CVC: a poderosa que comprou a melhor ficou obesa ou musculosa?

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CONSELHO EDITORIAL DO DIÁRIO

Uma das maiores e melhores sacadas do mercado do turismo em 2014 foi a operadora CVC comprar 51% das ações do grupo Rextur/Advance por 228 milhões de reais. A CVC, que já era grande, estende ainda mais seus tentáculos comerciais tendo agora à sua disposição dezenas de companhias aéreas para ampliar seus pacotes agora nos domínios internacionais.

A CVC sempre teve pensamento de gigante. Começou vendendo turismo rodoviário e diárias de hotéis e negociando diretamente com a rede hoteleira. Se aproximou de companhias aéreas como a GOL e a TAM como forma de dar vazão aos seus produtos. Tentou até por meio da aquisição da WEBJET (em 2007) suprir a demanda de suas vendas, mas a empresa aérea era pequena, tinha poucos aviões e o plano não deu certo, já que o custo em manter uma aérea sempre foi alto e ela não era especialista.

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A CVC como empresa especialista em varejo – com lojas espalhadas em shoppings e cidades de até 100 mil habitantes, sempre dependeu das companhias aéreas para fazer a complementação dos seus pacotes e se valer de acordos com as aéreas nacionais.

Com a aquisição da maior parte da consolidadora, especializada em vendas de passagens aéreas internacionais, a CVC se beneficiará dos inúmeros contratos com outras companhias aéreas, fazendo com que a operadora não dependa unicamente da TAM e aumente seu poder de fogo contra a TAM Viagens. Além disso, a CVC agora ficou com uma moeda forte para discutir tarifas com os chilenos (Leia-se LATAM).
Os próprios chilenos não terão interesse em cortar relações com a CVC, que engordou.  Agora a discussão na mesa é outra.

ACOMODAÇÕES DE MERCADO

Essas compras e vendas, aquisições e fusões são acomodações de mercado em que o grande contrata o pequeno e este  fica maior do que tinha imaginado. E o mercado consumidor continua comprando. Quem quer continuar comprando facilidades, sem dar bola para o agente de viagens vai direto na CVC. Aliás esse assunto é muito sério para a classe dos agentes de viagens, que ainda não viu uma saída e não está se reorganizando. Com a palavra, a Abav.

Essas mexidas no jogo de xadrez do mercado fazem com que outros acordem e se mexam. A CVC jogou a bola para o meio de campo e o que vai acontecer? A consolidação que tem players como a Flytour, a Esfera, a GapNet , a Ancoradouro, entre outras, que não possuem tanta bala na agulha terão que se reinventar, será que vêm aí mais fusões?

Quer competir com o gigante basta se mexer e ter criatividade, quem não é o maior tem que ser melhor, diz o ditado.

A CVC sempre precisou um lado com bastante musculatura que forçosamente a consolidação sempre teve. A consolidação, por ser só repassadora do aéreo precisa se reinventar e buscar maior amplitude diversificando a linha de produtos e atuação. E com esses anos todos aí de janela o que aconteceu? Acomodaram?

Crescer no mercado brasileiro é algo totalmente diferente de outros mercados. Em toda a América Latina as agências mayoristas vendem tudo. No Brasil não, o operador vende pacote, hotel, carro e a consolidação vende o aéreo e corporativo segue sua linha específica.

O que virá nos próximos lances, quem vai responder primeiro? A CVC já era grande e vai ficar maior e mais garantida. O mercado não mudará? As operadoras menores vão falir? A OTA’s seguirão vendendo e recebendo a demanda reprimida?

Duas coisas são certas: as operadoras deverão ter mais planejamento, reinventar novas formas de vendas, fazer novas aquisições e promover acordos. E a CVC que já era grande  ficou ainda maior. Resta saber se de gordura ou de músculos.

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