidade”, ensina Jacaré com uma pitada de sabedoria.
Com pouca variedade no cardápio, o restaurante Jacarezinho tem como carro-chefe o Filé de Dourada a um preço convidativo: R$ 20 reais.
Principais Pousadas em Cotijuba
Pousada Quarto Crescente
Pousada Rios
Pousada Matapi
Hotel Nosso Cantinho
Pousada Sol & Lua
Pousada Fama
Cotijuba – como ir?
O acesso à ilha de Cotijuba é possível por meio de embarcações que saem do trapiche de Icoaraci, em Belém. A travessia demora cerca de 45 minutos, sendo que os barcos partem depois das 7 horas da manhã, de hora em hora.
Tarifa: R$ 5,00
Barco da Prefeitura Municipal de Belém:
Saída de Icoaraci: 9h
Retorno: 17 Horas
Tarifa: R$ 1,50
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* O jornalista Paulo Atzingen viajou a Belém do Pará com seguro GTA
Parabéns ao Diário do Turismo pela ótima reportagem da ilha de Cotijuba. Seus costumes e Paisagens encantadoras.